Cena do 1º ato da peça "O
Casamento da Bruxa". Na cena: Cristina Buturini, Etel Martins,
Yvone Gomes, Alcides Carnevalli e J. Eloy Santos.
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Etel
Martins, simplesmente Etel, como a chamávamos carinhosamente,
filha de José Martins Leal e Maria e Oliveira Ramos Martins,
era Maria Etelvina Ramos Martins, que acaba de falecer no último dia
5 de março. Nascida no Rio de Janeiro, foi em Petrópolis que
cresceu e formou sua personalidade e seu cabedal cultural. Fui
conhecê-la na Universidade Católica de Petrópolis, no decorrer do
Curso de História, que cursei nos anos de 1964 a 1967, obtendo
licenciatura plena para o exercício de Professor de História. Ela,
Professora Maria Etelvina, fora brilhante aluna no curso de
Geografia, observada pela rigorosa mestra Maria Magdalena Vieira
Pinto, que a convidou para sua Assistente e, assim, tive o privilégio
de cumprir a Cadeira de Geografia Humana, como discípulo das
renomadas mestras.
Admirador
de seu talento no magistério, conversamos bastante sobre teatro,
nela despertando o interesse de enveredar pela arte cênica. Assim, a
partir do dia 1º de março de 1968, aparecia Etelvina Martins no TEP
– Teatro Experimental Petropolitano, onde atuara, em 1966, seu
irmão José Paulo Martins, que havia criado o papel de “Joãozinho”,
na peça de Glaucio Gill “Toda Donzela tem um Pai que é uma Fera”,
que dirigi e ensaiei no Grupo Cênico. Ela, de pronto, revelou seu
talento, do mesmo nível do irmão José Paulo e melhores integrantes
do elenco do TEP.
Prontamente
foi escalada por Paulo G. Santos e Walter Borges, ensaiadores, para
o papel de “Clodomira”, na peça de Mário Brazini “A Guerra
Mais ou Menos Santa”, julho de 1968, estupendo sucesso do teatro
petropolitano naqueles idos. Em seguida, foi “Esperança”, na
peça de Luiz Iglesias “Chuvas de Verão” (1969), sob a direção
de Paulo G. Santos.
Em
seguida, ano de 1969, montei e dirigi meu original “O Casamento da
Bruxa”, com Etel no papel da Bruxa Mirantema, uma delícia de
interpretação.
A
quarta peça foi sua melhor atuação, um difícil personagem
em peça clássica de Anton Tchecov : “O Urso”. contracenando com
o talentoso ator Marcelo Aranha. A fazendeira Popov, enérgica,
romântica, mulher extraordinária, foi defendida com muita garra e
talento pela nossa perfeita atriz Etel Martins. Experimentei, mais
uma vez, o privilégio de dirigi-la (1970).
Etel,
porém, bela professora, requisitada para ministrar sua aulas de
Geografia - ciência que amava - em vários educandários, deu
adeus à carreira artística com sua Popova, em experiência que,
certamente, lhe proporcionou mais desenvoltura na arte magisterial,
pela qual dedicou sua vida.
Etel
Martins foi grande atriz na constelação cênica petropolitana, das
melhores entre as melhores de todos os tempos, e justo que eu a
recorde, relembrando, com muito orgulho, que fui seu aluno na
UCP e seu diretor no TEP, além, é claro, da honra de haver
contracenado com tão bela criatura humana, de fina sensibilidade e
raro talento.
Marcelo
Aranha e Etel Martins em "O Urso".
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