Espetáculo adulto que foi sucesso de crítica e público na temporada 2010, volta a cartaz nos palcos da Cidade Imperial para única apresentação no próximo sábado, dia 07 de maio às 19h.
A apresentação é baseada em materiais reunidos pela Mestre em Teatro e Doutora em Antropologia Adriana Schneider, ao longo de 14 anos de pesquisa de campo na Zona da Mata pernambucana sobre o mamulengo e o cavalo-marinho.
A dramaturgia é construída a partir de depoimentos reais de brincantes da Zona da Mata, em especial do mamulengueiro, barbeiro e cantador de romances, Severino da Cocada.
“No encontro com Severino da Cocada, em agosto de 1999, ele abriu numa página em branco de sua caderneta, onde anotava as dívidas dos fregueses da barbearia, adotou uma postura épica com o dedo em triste e, lendo nas páginas vazias, pôs-se a cantar durante 16 minutos, sem parar e de memória. A leitura era “O romance da princesa do reino do mar sem fim”, de Severino Borges da Silva, grande poeta popular e violeiro de cantoria, de Timbaúba, falecido em 1991”, relembra Adriana.
“Diante de meu espanto com sua incrível apresentação, Severino da Cocada disse que aprendeu a cantar porque tinha sido vendedor de folhetos de cordel em feiras do Nordeste. Desde então, eu tive certeza de que precisava realizar um espetáculo sobre esse encontro, sobre a Zona da Mata, que digerisse, sem a ritualística científica, todos esses anos de trabalho”, destaca Schneider.
O cordel traz a fabulosa história da princesa Elizabete, filha do rei do Mar Sem Fim, que se livra de um encanto graças ao heroísmo do valente Adriano. O épico da história remete a textos clássicos, como “A Odisséia”, de Homero. A literatura de cordel tem a característica de se originar na oralidade, percorre o caminho entre a fala e a escritura, entre o evento, o improviso e um momento de elaboração.
O Reino do Mar Sem Fim principia com Severino da Cocada contando a sua história e falando da sua relação com as brincadeiras populares da Zona da Mata, que até hoje acontecem no Nordeste. A dureza do trabalho na cana-de-açúcar é desaguado em farto manancial de imaginação. A construção da cena envolve diversos elementos de animação, bonecos, objetos e imagens.
Gente como a retratada vai estar representada em cena também através de fotos. É que as imagens registradas por Adriana Schneider ao longo das pesquisas foram emoldurados como se fossem fotos antigas e servem de objetos de cena no cenário.
A apresentação oferece uma possibilidade de confronto entre o olhar que se dirige para a cultura popular e as formas de apreensão contemporâneas. A peça é uma espécie de tributo à riqueza da cultura da população nacional e tem como fio condutor a história do brincante pernambucano.
A realização de O Reino do Mar Sem Fim conta com a consultoria de Miguel Vellinho, estudioso e encenador premiado no teatro de animação que preparou os atores para manipular três mamulengos e um boneco da rara técnica de origem japonesa kuruma ningyo, além de, emprestar vida a objetos animados que pontuam a montagem e iluminação de Luiz André Alvim.
Kiko Horta, um dos integrantes do Cordão do Boitatá, assina a direção musical, que evoca uma riqueza de matizes sonoros com ritmos que vão desde aqueles da Zona da Mata pernambucana – utilizando instrumentos como o marimbal, espécie de berimbau tocado no colo do músico – até ambiente de fábula. A trilha, toda gravada em estúdio com Kiko e outros sete músicos, alia instrumentos sinfônicos, oboé, tromba, marimbau, com guitarra, piano, baixo, flautas, sax, trompa, bateria e sanfona.
Em cena estão Marina Bezze, Helena Stewart, Diogo Magalhães e Adriana Schneider, que além de encenarem, tocam instrumentos em cena. A encenação reúne momentos de rara beleza com uma vigorosa e divertida interpretação dos atores, que se revezam por vários personagens.
A apresentação é uma grande comemoração pelos 10 anos de trajetória do Grupo Pedras e conta com o patrocínio da Eletrobrás, Prefeitura do Rio de Janeiro (Fate) e Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro.
