Dr. Paulo Cesar Guimarães - infectologista |
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Medidas de prevenção para quem está em casa
Reportagem especial Petrópolis em Cena*
A pandemia nos impôs muitos limites, mas o maior deles certamente foi a necessidade do distanciamento social. Faz parte da nossa cultura receber os amigos em casa, realizar reuniões familiares e, é claro, as tradicionais festas de carnaval, aniversário, Páscoa, Natal e ano novo. Evitar a disseminação do vírus está sendo um grande desafio, mas o que fazer para se prevenir quando uma pessoa que mora na mesma casa está contaminada?
Como se proteger morando com alguém infectado pela covid-19?
“Não é algo simples. Nos casos em que a doença infecciosa apresenta os riscos de contágio de forma relativamente fácil, é necessário o isolamento. Cada morador da casa precisa colaborar para que o vírus não se espalhe, sendo necessário que todos utilizem máscaras de proteção e higienizem as mãos. O enfermo precisa estabelecer apenas um cômodo para ficar, sem transitar pelas áreas comuns aos demais membros da família, sempre mantendo distância de 1,5 a 2 metros das outras pessoas”, explica o médico Dr. Paulo Cesar Guimarães, pediatra e infectologista, diretor da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP).
Como a pessoa infectada deve se isolar em casa?
Algumas iniciativas simples, porém, extremamente necessárias, devem ser adotadas na rotina familiar. Talheres, copos e pratos da pessoa infectada devem ser utilizados e lavados separadamente, assim como toalhas de banho, roupas, peças de cama e objetos pessoais, além de priorizar a higienização do banheiro, sempre após a pessoa infectada utilizá-lo.
“É importante destacar que a limpeza deve ser feita com uso de água, sabão e álcool em gel. Não é preciso comprar outros produtos, o essencial é manter a casa limpa. O banheiro, que geralmente é uma área compartilhada em muitas residências, precisa estardevidamente higienizado”, frisa o especialista.
Todos os moradores da casa precisam usar máscaras!
Mesmo mantendo o distanciamento do enfermo, que deve ser colocado em um cômodo separado, todos os moradores da casa precisam ter o cuidado de usar as máscaras de proteção, pois o ar que circula na residência pode estar contaminado por partículas virais liberadas por secreções, que geralmente permanecem no ar por cerca de 40 minutos até 2h30.
“Ainda que estejam adotando todas as medidas sanitárias básicas de prevenção para evitar o contágio, o ideal é separar um quarto para que apessoa doente possa se alojar. É necessário cuidado para manter as crianças distantes do enfermo, pois elas não entendem a necessidade do distanciamento físico, mas podem ser contaminadas e levar o vírus aos demais, uma vez que geralmente não apresentam sintomas de infecção. Ainda não sabemos o motivo, mas são raros os casos de crianças contaminadas que apresentaram algum sintoma da doença”, ressalta o infectologista.
Medidas de segurança
Em dezembro do ano passado, a diarista Aline Carvalho adotou algumas medidas de segurança ao descobrir que estava infectada. Os filhos de 04 e 12anos, além do esposo de 35, não testaram positivo para doença e precisaram manter o distanciamento físico.
“Eu comecei a sentir muitas dores na cabeça e nas costas, com febre e coriza, como se fosse uma gripe forte. Fui na UPA de Itaipava e, ao falar os sintomas, me direcionaram para a tenda de COVID-19. Quando fiz o exame PCR-RT e, em alguns dias, saiu o resultado com a detecção do vírus. É muito difícil ficar sem abraçar e beijar as pessoas que moram com você. Imagina, seus filhos e seu marido distantes, é uma situação terrível. Nesse período eu não saí de casa, não tive contato com nenhum vizinho, nem mesmo com a minha mãe, exatamente para evitar a disseminação do vírus”, afirma.
Qual o tempo de isolamento se estou doente?
O infectologista explica que o período de contaminação é variável, pois cada organismo responde de uma forma ao COVID-19. Geralmente, nos casos mais comuns e moderados,entre 10 e 15 dias. Já nos quadros em que a patologia se apresenta de forma mais grave, com a necessidade do paciente ser entubado, a situação pode perdurar por semanas.
“A doença infecciosa não tem resposta exata matemática, pois depende da reação do organismo de cada pessoa. Os órgãos mais afetados pelo vírus são os pulmões, depois vem a parte cardiológica, em seguida a neurológia. Agora, estamos notando que muitos pacientes também estão sendo atingidos na área vascular. Nos atendimentos, há muita variação das condições clínicas. Alguns pacientes testam positivo para o vírus, mas não apresentam nenhuma variação, são assintomáticos. Outros, apresentam apenas um quadro gripal, algo que não chama muita atenção. Já nos casos graves, o paciente precisa ser internado e, muitas vezes, até entubado”, explica o especialista.
Alimentação é fundamental!
Além dos cuidados básicos de proteção, uma aliada na prevenção aos efeitos nocivos do vírus é a alimentação saudável, rica em vitaminas e nutrientes. O consumo diário de frutas, legumes e verduras, além de sucos naturais e água, é fundamental para fortalecer o sistema imunológico.
“Inegavelmente, uma pessoa bem alimentada terá um poder de reação muito maior. O padrão socioeconômico no Brasil é muito diferente, então é necessário que cada pessoa consiga adequar essas medidas de segurança e de alimentação às suas realidades. O mais importante é que todos façam ingestão de água. Parece algo simples, mas não é. A pessoa deve beber o máximo de água por dia, pois os primeiros órgãos afetados pelo vírus são os pulmões, por isso é tão importante a hidratação, pois facilita a expectoração e a resposta dos pulmões no combate ao vírus. Na fase aguda da doença, as pessoas geralmente perdem o paladar, mas é extremamente importante terem uma boa alimentação para fortalecimento do sistema imunológico. De forma geral, todos precisam estar atentos também ao consumo de bebidas alcoólicas, que deve ser esporádico. O uso contínuo dessas substâncias também deixa o organismo mais suscetível ao vírus”, finaliza o médico.
(Edição: 02/02/2021)
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