Escritor Leandro Garcia
(Divulgação)
por
Anna Paula Di Cicco
Três
anos de pesquisa e 58 cartas, transcritas e analisadas por Leandro Garcia,
renderam o livro “Correspondência – Mário de Andrade & Alceu Amoroso Lima”,
fruto de seu primeiro pós-doutorado em literatura pela PUC-Rio. Leandro, além
de escritor, é professor de teoria literária na Faculdade de Letras da UFMG, em
Belo Horizonte, e membro da Academia Petropolitrana de Letras, desde 2016.
Para
o escritor, é impossível compreender a obra de grandes escritores ignorando
suas correspondências. Ele diz que organizar e pesquisar essas cartas traz a
possibilidade de compreender um pouco mais o complexo processo da literatura
brasileira. E tem certeza que o livro ajuda na compreensão da dimensão
biográfica de Mário de Andrade.
“Quanto
a Alceu, fica explícita sua liderança intelectual nas décadas de 20 a 40,
sempre aberto àqueles que estavam contrários às suas ideias, num profundo
respeito pelas diferenças”. E na sua opinião, “Alceu soube, como poucos, fazer
a difícil harmonia entre os contrários”.
Leandro,
que já organizou cartas entre Alceu Amoroso Lima e personas como Carlos
Drummond de Andrade, Leonardo Boff, Frei Betto e Paulo Francis, ressalta que as
conversas com Mário de Andrade, iniciadas ainda nos anos 20, têm uma
peculiaridade instigante.
“Alceu,
assim como Mário, usou e abusou do gênero epistolar (texto escrito em forma de
carta expressando opiniões, manifestos e discussões). Seu arquivo de cartas
recebidas é composto de aproximadamente 32.450 cartas. Destas, a parcela
trocada com Mário é significativa, pois o autor de Macunaíma se abriu com Alceu
sobre temas como crises existenciais e religiosas, coisas que não debatia a
fundo com nenhum outro correspondente, e foram centenas”, explica.
Ele
revela que em meio às cartas com Alceu, que foi líder católico, Mário de
Andrade conseguiu “matar” a igreja, a instituição, o catolicismo; mas não
conseguiu “matar” Deus, nem conseguiu ser um ateu, conforme seus biógrafos
geralmente afirmam que foi”. Lembrando que Alceu
O
arquivo de pesquisas, onde parcela da correspondência estava inédita, foi
residência de Alceu. Ele morou na Mosela, local que hoje sedia o Centro Alceu
Amoroso Lima para a Liberdade.
Agora
Leandro está planejando a temporada de lançamentos do livro, que começa em
fevereiro, e tem Petrópolis como uma das cidades de destino. Próximo projeto?
“Estou terminando de organizar a correspondência entre o mesmo Alceu Amoroso
Lima com o poeta Murilo Mendes, obra que espera lançar até o final do ano que
vem.
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