A censura da apresentação é de 10 anos, o Theatro Dom Pedro fica localizado à Praça Expedicionários, s/n° - Centro, Petrópolis – RJ e possui capacidade de 510 lugares. Os ingressos para a apresentação já estão a venda na bilheteria do Theatro, sendo R$ 10,00 (dez reais) a inteira e R$ 5,00 (cinco reais) a meia entrada voltada a estudantes, idosos e deficientes físicos.
GRUPO PEDRAS
Criado em 2001, no Rio de Janeiro, o Grupo Pedras é formado pelos atores: Adriana Schneider, Ana Paula Secco, Diogo Magalhães, Georgiana Góes, Helena Stewart, Luiz André Alvim, Marina Bezze e o cenógrafo /cenotécnico Marcos Feio. Mas que também são diretores, escritores, iluminadores, figurinistas e pesquisadores, gente de teatro aprendido nas coxias, interessada em todos os meandros dessa arte. Desde a sua criação, o grupo investiga a arte do ator, a partir de desejos e treinamentos diversos: a utilização de máscaras; a experimentação de jogos teatrais; a vivência de expressões populares brasileiras.
O Grupo Pedras é um inquieto carpinteiro de dramaturgias inéditas fundamentadas no ator-criador, em que cultiva-se a relação ator-espectador através da utilização lúdica do espaço cênico. Os espetáculos, RESTIN (2002), O MURO (2004), MANGIARE (2007) e O REINO DO MAR SEM FIM (2010) são as nossas descobertas, a possibilidade de aprender a trilhar um caminho de liberdade.
No Grupo Pedras, o caminho da criação da cena e da dramaturgia acontecem juntas na sala de trabalho, num intenso, conflitivo e criativo processo de colaboração de todos aqueles que embarcam no projeto da vez. São muitas idas e vindas, muitas negociações, achados e desapegos, onde a única certeza é a confiança no tempo, no próprio teatro. A cena teatral é implacável. É ela quem dita. Para ela se voltam todas as escutas e reverências.
O processo colaborativo coletivo, expressão quase redundante, ainda é mal compreendido pela gente de teatro, muitas vezes pensado como uma prática de experimentação ingênua. Quando, na verdade, o que está em jogo é a confluência de todas as autorias submetidas à cena. Por isso não sabemos e não queremos fazer de outra maneira. Nos espetáculos do grupo, as funções de cada um estão sempre claras, e cuidadosamente respeitadas, mas as decisões são dialogadas permanentemente numa trabalhosa, exaustiva e, às vezes, angustiada construção.
Aqui o sacrifício perde seu sentido doloroso e revive seu significado de ofício sagrado. No teatro que acreditamos, a sala de trabalho é o espaço onde tudo é gestado e enfrentado. Para estar ali, é preciso ser inteiro, é preciso desejar a obra, é preciso cultivar o amor da paciência, assim as ideias não caem do céu, florescem, dão frutos.
Entre a escrita de projetos, concepções de cena, treinamentos corporais, ideias dramatúrgicas e muita comida, vamos recriando e aprendendo o melhor modo de gestão, aquele possível a este grupo que se fortalece e se estrutura a cada montagem. Reconhecemos na pluralidade, no jogo, na brincadeira, o encontro com a linguagem que permeia nosso repertório, que nos define.
SERVIÇO:
O Reino do Mar Sem Fim
Data: 07/05/2011 - Sábado
Horário: 19h
Local: Theatro Dom Pedro
Praça Expedicionários, s/n°
Centro, Petrópolis – RJ
Telefone: (24) 2235-3833
Capacidade: 500 lugares
Classificação: 10 anos
Duração: 1h10
Ingressos: Inteira: R$ 10,00 – ½ entrada: R$ 5,00
Realização: Grupo Pedras
Direção: concepção e pesquisa: Adriana Schneider
Direção musical e músicas originais: Kiko Horta
Elenco: Marina Bezze, Helena Stewart, Diogo Magalhães e Adriana Schneider
Patrocínio: Eletrobrás, Prefeitura do Rio de Janeiro/ Cultura e Fate, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Secretaria de Estado de Cultura.
Apoio: Prefeitura Municipal de Petrópolis, Fundação de Cultura e Turismo e Theatro Dom Pedro.
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