De 21 a 23 de novembro, a
FLISI traz programação com palestras, lançamento de livros com distribuição
gratuita para o público e encontros com escritores.
Mais de 40 convidados estão
confirmados no evento, que dedica especial
atenção aos jovens. Na foto, Cristina Oldemburg (DIvulgação)
Educação,
memória e identidade cultural. São esses os três fios que, entrelaçados,
norteiam as atividades da terceira edição da FLISI - Festa Literária da
Serra Imperial. De 21 a 23 de novembro, o evento, idealizado pelo Instituto
Oldemburg de Desenvolvimento, se desdobra pela cidade de Petrópolis, numa
programação diversa e gratuita que ocupa manhã, tarde e noite.
Em 2018, a festa ressalta o
arrebatamento provocado pela leitura, sua capacidade de abrir portas e janelas
para outras paisagens possíveis, de ser tanto expressão da realidade quanto eco
do sonho. A FLISI explora esses caminhos a partir do tema A Palavra
Encantada: Nossa Língua, Nosso Canto.
As múltiplas facetas da
palavra, especialmente seu elo lírico com a música, serão abordadas em
encontros, performances, lançamentos de livros e palestras. Mais de 40
convidados estão confirmados, entre escritores, jornalistas, atores e cantores.
O Museu Imperial e o Auditório da Casa da Educação Visconde de Mauá são os
principais palcos da festa.
A conexão com o público jovem
se mantém como farol do evento – a expectativa é que as plateias sejam formadas
majoritariamente por estudantes e professores da Região Serrana. Por isso,
durante a FLISI, serão inauguradas três bibliotecas em escolas municipais,
um aceno para que esse encantamento seja constantemente alimentado. A abertura
da Sala de Leitura Graciliano Ramos, na Escola Municipal Maria Campo, marca o
início da programação, na manhã do dia 21.
Além de dar nome ao novo
espaço, o escritor alagoano é homenageado com uma exposição fotográfica que
celebra os 80 anos de Vida Secas, livro que narra a dura saga de uma
família de retirantes nordestinos. As imagens de Evandro Teixeira, feitas na
cidade de Canudos, evocam as dificuldades vividas na literatura por Fabiano e
Sinhá Vitória.
A festa da palavra
A FLISI 2018 está em sintonia
com a música, motivo de inúmeras conversas. No primeiro dia, o escritor Antônio
Torres, membro da Academia Brasileira de Letras, abre a programação do Museu
Imperial com uma conversa sobre O Tom das Palavras, em que apresenta peças
do cancioneiro popular que serviram de inspiração para alguns de seus romances.
Também nesse dia, a
importância de O Guarani, ópera de Carlos Gomes baseada no
romance de José de Alencar, será ressaltada em uma conversa entre a
doutora em Musicologia e Etnomusicologia, Maria Alice Volpe, e o
vice-presidente da Academia Carioca de Letras, Dr. Alcmeno Bastos, com
mediação do historiador e diretor do Museu Imperial, Maurício Ferreira.
Marco do Romantismo, O Guarani foi a primeira composição erudita a
ganhar projeção internacional. Ópera e romance serão colocados em paralelo,
mostrando como o Romantismo é um dos pilares históricos da construção da nossa
identidade cultural.
As obras de Vinicius de
Moraes, Cazuza e Renato Russo também serão debatidas em
encontros, embaladas por pequenas apresentações que acentuam a força atemporal
de canções como Samba em Prelúdio e Ideologia. Outro destaque, o
samba-enredo, é assunto de um bate-papo cuja trilha é o clássico Aquarela
Brasileira, de Silas de Oliveira, interpretado por Thalita Villa-Nova.
A força das palavras
preservadas na memória, apesar do passo veloz do tempo, é mais uma
característica importante e, de certa forma, une diferentes iniciativas do
evento. Bárbara Paz, Jonatas Faro e Zezé Motta demonstram
isso durante a leitura de textos que marcaram suas vidas. Em outro momento,
o Encontro com o Pequeno Príncipe resgata a famosa história de
Antoine de Saint-Exupéry, autor que costumava se refugiar numa propriedade em
Petrópolis.
Ao mesmo tempo que abraça
preciosidades do passado, a FLISI acolhe o novo. Como o amor pela palavra se
cultiva desde cedo, o evento também traz debates entre autores preocupados em
plantar as sementes da literatura nas crianças. Em outra ponta da produção, a
literatura contemporânea fica em evidência na conversa entre Geovani
Martins (de O sol na cabeça) e Marcelo Moutinho (de Ferrugem),
autores jovens e celebrados que se embrenharam na mistura entre ficção e
realidade.
Cristina Oldemburg – Instituto
Oldemburg de Desenvolvimento
Filha de uma professora e
pedagoga que dirigiu duas escolas municipais do Rio de Janeiro, Escola Espírito
Santo, em Cavalcanti, e Escola Municipal Levy Neves, em Tomáz Coelho, Cristina
Oldemburg nasceu em Cavalcanti e cresceu em meio a ações comunitárias de
sua mãe para o incentivo à leitura das crianças do bairro. Formada em Educação
Física e professora de Folclore por 15 anos, formou-se como produtora cultural
e criou a própria empresa de projetos. Com apoio dos governos federal, estadual
e municipal, montou mais de 865 bibliotecas comunitárias em instituições
públicas, principalmente no interior do Brasil, em áreas sem acesso ao livro,
que, sem a iniciativa, não teriam acesso a esse tipo de ferramenta cultural.
Além de estruturar o projeto, a produtora acompanhou cada passo da execução e
foi a responsável pelo treinamento do atendimento e gestão das bibliotecas. Há
quatro anos, assumiu o compromisso com o MetrôRio de montar a Biblioteca
Estação Leitura, e, por iniciativa própria, resolveu gerir o espaço, assumindo
o desafio de administrar um universo que funciona como um agente transformador
da vida das pessoas. Em 2016 criou a FLISI, maior feira literária da Serra
Imperial, voltada para estudantes e professores que une educação, música,
literatura e artes.
Fundação Cesgranrio
Não há educação de qualidade
desvinculada da ambiência cultural. A Fundação Cesgranrio demonstrou isso,
ainda no início da década de 1980, através de pesquisas comportamentais
realizadas com exclusividade. Tais pesquisas constataram que indivíduos inseridos
em ambientes com intensa vida cultural apresentam rendimentos escolar e
profissional superior aos demais. Foi a primeira vez, em nosso país, que
processos e métodos científicos mediram e comprovaram o peso da variável
cultura nos mais importantes níveis de desempenho pessoal. Por essa razão, a
Fundação Cesgranrio criou o Centro Cultural Cesgranrio, cuja ênfase é o fomento
da produção cultural no ambiente acadêmico. O Centro Cultural Cesgranrio é hoje
um dos mais atuantes no país. Com projetos artísticos de grande impacto nas
mais diversas camadas da população, ao longo de seus 8 anos de existência,
beneficiou um grande número de pessoas com cerca de 100 projetos culturais. Uma
atuação expressiva nas áreas da literatura, do teatro, do audiovisual, artes plásticas,
música e dança, marca a diversidade que caracteriza a natureza da proposta
trazida pela instituição para o cenário cultural fluminense. Ao apresentar mais
uma vez a Festa Literária da Serra Imperial, a Fundação Cesgranrio, através de
seu Centro Cultural, reforça seu compromisso em levar para a população uma
série de intervenções literárias de qualidade e reafirma sua crença neste
binômio indissociável: cultura e educação.
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