O nome desperta curiosidade. E essa é a intenção do autor do texto de “Obituário Ideal”, espetáculo teatral que será encenado nesta sexta-feira, 24 de agosto, às 20h, no Theatro Dom Pedro, em Petrópolis, como parte da programação do SESI Cultural. Com Maria Maya e Rodrigo Nogueira no elenco, a peça provoca um questionamento: até que ponto a banalização da violência não anestesia as emoções das pessoas no dia a dia? Os ingressos já estão à venda na bilheteria do teatro e custam R$ 15.

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ator formado pelo Centro de Artes de Laranjeiras (CAL), o autor Rodrigo Nogueira mistura realidade e ficção. Autor de 10 peças, ele, que também atuou em dezessete produções de teatro e três longa metragens, usa exemplos práticos do cotidiano para mostrar o que mudou. “A história gira em torno de um casal que, anestesiado pela banalização da violência do dia a dia e na mídia, passa a ir a enterros de desconhecidos para chorar. Através do choro, eles voltam a entrar em contato com seus sentimentos. Com o tempo, passam a procurar enterros que choquem cada vez mais. E se perguntam: qual seria o obituário ideal?”, revela o autor.

E foi a percepção da dura realidade do dia-a-dia que motivou a montagem da peça. Manchetes em jornais relatando barbaridades são cada vez mais comuns. Tão comuns que, para muitos, tornam-se normais. “A verdade é que as datas mudam, os lugares mudam, mas as manchetes dos jornais parecem se repetir. E começam a se tornar normais. Ficam normais. Por isso questionamos essa mudança nos sentimentos das pessoas”, justifica Rodrigo. 

Na história, o casal em questão de pouco mais de 30 anos. Ela é enfermeira e Ele, professor de matemática. Indo a enterros de desconhecidos, eles voltam a entrar em contato com seus sentimentos e redescobrem o amor que sentem um pelo outro.

Eles observam, então, que quanto mais grave é o choro, mais forte é a dor. E, por consequência, mais profundo o amor. Com o tempo, eles passam a procurar enterros que choquem cada vez mais: “enterro de velho não emociona”, “morte natural não faz mais chorar”, “velório de rico é muito frio”, dizem eles.




Parceria que se repete

Maria Maya e Rodrigo Nogueira repetem a parceria de ”Play” vivendo o casal em questão. Um casal que, apesar de toda excentricidade que a trama evoca, busca algo muito simples: poder se amar. Com muito humor e alguma crítica, o texto Nogueira (indicado ao prêmio Shell de melhor autor por “Play” e vencedor do prêmio APTR por “Ponto de Fuga”) questiona até onde podemos ir na busca pela felicidade.

Apesar do tema aparente espinhoso, “Obituário Ideal” é uma comédia. Com orientação de João Fonseca e Bel Garcia, Rodrigo Nogueira pretende abrir cada vez mais o processo (já que está nele como autor, ator e diretor, ao lado de Thiare Maia).

Mesclando uma história intrigante e engraçada a críticas sobre violência urbana e a busca pela felicidade, a peça pretende ser ao mesmo tempo um espetáculo divertido para quem assiste e uma obra que provoque reflexão sobre cada um de nós, em nosso tempo.

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