Vem
despertando entusiasmo a exposição de José Filho na Galeria Van Dijk, do Centro
de Cultura Raul de Leoni. Robôs, motocicletas, bicicletas, aviões e
helicópteros; objetos como mesas, castiçais, porta-retrato; reproduções
de guitarras, piano ou figuras de inesperada leveza, como uma bailarina, uma
borboleta e outros animais, que compõem a mostra “Nada se Perde, Tudo se
Recicla”, surpreendem os visitantes, pela criatividade, perfeição na montagem e
beleza, em contraste com os materiais brutos com que são esculturados. São
criados a partir de peças descartadas de bicicletas e de máquinas diversas,
como motores de automóveis, motos, cortadores de grama ou lavadora, além de
torneiras velhas, sifão, ferramentas, telas e o que mais cair nas mãos do
artista em termos de peças metálicas. Elas são unidas com solda elétrica ou
solda Oxigênio, e muita criatividade. Adultos e crianças se igualam na
admiração diante das 53 peças expostas.
“Eu amei”, exclamou o menino Gabriel Maia de
Souza, de 6 anos, que visitou as exposições do Centro de Cultura no último fim
de semana, em companhia da mãe, Juliana, e do irmão de 10 anos, Gustavo. “É
muito maneiro, não tenho palavras para falar”, afirma Gabriel. Para Gustavo,
valeu até performance: pouco depois de entrar, ele fez o gesto de levantar o
queixo com a mão para fechar a boca. “É muuuito maravilhoso”, disse. A mãe
esclarece que leva os garotos ao Centro de Cultura todos os sábados, para
trocarem, na Biblioteca Gabriela Mistral, o livro que retiram para ler. “Nessa
idade, é sempre bom a gente estimular as crianças em relação à Cultura”, lembra
Juliana. E acrescenta: “a gente sempre aproveita para ver as exposições que são
abertas nas galerias, a cada mês. Mas a esta vamos voltar, com certeza.
Independente da vontade deles, que vão querer isso, eu também quero ver de
novo. É um trabalho diferente, já tinham me informado sobre ele, mas não sabia
que ia ser tão impactante!”
O ARTISTA
Esta
é a primeira exposição do artista, que começou a criar suas peças há cerca de
quatro
anos. Dono de uma oficina de estofamento automotivo, José Filho do
Nascimento estava acostumado a observar as peças dos veículos. A
inspiração para a arte veio de uma viagem à Argentina, onde se encantou com uma
miniatura de moto feita de sucata. “Quis comprar, mas custava R$ 1.200 reais!
Então me prometi construir uma para mim.”
Promessa
cumprida, nasceu a primeira moto e o artista não conseguiu mais parar. Na
exposição estão presentes 22 delas, de todos os tamanhos e formas. “Não tem uma
única igual à outra”, ele ressalta. Das motos, foi passando a outros objetos.
Ele começou a colecionar peças descartadas por outras oficinas, a pedir para os
conhecidos e às vezes, até a recuperar alguma que vê no lixo. “Minha oficina de
estofador parece até um ferro-velho”, diverte-se. “Sou muito detalhista, quando
acho necessário vou substituindo nos trabalhos uma peça por outra que fique
mais harmônica. Às vezes demora, como este cachorro que está aqui. Não
encontrei a solução final, está meio indefinido. Mas ainda vou descobrir.”
Nem
todas as peças que produz ele vende. “Eu me apego a elas, tenho muita
dificuldade de me separar do que produzo. Mas sou obrigado a me desapegar de
muitas, porque não tenho como manter tudo em minha casa.” Das que estão
catalogadas para venda na exposição, há preços desde R$50,00 (um castiçal) a R$
1.000, preço cobrado por uma mesa lateral com tampo de vidro e pé central, com
um design de surpreendente leveza.
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