Dr. Felipe Moliterno é pediatra e infectologista


Reportagem especial Petrópolis em Cena*



Saiba quem pode ou não se vacinar e por quê


A chegada da pandemia surpreendeu o mundo. Foi preciso o esforço conjunto de cientistas e pesquisadores para que as vacinas fossem produzidas. Todos unidos em prol dos mesmos objetivos: evitar a disseminação do novo Coronavírus, reduzir as mortes causadas pelo vírus e resgatar a esperança do retorno ao que estávamos acostumados como normalidade. Sem exceção, as pessoas estão à espera do retorno às suas rotinas, com a possibilidade de sair de casa sem se preocupar com esse inimigo invisível aos olhos. O processo de vacinação já teve início, mas são vários os questionamentos em relação às vacinas. Por isso, conversamos com o pediatra e infectologista, Felipe Moliterno, que também faz parte do corpo docente da Faculdade de Medicina de Petrópolis (UNIFASE/FMP), para esclarecermos algumas questões. Confira:

 

Contraindicações à Administração da Vacina

Somente os pacientes com histórico de alergia a qualquer componente da vacina ou que apresentaram reação alérgica na primeira dose não devem ser vacinados

  • Hipersensibilidade ao princípio ativo ou a qualquer dos excipientes da vacina;
  • Para aquelas pessoas que já apresentaram uma reação anafilática confirmada, quando receberam a dose anterior de uma vacina contra COVID-19.

 

Gestantes, Puérperas e Lactantes

O médico explica que estas pacientes podem receber a vacina mediante avaliação individual de custo-benefício compartilhada com equipe médica assistente. O especialista ressalta ainda que devem ser mantidas as medidas de redução, controle e mitigação da COVID-19: isolamento social, higienização das mãos por lavagem com água e sabão ou álcool 70% e uso adequado das máscaras de proteção. 

  • A segurança e eficácia das vacinas não foram avaliadas nestes grupos. No entanto, estudos em animais não demonstraram risco de malformações;
  • Para as mulheres, pertencentes a um dos grupos prioritários, que se apresentem nestas condições (gestantes, lactantes ou puérperas), a vacinação poderá ser realizada após avaliação cautelosa dos riscos e benefícios, com decisão compartilhada, entre a mulher e seu médico prescritor;
  • As gestantes e lactantes devem ser informadas sobre os dados de eficácia e segurança das vacinas conhecidos, assim como os dados ainda não disponíveis. A decisão entre o médico e a paciente deve considerar:
  1. O nível de potencial contaminação do vírus na comunidade;
  2. A potencial eficácia da vacina;
  3. O risco e a potencial gravidade da doença materna, incluindo os efeitos no feto e no recém-nascido, além da segurança da vacina para o binômio materno-fetal.

  

Boa alimentação é fundamental

Todas as pessoas devem fazer uma alimentação rica em nutrientes e vitaminas para auxiliar o sistema imunológico. O médico frisa que “a dieta balanceada rica em macro e micronutrientes é a recomendação formal. No momento, não há recomendação universal de qualquer componente específico, exceto em casos de deficiências nutricionais prévias”.

 

Portadores de doenças crônicas

Todos os pacientes portadores de doenças crônicas prévias devem ser avaliados individualmente, para análise de cada caso. Há uma tabela no protocolo do Ministério da Saúde com as indicações e prioridades de vacinação dos grupos de risco, incluindo o grupo de doenças cardiovasculares e também pacientes imunossuprimidos, com todas as especificidades descritas.

Pacientes em uso de antiagregantesplaquetários devem manter a medicação e não implicam em impedimento à vacinação.


Pacientes Oncológicos, Transplantados e os demais Pacientes Imunossuprimidos

A eficácia e a segurança das vacinas COVID-19 não foram avaliadas nesta população.

No entanto, considerando as plataformas em questão (vetor viral não replicante e vírus inativado) é improvável que exista risco aumentado de eventos adversos. A avaliação de risco benefício e a decisão referente à vacinação ou não, deverá ser realizada pelo paciente em conjunto com o médico assistente, pois a vacinação somente deverá ser realizada com prescrição médica.

