Luiz Aquila III
Milênio - criação em aberto
Segundo o poema de João Cabral
de Melo Neto, “Quadro nenhum está acabado/ disse certo pintor;/ se pode
sem fim continuá-lo,/ primeiro, ao além do quadro/ que, feito a partir de tal
forma,/ tem na tela, oculta, uma porta/ que dá a um corredor/ que leva a outra
e a muitas outras”. “A lição de pintura” traduz a essência da exposição “LUIZ
AQUILA III MILÊNIO - criação em aberto”, onde o artista apresenta obras
inéditas realizadas entre 2009 e 2019, a partir 31 de agosto, no Museu
Nacional de Belas Artes.
Ao todo, serão expostas 30
pinturas, que contam com a liberdade criativa do artista para articular cores e
contrastes, através de planos e pinceladas presentes e expressivas com
dimensões que vão de 70x90cm até 210x140cm.
“Luiz Aquila pertence a uma
geração de artistas com sólida e erudita formação. Disciplinado e meticuloso,
desenvolve na intimidade de seu ateliê as suas obras, a partir de intensa
pesquisa de materiais e suportes. Diariamente, num exercício incansável de amor
e troca, tensão e conflito entre criador e criatura, transita entre telas,
cavaletes, pincéis, desenhos, rabiscos e superposições cromáticas, quando a sua
mão, em gestos cadentes e poéticos, proporciona, uma obra mágica, uma obra
única, fruto da inquietação de um pintor maior”, afirma Monica Xexéo,
diretora do Museu Nacional de Belas Artes.
Trechos de textos críticos e
estudiosos, como Casimiro Xavier de Mendonça, Felipe Chaimovich,
Lauro Cavalcanti, Lelia Coelho Frota, Luiza Interlenghi, Marcus Lontra, Mario
Barata, Vanda Klabin, Vera Pedrosa e Wilson Coutinho compõem o espaço
expositivo da Sala Bernardelli, ajudando o visitante a conhecer a
trajetória do artista. Um exemplo é a frase do crítico e historiador
Frederico Morais que elucida, em parte, a escolha do nome da mostra: “Aquila
procura manter seu processo de criação em aberto, sujeito a alterações, o
quadro fluente, em andamento. O quadro vai nascendo ali, no corpo-a-corpo com a
matéria com que constrói sua pintura, num diálogo ativo e inteligente".
Uma das paredes foi reservada
para a exibição do filme-documentário “Aquila, Luiz”, dirigido por Luiz Carlos
Lacerda. “Acredito que todo cineasta deve ter o cuidado de procurar nas
Artes Plásticas referências de luz e enquadramento. Minha admiração pelo
trabalho do Aquila vem de muito tempo, nos conhecemos há vários anos. Devo
bastante ao resultado da fotografia e do movimento de câmera, que acompanha o
ritmo das suas pinceladas, ao diretor de fotografia Alisson Prodlik”, diz
Luiz Carlos.
“O que mais me chamou atenção
durante as filmagens foi o extremo compromisso com a liberdade de criação.
É uma relação impulsiva, ele entra num transe e fica obnubilado pela expressão”,
complementa.
Durante a exposição, até o dia
1º de dezembro, haverá uma programação variada de atividades, que prevê visitas
comentadas pelo artista e palestras com alguns convidados especiais.
Desdobramentos de quadros e
pintura-instalação composta por sete grandes telas se destacam
Certa vez, o curador Lauro
Cavalcanti afirmou que a produção de Aquila seria uma pintura “em permanente
construção”. Um dos destaques da mostra, a série de quatro telas
“Mergulhos no Azul”, confirma esta fala, onde a cor é usada como assunto e a
partir dela ocorrem improvisos cromáticos.
Impactante, a composição
de sete telas originadas da pintura-instalação do MAM-SP, em 2013, está
sendo exibida no Rio pela primeira vez. As pinturas dinâmicas e
gráficas medem 210x140cm cada uma, e ganham uma dimensão monumental capaz
de transportar o espectador para dentro da atmosfera do artista, que aqui
utilizou técnica mista de acrílica e eventual uso de colagens.
Saiba mais sobre o artista
Luiz Aquila criou na pintura,
no desenho e na gravura. Também foi professor e diretor da Escola de Artes
Visuais do Parque Lage, onde exerceu grande influência sobre a Nova Pintura
Brasileira, Geração 80. Nasceu em 27 de fevereiro de 1943, no Rio de Janeiro, e
iniciou-se nas artes através de seu pai, o artista plástico e arquiteto Alcides
da Rocha Miranda. Foi aluno de Aluísio Carvão, pintura, no MAM-RJ e de
xilogravura de Oswaldo Goeldi na Escola Nacional de Belas Artes. Frequentou
cursos livres na Universidade de Brasília (UnB), foi bolsista do Governo
Francês em Paris, do British Council em Londres, e da Fundação Gulbenkian em
Lisboa e Évora. Ao longo da carreira, participou de mais de 200 exposições
(individuais e coletivas) no Brasil e no exterior, e foi chamado pelo crítico Frederico
Morais de “herói de sua própria pintura”. Participou da 17ª, 18ª e 20ª Bienal
Internacional de São Paulo em 1983, 1985 e 1989, respectivamente e também da
Bienal de Veneza. Em 1988, transferiu-se para Petrópolis, região serrana do Rio
de Janeiro. Em 1992, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e, em
1993, o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) realizaram
mostras retrospectivas de seu trabalho. Em 2003, exposição individual no Museu
de Arte Contemporânea (MAC-Niterói). Em 2013, o artista comemorou cinco
décadas de trajetória com uma grande retrospectiva no Paço Imperial.
Ficha técnica
Apresentação: Monica
Xexéo
Coordenação Geral: Patricia
Costa – Galeria Patricia Costa
Produção: Paulo Branquinho
Assessoria de Imprensa: Bia
Sampaio (BriefCom) e Nelson Jr.
Design: 19design / Heloísa
Faria
Assistente do artista: Lilia
Olmedo Monteiro
Com exibição de filme de Luiz
Carlos Lacerda.
Serviço
Exposição “LUIZ AQUILA III
MILÊNIO - criação em aberto”
Abertura: dia 31 de agosto,
sábado, das 14h às 18h
Local: Museu Nacional de
Belas Artes/MNBA – Avenida Rio Branco, 199 - Cinelândia
Sala: Bernardelli
Visitação: de terça a sexta,
das 10h às 18h, sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h
Período: de 1º de setembro a
1º de dezembro de 2019
Ingressos: R$ 8,00 inteira, R$
4,00 meia e ingresso família (para até 4 membros de uma mesma família) a R$
8,00. Grátis aos domingos.
Tel: (21) 3299-0600