“Você não precisa se esconder”
é o tema da nova exposição do Centro Cultural da Faculdade Arthur Sá Earp Neto
(FMP/Fase). A frase alerta o público feminino para questões que muitas vezes
são difíceis de abordar, seja por ter sofrido assédio ou agressões física,
verbal e até psicológica, ou mesmo por não ter forças para enfrentar o
julgamento de pessoas próximas, em algumas situações, até da própria família.
Reconhecer que é vítima de uma
violência ou mesmo uma agressão vedada é difícil, pois na maioria dos casos,
essas são cometidas por pessoas tão próximas, como em um relacionamento
abusivo, onde a mulher não consegue se dar conta da violência a qual é
submetida. Refletindo sobre essas questões, a jovem artista plástica Helena
Morani, de 23 anos, aborda essas situações rotineiras de forma simples e muito
sutil em cada obra que compõe a exposição.
“É preciso mostrar a todos que
as mulheres merecem respeito e espaço na sociedade. Não podemos aceitar passar
por tantas situações de constrangimento e nos calar. Usei cores leves na
montagem de cada arte para aproximar as mulheres e gerar um momento de
reflexão, de aceitação e, claro, de conscientização sobre a importância de
denunciar os maus tratos sofridos. É hora de dar um basta na violência contra a
mulher”, ressalta a artista plástica, Helena Morani.
Em cada painel, Helena traz
uma realidade do universo feminino. A aceitação do próprio corpo, com suas
estrias, celulites e gordurinhas extras, diferente do que é imposto como padrão
de beleza, o comprimento dos cabelos, arames que representam a mulher que
sofreu agressões físicas, psicológicas e até mesmo o feminicídio, dentre outras
situações, fazem com que o visitante possa ter um encontro mais próximo com
essas realidades.
“Nossa intenção é que toda
mulher, independente da classe social, da raça e da idade possa se ver como
integrante dessa exposição e se sentir acolhida. Temos que nos aceitar do jeito
que somos e entender que cada uma tem a sua beleza. A perfeição de mulher como
vista no Photoshop não deve ser idealizada por nós, porque isso nos expõe a um
sofrimento terrível, uma cobrança injusta. Somos bonitas, somos fortes e somos
mulheres. Não precisamos nos esconder, precisamos estar unidas e mudar essa
realidade de violência que vivenciamos”, frisa Helena Morani.
A artista criou uma obra que
chama atenção especial de quem circula pelos corredores. Um painel montado com
os nomes de diversas mulheres que sofreram algum tipo de agressão e violência
só é possível ser identificado quando o visitante está de frente para um
espelho. Ao se ver no espelho, a pessoa consegue ler os nomes no painel e
entender que essas vítimas não estão distantes. Na verdade, essa é uma
realidade cada vez mais próxima do nosso dia a dia. Além disso, uma caixa fica
à disposição para que sejam colocados recados com sugestões sobre temas ou
situações que mulheres vivenciaram, tudo de forma anônima, para que sejam
realizadas mesas de debate sobre os assuntos no Centro Cultural da Fase.
“Queremos evidenciar ainda
mais o nosso posicionamento em relação ao trabalho que desenvolvemos
internamente na FMP/Fase sobre o empoderamento feminino. A primeira condição
para que as pessoas rompam com esse ciclo de violência em que estão inseridas é
o empoderamento. Essas violências vêm aumentando consideravelmente nos últimos
anos. Desde o ano passado, desenvolvemos esse trabalho de conscientização
através de uma campanha interna em relação à violência contra a mulher. Essa
exposição nos permite uma reflexão que atinge a todos, principalmente aos
jovens. Helena trabalha com elementos muito particulares para abordar essas
questões, com linguagem única, de um processo criativo ímpar”, destaca Ricardo
Tammela, coordenador de Projetos e Extensão da FMP/Fase.
A exposição, inaugurada no dia
14 de março, exatamente na data em que marcou um ano do falecimento da ativista
política Marielle Franco, também traz um painel simbolizando o luto em
homenagem à vereadora. A mostra ficará disponível até o dia 28 de junho. A
visitação, gratuita, pode ser realizada de segunda a sexta-feira, das 9h às
21h, e aos sábados, das 9h às 16 h. As escolas podem agendar a visitação
através do telefone: (24) 2244-6480.
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