Mostra conta a história do
antigo hotel-cassino erguido na década de 40 pelo magnata do jogo Joaquim
Rolla, também dono do Cassino da Urca.
O Festival Sesc de Inverno
2019 acabou, mas deixou um legado para cidade de Petrópolis: a exposição
Memória Quitandinha. A mostra permanente, inaugurada durante o evento, na sala
Dom Pedro do Palácio Quitandinha, conta a história desse antigo hotel-cassino,
inaugurado em 1944, e que hoje abriga, além de apartamentos residenciais, um
dos mais importantes centros culturais da Região Serrana: o Sesc Quitandinha.
Com curadoria do jornalista
Flávio Menna Barreto Neves, a mostra apresenta 8 módulos expositivos, com 10
segmentos temáticos, onde estão objetos, informações e conteúdos audiovisuais
de diferentes épocas, permitindo ao visitante uma viagem pela história desse
que já foi considerado o maior centro internacional de turismo do Brasil.
Erguido pelo ex-tropeiro e posterior magnata do jogo e do entretenimento do
Brasil Joaquim Rolla, o empreendimento passou apenas dois anos como
hotel-cassino. Em 1946, foi obrigado a encerrar sua principal fonte de receita
depois de um decreto do presidente Eurico Gaspar Dutra proibir os jogos de azar
no Brasil.
A exposição, organizada de
forma cronológica, começa mostrando o que havia naquela área da Zona Sul da
Cidade Imperial antes do suntuoso palácio: uma fazenda da criação de gado.
Segue apresentando o empreendedor Joaquim Rolla, dono de uma rede de cassinos,
entre eles o da Urca, no Rio, e o processo de construção do palácio de 28 mil
metros quadrados, com sua cúpula de 46,4 metros de diâmetro, maior que a da
Basílica de São Pedro, no Vaticano. O visitante pode ver fotos da construção,
as plantas arquitetônicas e conhecer os profissionais que trabalharam no
projeto – que além do palácio, incluía a urbanização do entorno.
Pratos e talheres de época
impressos com o famoso “Q”, marca do empreendimento, também podem ser
encontrados na exposição, assim como móveis projetados pela norte-americana
Dorothy Draper, que assina a decoração do palácio, toda ela inspirada nos
cenários hollywoodianos.
Um dos painéis da exposição é
dedicado à decoradora norte-americana. Nele é possível assistir a um depoimento
exclusivo para a exposição do vice-presidente da Dorothy Draper & Company,
fundada por ela e sediada em Nova Iorque. Segundo Brinsley Matthews, o palácio
“é um monumento nacional e o melhor e mais triunfante trabalho de Dorothy
Draper”, constando como um dos destaques do portifólio da empresa.
Também há depoimentos de
pessoas que vivenciaram o glamour do local, frequentado por chefes de estado,
como os presidentes Henry Truman (EUA), Juan Domingo Perón (Argentina), Getúlio
Vargas e Juscelino Kubitschek, além de celebridades como Carmen Miranda,
Oscarito, Virginia Lane, Orson Welles, Greta Garbo e Wall Disney. A atriz
Adelaide Chiozzo conta como foram as gravações de “É fogo na roupa”, filme
rodado no palácio; o pianista Oceano de Menezes “Coruba” relata o seu trabalho
de cicerone de grandes artistas pela cidade; e o radialista Santos Ribeiro
recorda da Rádio Quitandinha (ZYP-23), que entrou no ar em 1951 e foi
responsável pelo lançamento de diversos artistas, como o ator e cantor Bill
Farr (1925-2010).
Imagens do fotógrafo húngaro
naturalizado brasileiro Carlos Moskovic retratam a atmosfera de tranquilidade
do entorno do lago artificial, em formato de mapa do Brasil, criado em frente
ao palácio. As fotografias mostram turistas praticando atividades desportivas e
banhistas aproveitando o sol no balneário criado com areia retirada às
toneladas da praia de Copacabana.
Outro personagem relevante da
época também ganhou um painel exclusivo: o figurinista Alceu Penna, também
desenhista e ilustrador da revista O Cruzeiro. Seus traços podem ser vistos
dentro do palácio, nos desenhos que estampam as paredes da Sala das Crianças,
inspirados na fábula de Jean de La Fontaine. Em frente a um aparelho de rádio
da época, o visitante pode ouvir a recriação de áudios da Rádio Quitandinha com
músicas e boletim de notícias. Outros dois painéis tratam dos grandes eventos
sediados no palácio, como conferências internacionais e concursos de Miss
Brasil.
Serviço
Exposição permanente “Memória
Quitandinha”
Sesc Quitandinha: Rua Joaquim
Rolla 2 – Quitandinha – Petrópolis/RJ
Visitação: De terças a
domingos e feriados, das 9h30 às 17h
Ingresso: R$ 10 e R$ 5
(inteira). Moradores de Petrópolis e associados Sesc pagam R$ 2.