Musical de João Falcão será
montado no sábado (23/3)
Como em qualquer história de
homem que vira mito, a vida de Luiz Gonzaga tem passagens em que as versões de
seus biógrafos não batem, em que realidade e fantasia se confundem. Desde que
foi convidado, há dois anos, para criar um musical sobre o Rei do Baião, o
autor e diretor João Falcão se sentiu livre para tratar mais do mito do que do
homem. O resultado é “Gonzagão – A lenda”, espetáculo que terá única
apresentação em 23 de março, às 21h, no Sesc Quitandinha. Criada para
homenagear o centenário do artista, a peça estreou em 2012, no Rio, e foi
sucesso de público e crítica, tendo sua temporada carioca prorrogada até
janeiro de 2013.
“É a história de Luiz Gonzaga,
mas não é Wikipédia”, diz João Falcão, que evitou qualquer didatismo na
construção do texto, embora tenha lido vários livros sobre um dos artistas mais
importantes da música brasileira, morto em 2 de agosto de 1989 e cujo
centenário de nascimento se completou no dia 13 de dezembro do ano passado.
A opção por uma abordagem
teatral, não enciclopédica, fica explícita logo no início da peça, quando uma
trupe se apresenta para contar a “lenda do Rei Luiz”. Os atores desta trupe
anunciam que encenarão uma história iniciada “no sertão do Araripe lá pelos
idos do século XX”. “Eles estão no futuro, mas tudo é meio arcaico. Não se
localiza a época”, diz João.
A atemporalidade vem
acompanhada de uma proposital imprecisão espacial. Mas é claro que as
referências são maciçamente nordestinas, sobretudo pernambucanas. Luiz Gonzaga
nasceu no município de Exu, de onde saiu aos 17 anos para ganhar o mundo. João
Falcão também é de Pernambuco, da cidade de São Lourenço da Mata, onde vivia
numa usina de cana de açúcar, a Tiuma.
A trupe da peça é
formada por oito homens (Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Eduardo Rios, Fabio
Enriquez, Marcelo Mimoso, Paulo de Melo, Renato Luciano, Ricca de Barros, todos
se revezando nos vários papéis, inclusive no de Gonzaga) e apenas uma mulher,
Laila Garin.
Na história, João se permitiu
rebatizar duas mulheres importantes da vida do músico, Nazarena (o primeiro
grande amor) e Odaléa (a mãe de Gonzaguinha, de quem Gonzagão assumiu a
paternidade, embora fosse estéril, e deu para um casal criar) como Rosinha e
Morena, respectivamente, nomes que aparecem em músicas do compositor. E ainda
se permitiu criar um encontro que nunca aconteceu: Luiz Gonzaga e Lampião, dois
mitos nordestinos.
Também há espaço,
naturalmente, para se falar da originalidade de Gonzaga, um artista que, a
partir dos ensinamentos de seu pai, Januário, criou em sua sanfona um gênero, o
baião, e o transformou em sucesso e patrimônio nacionais. “Ele não só levou o
baião para o Brasil inteiro, mas trouxe as linguagens do Nordeste para a sua
obra”, ressalta João.
Dentre as mais de 50 canções
que estão na peça, há sucessos como “Cintura fina”, “O xote das meninas”, “Qui
nem jiló”, “Baião”, “Pau-de-arara” e sua mais célebre criação, “Asa branca”. De
acordo com a linha não dogmática de todo o espetáculo, o diretor musical
Alexandre Elias não ficou preso à estrutura básica do forró, que é
sanfona-triângulo-zabumba. No conjunto de quatro instrumentistas que atua no
palco, há, além do sanfoneiro (Rafael Meninão) e do percussionista (Rick De La
Torre), um violoncelista (Hudson Lima) e um rabequeiro e violeiro (Beto Lemos),
que chega a tocar viola de 10 cordas como se estivesse tocando guitarra.
LISTA GERAL – MÚSICAS
"Oia eu aqui de novo"
"A volta da asa branca"
"Suplica Cearense"
"Vira e Mexe" + "Xamego"
"Asa Branca"
"Quem nem jiló"
"Assum preto"
"Respeita Januário"
"Pau de arara"
"Xote das Meninas"
"ABC do sertão"
"17 e 700"
"Vozes da seca"
"A feira de Caruaru"
"A morte do Vaqueiro"
"A triste partida"
"Samarica Parteira"
"Paraíba"
"PARAIBA" em Japonês - Ikuta
"Janio quadro"
"Sanfoninha Choradeir"
"Foro numero 1"
"Pouca diferença"
"Vida do Viajante"
"Baião"
"Cintura fina"
"Olha pro ceu"
"Vem Morena"
"Apologia ao jumento"
"Danado de bom"
"Pagode Russo"
"Nem se despediu de mim"
"Juazeiro"
"Boiadeiro"
"No Ceara não tem disso não"
"Dança da moda"
"Cacimba nova"
"Imbalaça"
"Riacho do navio"
"Sabiá"
"O ultimo pau de arara"
"Meu pé de serra"
"Sanfona dourada"
"Adeus Pernambuco"
"Romance matuto"
"Toca pai"
"O lampião falou"
"Toque de rancho"
"Pra que mais mulher"
"Mulher de hoje"
"Ana Rosa"
FICHA TÉCNICA
Texto e direção: João Falcão
Elenco: Apresentando – Marcelo Mimoso Atriz Convidada –
Laila Garin e
Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Eduardo Rios, Fabio
Enriquez, Paulo de Melo, Renato Luciano e Ricca de Barros Músicos: Beto Lemos –
Viola e Rabeca Hudson Lima – Cello Rick De La Torre – Percussão Rafael Meninão
/ Marcelo Guerini – Acordeon
Direção musical: Alexandre Elias
Direção de movimento: Duda Maia
Direção de produção e Idealização: Andréa Alves
Cenografia e adereços: Sergio Marimba
Figurinos: Kika Lopes
Iluminação: Renato Machado
Preparação vocal: Carol Futuro
Produção executiva: Regiane Sobral e Thalita Mendes
Produção e Realização: Sarau Agência de Cultura
Brasileira
SERVIÇO
Peça “Gonzagão – A lenda”
Sesc Quitandinha: Av. Joaquim Rolla, 2. Tel.: (24)
2245-2020
23/3, 21h
Ingressos: R$ 4 (associados Sesc Rio), R$ 8 (estudantes,
maiores de 60 anos e jovens de até 21 anos), R$ 16
Duração: 120 minutos
Classificação: 12 anos
Capacidade: 1.100 lugares
FONTE: Assessoria
FOTO: Divulgação/Silvana Marques.
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