Essencial manter as medidas sanitárias de prevenção (distanciamento físico, o uso de máscaras e higienização das mãos)

A pessoa imune ao COVID-19, por conta da vacinação, ainda pode servir de vetor de disseminação do vírus, pois se tiver contato com alguém infectado pelo vírus na via aérea ou na pele sem proteção ou higienização, após o contato pode não pegar a doença, mas ainda tem a possibilidade de carregar o vírus através das mãos e infectar outra pessoa.

Estamos assistindo um relaxamento de postura a medida que a vacinação se expande, porém, devemos desaprovar de imediato tal comportamento.

 
Quem teve COVID e está no grupo para ser vacinado, precisa esperar 90 dias para tomar a vacina?

Por medida de saúde pública, local municipal, foi estipulado este critério de seleção de aplicação de doses. Fato este baseado nos dados locais dos órgãos competentes. Por conta de orientação em bula das duas vacinas, até o momento, disponíveis na nossa cidade, Petrópolis, a segunda dose poderia ser ministrada após 28 dias da doença, conforme descrito também no protocolo federal.

Doença prévia não exclui a vacina. Doença prévia pede-se ao menos 4 semanas para poder vacinar.

Os idosos devem tomar as 2 vacinas. Só deve seguir obediência de intervalos entre as doses com intervalo de vacina COVID e as outras de 14 dias, incluindo H1N1.

 

Todos em prol do bem maior

O bem coletivo só será atingido pelo conjunto de ações individuais de empatia e respeito ao próximo. Portanto, a busca e disseminação de fatos reais de fontes seguras sobre eficácia e segurança das vacinas, a dissociação da vacina com atos políticos que não priorizem o bem-estar e proteção real em massa da nossa população são fundamentais.

A gestão de crise da pandemia por líderes que respeitem os critérios de técnicos e expertises do assunto é essencial. De acordo com a literatura científica mundial, baseada em evidências, as medidas de controle social de disseminação da COVID-19, já bem conhecidas pela população, associadas à vacinação em massa constituem o único caminho para controle da pandemia.

 

O que esperar para os próximos meses?

Este ano de 2021 será de implementação de todas as fases da vacinação. Pelo cronograma do Ministério da Saúde, só atingiremos a etapa de vacinação em massa da população no fim do ano.

 

Outras experiências de epidemias no mundo demostraram que alguns meses são necessários para atingir a proteção global. Sendo assim, no meu ponto de vista, não vejo previsão real de retorno à realidade no nosso país em 2021. Vejo sim, e acredito, que estaremos muito melhor no último trimestre com perspectivas reais de um 2022 com novas possibilidades.

 

Neste momento, ainda devemos redobrar a atenção em relação às medidas de controle da doença, pois com a chegada do outono há um aumento da prevalência de doenças respiratórias.

 

Em acréscimo, a evidência da circulação da nova variante do vírus com aumento da virulência, incluindo presença de doença grave em pessoas mais jovens e sem doenças prévias, infelizmente, nos aponta para um cenário muito preocupante a partir do final do mês de março. Logo, preservem o uso de máscara e demais medidas para todo o ano de 2021.

 

Composição da vacina e alergia

Os compostos das vacinas variam. Nada clássico. Não tem nada a ver com alergia a ovo ou outros fatores previamente conhecidos. Somente observar caso apresente alergia após ser vacinado e, é claro, saber qual foi a vacina administrada para ter atendimento médico.

 

Período para ser vacinado

A Coronavac fala em 4 semanas após a primeira dose da vacina.

A de Oxford fala de 3 meses para dose única, com 90%  proteção.

Cada produto/vacina utilizada tem as suas especificações, mas de modo geral a pessoa deve ser vacinada de 2 a 4 semanas após a segunda dose.

Pode ser que esta orientação mude com o tempo. A França, por exemplo, já está estudando a dose única para quem já teve a doença. Está em avaliação.

O importante é todos seguirem as orientações passadas pelos órgãos de saúde e se prevenirem com as medidas básicas: uso das máscaras, distanciamento físico e higienização adequada das mãos (água e sabão ou uso do álcool em gel).


(Edição: 24/02/2021)


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