por Anna Paula Di Cicco
Em terra que residiu Princesa Isabel, mulheres fortes é o que não há de faltar. E no mês delas, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher - 8 de março - escolhemos a dedo três personalidades da Cidade Imperial que vão desvendar como lidam com seus desafios, vida profissional e tarefas cotidianas. Thaís Ferreira, presidente da Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis, Christiane Michelin, presidente da Academia Petropolitana de Letras e a cantora Kika Notini nos fazem questionar: serão as mulheres, ainda, o sexo frágil?


CULTURA
A petropolitana Thaís Ferreira, 35 anos, é jornalista, estudou música e foi bailarina. Hoje, à frente da FCTP, atua nos projetos culturais da cidade. Thaís aponta que apesar de contar com uma equipe dedicada, muitos desafios precisam ser enfrentados.
"O desafio maior é conciliar as expectativas da população e dos segmentos ligados à cultura e turismo com a capacidade executora da instituição. A burocracia também é muito grande. Então é preciso habilidade, energia e dedicação", comenta.
Com espírito inovador, além do Bunkasai, Festa Indiana e Festa da Cultura Afro-Brasileira, Thaís promete mais novidades para 2015. "Estamos planejando uma festa literária, uma festa junina mais robusta e uma festa da cultura cervejeira", ressalta.
Apesar do envolvimento com a profissão, seu lado feminino aponta que ainda há preconceito no mercado de trabalho em relação às mulheres. "Há diferenças salariais, 'certezas' que por serem mulheres não conseguirão atingir os mesmos resultados que os homens, desrespeito e assédios de diversas naturezas", diz Thaís. Mas ela é otimista em relação ao assunto.
"Nós mulheres, pela força de nossas ancestrais, já conseguimos trilhar um caminho. Ainda há trabalho a fazer. Precisamos ser, formar e educar seres capazes de respeitar o outro, reconhecer e aceitar as diferenças e valorizar os potenciais masculino e feminino, que estão dentro de cada um de nós, com diferentes intensidades", reflete.


LITERATURA
Ela é presidente da Academia Petropolitana de Letras, escritora, tem um jornal voltado para o mundo pet (Pet News), assina colunas no Diário de Petrópolis, no Jornal de Petrópolis e na APL, além de dois outros jornais e escreve os Guias de Gastronomia, Hospedagem e Lazer da Região Serrana. Ufa! Com jeito de menina, Christiane Michelin chega aos 55 anos com louvor e conta que ainda cuida de casa, da saúde e da beleza. "Acho que nós, mulheres, já nascemos com um 'chip' extra, o que nos possibilita dar conta de tantas coisas".
Formada em letras e jornalismo, ela relata que sempre foi incentivada pela família. Filha de um escritor e uma crítica literária, ela diz que seu pai - Fernando Magno - começou a escrever quando ela ainda tinha 7 anos. A partir de então sua casa passou a respirar literatura. "Aconteciam saraus na casa de meus pais quase todos os finais de semana e a literatura fazia parte do meu cotidiano", lembra.
Sobre a condição da mulher hoje, Christiane afirma que apesar das conquistas femininas, ainda existem traços de preconceito, especialmente em determinados setores onde o homem, até pouco tempo, era quem liderava. Mas, segundo ela, quando a mulher se impõe, consegue mudar este cenário.
"Que continuemos a mostrar nosso talento, nossa verve empreendedora, nossas vocações sem, todavia, 'descer do salto'. Já que nos foi dada a capacidade de sermos muitas sendo apenas uma, façamos disso um trunfo a nosso favor", conclui.


MÚSICA
Dona de uma voz apaixonante, essa pequena mulher vira gigante quando sobe ao palco. Ela não é de Petrópolis, mas faz parte de seus encantos há 13 anos, quando escolheu a Cidade Imperial pra morar. Kika Notini, mineira de BH, ariana, cantora, produtora cultural e publicitária, desde 2006 se apresenta como vocalista do Trio Dubrá e se destaca no cenário musical com suas interpretações que vão de Clara Nunes a Cássia Eller.
Mas apesar dessas das grandes figuras citadas, Kika aponta sua mãe como a maior inspiração. “Ela é referência em tudo para mim. Mulher guerreira, forte, batalhadora, de uma honestidade sem tamanho. São nos exemplos dela que me baseio para ser quem eu sou”, aponta.
Apesar da notoriedade do Trio Dubrá e de seus projetos solos, Kika relata as dificuldades da carreira. "É muito difícil ser músico, artista, em qualquer lugar. Em Petrópolis não é diferente. Ao longo dos anos a classe musical vem se unindo para mudar isso e acho que os espaços estão aumentando. É preciso enxergar a música com sua beleza, mas como forma de trabalho", comenta.

Sobre a mulher na sociedade, Kika é mais otimista. “Na minha opinião, há muito tempo e, claro, com muita luta, as mulheres ganharam seu espaço na sociedade. Ainda enfrentam dificuldades, mas os maiores paradigmas já foram enfrentados”, finaliza Kika, que completa – também neste mês – 32 primaveras. 

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