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Itaboraí-Fiocruz/Petrópolis lança publicação sobre plantas alimentícias não
convencionais, incluindo receitas culinárias
Já está disponível para
consulta e download gratuito (www.forumitaborai.fiocruz.br)
a nova publicação do Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na Saúde,
unidade da Fiocruz em Petrópolis. O “Manual de Plantas Alimentícias não
Convencionais - PANC” reúne informações científicas, técnicas e nutricionais de
21 espécies de PANC, plantas comestíveis encontradas em Petrópolis e na Região
Serrana do Rio de Janeiro. A matéria também traz curiosidades, termos
culinários, dicas de como higienizar os vegetais, receitas e fotos, tanto das
plantas em seus hábitats naturais, como delas no prato.
Segundo o Diretor do Fórum
Itaboraí, Felix Rosenberg, esta publicação tem o propósito de
disseminar
conhecimentos relacionados ao plantio e ao consumo dessas plantas, que hoje
estão sendo redescobertas e exploradas em novas opções de cardápios e
valorizadas no seu uso e valores nutricionais. “No Brasil, em seus diferentes
biomas, temos uma biodiversidade magnífica, que pode ser melhor explorada
contribuindo para a complementação alimentar, para a diversificação dos
cardápios e redução dos custos dos alimentos, na busca de uma alimentação cada
vez mais saudável e mais acessível. Com o tempo, a produção familiar do seu
próprio alimento sucumbiu à produção de mercado e fomos nos esquecendo destas
plantas que dão espontaneamente e das quais podemos nos nutrir”, explica
Rosenberg. “Sem contar que o patrimônio culinário expresso nos pratos, nas
receitas tradicionais, faz parte da memória afetiva, do registro, da
transmissão oral de nossa herança cultural. Então, acreditamos que nos ambientes
urbanos é possível cultivar pequenas hortas e canteiros com PANC e conciliar os
hábitos contemporâneos às nossas origens, regatando nossa história alimentar,
contribuindo com conservação da sociobiodiversidade e obtendo alimentos
diversificados, saudáveis, de menor custo e surpreendendo com novas cores e
sabores”, conclui o Diretor.
Sobre as PANC
O termo PANC, atribuído a
Plantas Alimentícias Não Convencionais, foi cunhado e começou a ser usado e
divulgado em 2008 pelo Biólogo e Professor do Instituto Federal do Amazonas,
Valdely Ferreira Kinupp. Refere-se a todas as plantas que possuem uma ou mais
partes comestíveis, sendo elas espontâneas ou cultivadas, nativas ou exóticas
que não estão incluídas em nosso cardápio cotidiano. Por esta razão, uma mesma
planta pode ser considerada convencional em uma região, porém não convencional
em outra. E caso seu uso seja resgatado ou propagado, tal planta pode vir a ser
convencional, passando a ser reconhecida, produzida, comercializada, fazendo
parte do dia a dia alimentar de dada população. Kinupp destaca que entre 10 a
20% da flora mundial tem potencial alimentício. Dentre as PANC que podem ser
encontradas em Petrópolis e na Região Serrana do Rio de Janeiro estão, por
exemplo, o peixinho e a ora-pro-nobis, além de partes comestíveis e
não frequentemente consumidas de plantas convencionais, como as
folhas e talos da cenoura, beterraba, couve-flor, abóbora, batata-doce, entre
outras.
Adilson Oliveira
Nutricionista e faz parte da
equipe do Programa de Biodiversidade e Saúde do Fórum Itaboraí. Entusiasta e
envolvido com os trabalhos que resultaram nesta publicação, ele esclarece
que uma mesma planta pode ser considerada convencional em uma região e não
convencional em outra, e que, com o tempo, conforme seu uso seja resgatado ou
propagado, ela passará a ser convencional, sendo reconhecida, produzida,
comercializada e fazendo parte do dia a dia alimentar dessa população. Também
são PANC as partes comestíveis e não frequentemente consumidas de
plantas convencionais, como as folhas e talos de: cenoura, beterraba,
couve-flor, abóbora, batata-doce, entre outras. Ele acrescenta que estas
plantas não têm sido produzidas por falta de conhecimento dos agricultores ou
porque elas foram “esquecidas” pelo mercado. “O cultivo destas plantas também
apresenta vantagens em relação aos cultivos tradicionais, pois as PANC são mais
resistentes a pragas e se integram melhor com a fauna e a flora nativa. Muitas
delas também possuem potencial para complementação da renda familiar. Em
síntese, as PANC são a própria essência do conceito de agroecologia”, explica
Adilson. “Seja na forma do alimento propriamente dito, ou como substâncias
condimentares ou aromáticas, substitutas de sal, edulcorantes, amaciantes de
carnes e corantes, as PANC podem ser inseridas na alimentação cotidiana, com
ganhos nutricionais e baixo custo”, complementa o nutricionista.