A Biblioteca Municipal Central Gabriela Mistral, em Petrópolis, é a única do Brasil citada em um dos mais recentes livros sobre o escritor austríaco Stefan Zweig. Resultado de uma intensa pesquisa feita pelos alemães Stephan Matthias e Oliver Matuschek, a obra “Stefan Zweig Bibliotheken” fala sobre os acervos bibliográficos que pertenceram ao autor ao longo da vida. No ano em que se suicidou, em 1942, Zweig doou cerca de 100 volumes à biblioteca de Petrópolis, cidade onde viveu os últimos dias de seu exílio no Brasil. Hoje, os livros deixados pelo austríaco pertencem ao arquivo raro e histórico da Cidade Imperial.

Os volumes contêm marcações e grifos do próprio Zweig, o que é um dos principais motivos que atraem pesquisadores do mundo todo e torna os livros ainda mais especiais. Oliver Matuschek – junto com outra pesquisadora, Heyke Muranil - esteve em Petrópolis em 2015 para parte do estudo que resultou no livro e, durante três dias, “mergulhou” no acervo e fez um catálogo dos livros doados. “Isso mostra a importância da nossa biblioteca e do nosso acervo raro, que conta com livros que ajudam a contar a história de diversas personalidades não só do Brasil, como de fora, como é o caso de Stefan Zweig”, destaca o prefeito Bernardo Rossi.

Stefan Zweig foi um dos escritores mais famosos e vendidos do mundo. Na década de 1920, seus títulos somavam milhões de exemplares na Europa e nos Estados Unidos. Nascido em Viena, ele se exilou no Brasil com o avanço do nazismo e se suicidou em 1942. Por cinco meses, morou em Petrópolis no imóvel que hoje abriga um museu em sua homenagem. Aqui finalizou sua autobiografia, "O Mundo que Eu Vi"; escreveu a novela "O Jogador de Xadrez" e deu início à obra "O Mundo de Ontem".

“Quando ele veio para o Brasil, todo o acervo que ele tinha foi pulverizado. Grande colecionador, ele criou uma nova coleção bibliográfica praticamente do zero aqui em Petrópolis. Então, o acervo que temos na biblioteca é sua última coleção. E seria especial só por isso, mas é ainda mais rara por conta de suas anotações e marcações nas páginas. São enciclopédias, livros sobre o filósofo Montaigne, entre outros”,explica a gerente da biblioteca, Maria Luísa Rocha Melo.

Para pesquisadores, através desse material é possível imaginar o que o escritor pode ter trabalhado nas últimas semanas de sua vida, como tão intenso, por exemplo, deve ter sido sua leitura das obras completas de Montaigne, já que as páginas contam com anotações. O material encontrado em Petrópolis forneceu aos pesquisadores dados até então pouco deselvolvidos no ramo da pesquisa. A estimativa é de que existam cerca de 10 mil livros de Zweig espalhados por vários lugares.

Uma edição de “Stefan Zweig Bibliotheken”, escrita em alemão, foi doada pelos autores à Biblioteca Municipal e agora faz parte do acervo que conta com 150 mil volumes. Na internet é possível ver o projeto que reúne as bibliotecas de forma virtual, no link aqui

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