A
história dos 178 anos de Petrópolis, muita gente já conhece dos livros,
das aulas no colégio ou até mesmo em passeios por alguns dos principais
atrativos turísticos do município, que foi escolhido pela família real, para
ser a residência de veraneio na época da monarquia. Mas alguns ricos detalhes
são desconhecidos por parte da população, com grandes personagens que tiveram
papel decisivo na construção da cidade no que é atualmente.
Com
o objetivo de trazer informações históricas sobre a cidade imperial,
homenageando o município em mais um aniversário, celebrado em 16 de março, o
projeto “A estória da História – Petrópolis antes da República”,
contemplado no edital de chamada pública simplificada nº 03/2020, vai destacar
outras informações sobre a construção da cidade e seu desenvolvimento, com a
presença de figuras emblemáticas que serão interpretadas por atores da cidade e
que será veiculado na própria terça-feira, 16 de março,
em quatro episódios/ esquetes, às 10h, 11h, 12h e 13h no Facebook,
Instagram e Youtube da Xdaquestão Produções.
“É
necessário que busquemos quebrar esse tipo de ideia e democratizar o acesso
àquilo que é cultural para que as pessoas possam entender que a arte, o
patrimônio e a História são acessíveis e pertencem a todos. Que a cultura
acontece no dia a dia e que todos nós fazemos parte dela. Dessa forma teremos
uma sociedade mais informada, ativa e cidadã”, explica o diretor geral e
responsável pela Xdaquestão Produções, Maurício Araújo.
O
conteúdo que será disponibilizado posteriormente para a Secretaria de Educação
para ser inserido no Educa em Casa, promete encantar toda a família
petropolitana, com linguagem lúdica e pedagógica, trazendo
características da época, através dos cenários e figurinos, além dos textos
baseados em informações de pesquisas históricas. O material será
disponibilizado ainda com o recurso de libras, para que todos os públicos sejam
contemplados.
Serão quatro
esquetes com cerca de 15 minutos cada, que vão destacar os seguintes
temas: “A Serra da Estrela”, “Cidade Planejada – A Fundação”, “Petrópolis
Imperial” e “Conjecturas da Abolição”. Os personagens que
compõe os trabalhos serão os Imperadores D. Pedro I e II, Padre Corrêa,
Dona Arcângela, Júlio Frederico Koeler, Paulo Barbosa, Imperatriz Teresa
Cristina, Rafael – o anjo negro, Princesa Isabel, Amandinha Paranaguá e
Adelaine Taunay.
O
diretor artístico e dramaturgo é Paulo Marcos de Carvalho, no elenco Andrea
Dutra, Ariel Barbosa, Fábio Branco, Flávia Miranda, Joaquim Eloy, Jonas
Raibolt, Luciane Fortunatto, Monica Campos, Nathan Cardoso, Sidney Carneiro e
Vania Moreira. O Diretor Geral e Executivo é o empresário Maurício Araújo
e a Diretora de Produção, Secretária Teatral e Assessora de Imprensa é a
jornalista Carla Coelho. O trabalho conta ainda com a pesquisa das
historiadoras Maria Angela Gomes e Maria Lúcia Diel, o intérprete de Libras
André da Silva Vieira, figurinos de Eunice Mayer, cenografia de Edison
Bordignon e Walkiria Diniz como camareira.
“Nesse
trabalho, o teatro vem para transmitir e orientar conhecimentos àquele que
assiste, tendo em vista que o projeto faz jus ao entendimento com a História de
Petrópolis e o seu lugar no mundo, no sentido da sua relevância e identidade,
ao mesmo tempo, que, aproxima desde cedo a criança agindo na apropriação da
mesma à sua identidade como petropolitano”, diz o dramaturgo.
“Esperamos
que o material seja amplamente assistido e que com ele seja criada uma sensação
de pertencimento e apropriação que cultive desde cedo nas crianças por meio do
lúdico o interesse pela nossa História e que ela só cresça, transformando os
espaços da nossa cidade em lugares de pertencimento”, pontua Maurício Araújo.
1ª esquete - A Serra da Estrela – 10h
A
primeira esquete do projeto “A estória da História – Petrópolis antes da
República”, vai falar sobre a serra velha da estrela, a atual RJ-107. Com a
presença de personagens já conhecidos do público como o Imperador D.Pedro
I, o Padre Correa, além de sua irmã, Dona Arcângela, o trabalho vai
contar um pouco sobre o início do que se tornou a cidade de Pedro.
Nascido
em Portugal em 12 de outubro de 1978, filho de Dom João VI e Dona Carlota
Joaquina, Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula
Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Serafim de Bragança e Bourbon,
futuro Dom Pedro IV, como fora criado para ser, veio a se tornar Dom Pedro I e
foi o primeiro Imperador do Brasil. Ele chegou ao Rio de Janeiro em 1808, com a
família real que “fugia” do cerco de Napoleão. Com seu pai sendo nomeado Rei de
Portugal em 1817, ele se tornou herdeiro do trono, assumindo as funções reais
no país.
Passados
alguns anos, Pedro I se encantou com a serra carioca, quando viajava para Minas
Gerais buscando apoio para a independência do Brasil. No local, ficou hospedado
na fazenda do Padre Correia, onde fica atualmente o distrito de Corrêas. No
local, o imperador passou grandes temporadas junto à imperatriz D. Leopoldina.
