O projeto “Desenho Itinerante”
foi criado pelos artistas Miriam de Almeida e Márcio Salerno em fevereiro de
2017, ou seja, está completando três anos de trabalho. “O projeto consiste em
levarmos nosso material para logradouros da cidade, em especial as praças, e lá
desenharmos e pintarmos à luz do dia, mais perto das pessoas que por lá
circulam”, explicam os artistas. Não que isso signifique muito pois, de acordo
com Miriam e Márcio, as pessoas só não pisam em cima deles porque estão
sentados nos bancos.
“Mas esse desinteresse do petropolitano em geral pela arte
e pela cultura não é coisa
nova, em meus 21 anos de jornalismo presenciei
bastante do mesmo”, explica Márcio. “Entretanto, como sou um anarquista
individualista, gosto de pensar que somos um casal anarcopositivista, portanto,
lá estaremos, levando nossa arte para quem quiser ver”. Tudo seria mais fácil
(e mais lógico, como diria o Sr. Spock, do seriado Jornada nas Estrelas) se
houvesse locais apropriados para receber e expor a arte alternativa em
Petrópolis. Mas as coisas são complicadas. “É difícil fazer algo por aqui caso
não esteja junto com os artistas que estão inseridos no contexto, digamos
assim”, afirmam Miriam e Márcio.
Miriam de Almeida |
“Não estamos inseridos, não formamos,
portanto, somos excluídos. Saia por aí e pergunte à maioria dos artistas locais
(não todos) quem somos nós e o que é nosso projeto e vão lhe responder que não
nos conhecem nem sabem o que estamos fazendo. O que, aliás, vai saber… pode ser
até uma coisa boa”, continuam. Mas esse desvio de olhares não impede os dois de
trabalharem e se divertirem juntos. “Recentemente, criamos outro projeto dentro
do projeto, ou seja, o
“Olho do Rato”, levando coisas como livros, incensários,
cartões e outros itens, oferecendo-os a quem se interessar. Nada diferente do
que fazemos em nosso ateliê”, explicam Miriam e Márcio, cuja última exposição
aconteceu no início de 2019, no Kalevala’s Pub, no Bingen. Em 2015, o casal
expôs na Sala Van Dijk do Centro de Cultura Raul de Leoni. “Mas, de lá para cá,
está cada vez mais difícil, poucos espaços alternativos, falta de interesse de
quem está inserido no sistema. Não estamos inseridos, estamos à esquerda da
Esquerda e não dizemos isso em termos políticos, mas artísticos”, completam. E
o que o público interessado na arte alternativa dos dois vai encontrar? “Nossos
desenhos e pinturas, nossos cartões, incensários, zines e livros.
Márcio Salerno |
Já que não
encontramos espaços para expor, fazemos isso na rua, levando nossa arte. O
tempo não está ajudando nesse verão, mas assim que o céu abrir, vocês podem nos
encontrar, na parte da manhã, às quartas e sextas, em locais como a Praça D.
Pedro e o Bosque do Imperador”, encerra o casal. “Mais central, impossível”.
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