A mostra celebra o bicentenário da princesa que nasceu no Brasil e foi
rainha de Portugal
Onde está Maria da Glória? Em muitas das mais de 100 obras que compõem a
exposição “D. Maria da Glória: princesa nos trópicos, rainha na Europa”, que
estreia no Museu Imperial, no próximo sábado, dia 07 de dezembro, a primeira
filha de d. Pedro I com a imperatriz d. Leopoldina aparece em segundo plano,
apenas acompanhando e observando cenas históricas, como a aclamação e coroação
de seu pai como imperador do Brasil. Embora pouco conhecida pelos brasileiros,
ofuscada pela popularidade de seu irmão mais novo, d. Pedro II, monarca que por
mais tempo governou nosso país, d. Maria da Glória é protagonista de uma vida
fascinante e dura, repleta de traições e desafios, e que durou apenas 34 anos.
Nesse tempo, foi proclamada rainha de Portugal aos sete, casou-se por três
vezes com maridos que não escolheu e sobreviveu a dez gravidezes, falecendo no
11º parto. Sua função era “parir herdeiros”, dizia ela. A narrativa envolvente
começou há exatos dois séculos, bicentenário justamente celebrado através de
pinturas, gravuras, litografias, documentos e objetos diversos expostos em
quatro salas do Palácio Imperial de Petrópolis.
O recorte temporal escolhido vai do nascimento da princesa real, em 04
de abril de 1819, até o momento em que ela assume o trono português de forma
definitiva, em 1834. “Um contexto tão incomum quanto paradigmático que,
simultaneamente, garantiu a continuidade da monarquia portuguesa, sob a forma
constitucional, e criou as condições para a fundação de um novo Estado
independente, igualmente uma monarquia constitucional, o Império do Brasil”,
segundo Maurício Vicente Ferreira Jr., diretor do Museu Imperial e curador da
exposição.
O público poderá apreciar de perto peças belíssimas como os leques
comemorativos do nascimento e batismo de d. Maria da Glória, e algumas das
cartas que a monarca enviava ao seu “mano” – como carinhosamente chamava seu
irmão caçula, d. Pedro de Alcântara –, sobre assuntos familiares, que ficam
guardadas na reserva técnica do Museu Imperial.
Apesar do papel coadjuvante deste lado do Atlântico, do lado europeu d.
Maria da Glória protagonizava uma espécie de “Game of Thrones” lusitano, tendo
que, ainda criança e com a ajuda do pai, recuperar o trono usurpado pelo seu
primeiro marido e tio, d. Miguel. Como governante, d. Maria II ficou conhecida
entre os portugueses como grande incentivadora da educação e das artes no país.
De hábitos simples, ela gostava de caminhar por Lisboa com os filhos,
interagindo com outras mães e crianças.
Além próprio Museu Imperial, outras instituições, como o Museu Nacional
de Belas Artes, a Fundação Biblioteca Nacional e o Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro ajudaram a compor a mostra, cedendo itens de suas
coleções históricas e artísticas. Petrogral Brasil, a Fundação Calouste Gulbenkian,
o Centro Cultural Português em Brasília da embaixada de Portugal, a Coleção
Ivani e Jorge Yunes, e o Museu Histórico Nacional, também foram fundamentais na
realização do projeto.
Em tempos de redes sociais como o Instagram, cujo principal elemento é a
fotografia, a exposição conta ainda com um espaço educativo que propõe ao
público uma reflexão, de forma interativa, em torno da evolução dessa arte a
partir dos retratos expostos.
O Palácio abre de terça a domingo, das 10h30 às 18h.
Serviço
Museu Imperial
www.museuimperial.museus.gov.br<http://www.museuimperial.museus.gov.br>
Tel.: (24) 2233-0300 / 22330360