Fiocruz Imagens/Raquel Portugal |
A vigilância genômica no Brasil ganha um reforço com o novo ensaio
para a detecção de linhagens do Sars-CoV-2, por meio do protocolo RT-PCR,
desenvolvido por pesquisadores do Instituto Leônidas & Maria Deane
(ILMD/Fiocruz Amazônia). A ferramenta foi anunciada pelo pesquisador e
vice-diretor de Pesquisa e Inovação da Fiocruz Amazônia, Felipe Naveca. O novo
ensaio permite a triagem das linhagens de maior importância em circulação no
Brasil.
“A ferramenta é um produto inovador que foi desenvolvido no nosso
laboratório. Existem outros protocolos semelhantes, mas este foi validado
frente a 87 amostras já sequenciadas, o que nos dá uma confiança muito grande
no resultado”, comenta Naveca.
Os resultados do ensaio foram obtidos com base na testagem
das 87 amostras, confirmados por sequenciamento nucleotídico e pela
ferramenta Pangolin. Além disso, as linhagens foram também revisadas
manualmente quanto às sinapomorfias definidoras de cada uma.
“É possível fazer centenas de amostras diariamente, porque o
protocolo de PCR em tempo real é muito mais fácil e direto do que o
sequenciamento, então, a gente consegue fazer hoje com a nossa capacidade
centenas de amostras por dia”, comenta Naveca.
O pesquisador destaca a importância de uma maior vigilância
genética do Sars-CoV-2 no Brasil, e a nova ferramenta vai contribuir para o
acompanhamento das linhagens que circulam nas cidades. O ensaio foi desenhado
para detectar uma deleção que existe em todas as VOCs (Variants of Concern))
até o momento, então, ele é desenhado para linhagens ou variantes que surjam ou
tenham a mesma deleção.
Em breve, o ensaio estará disponível em vários laboratórios, pois
já estão sendo realizadas tratativas para disponibilizar a ferramenta. O
Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM) será o primeiro a
usar o produto, depois Rondônia, Roraima, Mato Grosso do Sul, Ceará, Rio de
Janeiro e outros laboratórios interessados.
“A gente não tem condições de atender a todos, no primeiro
momento, porque a quantidade dos insumos comprados não são suficientes para
mandar para o Brasil inteiro, mas com essa validação em maior escala, poderemos
ter isso em maior quantidade. A Fiocruz já tem uma decisão de incluir esse
ensaio no diagnóstico, então, além do diagnóstico dizendo se é Sars-CoV-2 ou
não, também, será incluída a diferenciação para avaliar se é uma das três
variantes de importância”, comenta Naveca.
Felipe Naveca é pioneiro no sequenciamento genético do Sars-CoV-2
na Região Norte. Até 13 de janeiro deste ano, ele e sua equipe já haviam
sequenciado 250 genomas de amostras provenientes do Amazonas, sendo 177
provenientes de Manaus e outros 73 de 24 municípios do Estado, além disso o
laboratório liderado por ele atende a outros estados quanto ao assunto de
genômica do novo coronavírus. (Marlucia Seixas / Fiocruz Amazônia)
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