A família, Dom Pedro estimava os mais sinceros votos de gratidão. O pequeno
Pedro, futuro imperador, brincou no rancho grande, com descendentes da família
do padre. Relatos mostram que a recordação do hóspede imperial está perpetuada
no nome do famoso Poço do Imperador que merecia sua predileção.
Houve
a tentativa de compra da propriedade, mas foi recusada pela família Correia. A
herdeira do imóvel, Dona Arcângela Joaquina da Silva Goulão, irmã do padre
Antônio Tomás de Aquino Corrêa Goulão, firmou um acordo de não vender a
propriedade para mãos estranhas, mas indicou ao imperador a compra da fazenda
vizinha, a do Córrego Seco. Em uma proposta, o dono do imóvel, o major José
Vieira Afonso respondeu que cederia o imóvel por cinquenta mil cruzados.
Concordando com preço, o Imperador, dali mesmo, determinou as providências para
que se efetivasse a compra, lavrando-se a competente escritura, no Rio de
Janeiro, a 6 de fevereiro de 1830.
De
acordo com Dom Pedro I, o imóvel situado no topo da Serra da Estrela, região
considerada de salubridade e beleza ideais, o que beneficiaria sua filha, a
princesa dona Paula, que tinha sérios problemas de saúde, contudo a princesa
viveu somente até os 10 anos de idade, por problemas respiratórios. Dom Pedro I
queria construir ali um palácio para o verão, o Palácio da Concórdia, porém,
sua abdicação e morte precoce o impediram de realizar seu desejo.
2ª esquete - Cidade Planejada – 11h
A
segunda esquete vai mostrar um pouco mais do que foi a fundação da Cidade
Imperial. No segundo episódio, novas figuras envolvidas no processo do que se
tornou o município, detalham bastidores do que foi a realização do sonho de Dom
Pedro I. Desta vez, os destaques ficam por conta da presença do Imperador
Dom Pedro II, o Major Júlio Frederico Koeler e Paulo Barbosa.
Pedro de Alcântara João
Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel
Gabriel Rafael Gonzaga, reconhecido como o imperador D. Pedro II, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, no
dia 2 de janeiro de 1825. Ele foi o único monarca a reinar sobre o Brasil que nasceu em
solo brasileiro. Foi o responsável por dar prosseguimento aos planos do pai,
com quem pouco conviveu.
A
fazenda do Córrego Seco foi recuperada em 1839, depois de ter caído na mão de
credores, com a morte de Dom Pedro I. Os planos de construir um palácio em
Petrópolis ficaram a cargo do mordomo da Casa Imperial, Paulo Barbosa, que
sugeriu o nome da cidade, inspirado na russa São Petersburgo. Em 16 de março de
1843, Dom Pedro II assinou o decreto da criação de Petrópolis.
Quem
foi o responsável pelo projeto do que hoje é o Museu Imperial e pelo plano de
urbanização local, foi o major e engenheiro alemão Julius Friedrich Koeler. A
área foi dividida entre a construção da mansão, suas dependências e jardins;
uma igreja em homenagem a São Pedro de Alcântara um cemitério; além da área
para a população, que ainda não existia. No projeto, Koeler priorizou a
ocupação dos vales ao longo do rio Piabanha e seus afluentes, com as frentes
das casas voltadas para o rio – para que ele não se tornasse esgoto. Também
privilegiou a arborização de ruas e praças e a canalização de alguns cursos de
água. Já neste projeto, pretendia-se evitar os deslizamentos das encostas,
decorrentes das chuvas de verão, problemas - registrados desde aquela época.
Para
povoar a região, o governo estimulou a vinda de imigrantes, a maioria alemães,
que formaram colônias agrícolas e atuaram na construção da primeira estrada
entre o Rio de Janeiro e Petrópolis. Para garantir uma boa vizinhança, D. Pedro
II doou lotes de terra para amigos e nobres. Diplomatas e políticos do império,
como o Barão de Mauá, passaram a frequentar a cidade e construir seus próprios
palacetes.
Calcula-se
que d. Pedro II tenha passado 40 verões em Petrópolis. Com o tempo, o imperador
viajava a sua “cidade querida”, como ele a chamava, com mais frequência, não só
no verão. Ao longo da década de 1880, ele quase não voltava mais para o Rio de
Janeiro. Foi em Petrópolis, inclusive, que tomou conhecimento da Proclamação da República.
3ª esquete - Petrópolis Imperial – 12h
A
terceira esquete do projeto dá destaque ao Imperador Dom Pedro II, a Imperatriz
Teresa Cristina e Rafael – O anjo negro. A trama vai mostrar a relação do
herdeiro da família real com a cidade e como ela se apresentava no final do
século XIX. O paraíso na serra fluminense era uma espécie de “refúgio”, por
oferecer boas condições de vida, clima ameno, saneamento, ruas largas, limpas e
arborizadas, além da proximidade da capital.
E o crescimento foi exponencial. Em apenas 14 anos, passou de
colônia a vila, de vila a freguesia e de freguesia a cidade, por lei
provincial. Em 1857, quando foi elevada à categoria de cidade, já tinha uma
população fixa de seis mil pessoas, um número bastante superior ao da maioria
das cidades do Brasil – e que aumentava nos meses entre outubro e março de cada
ano, devido aos veranistas.
O desenvolvimento se acentuou nas pequenas indústrias, no comércio
e numa florescente rede hoteleira. A partir de 1854, com a inauguração do
trecho inicial da primeira ferrovia do Brasil, o tempo de viagem entre a
capital e a cidade imperial reduziu-se bastante, para aproximadamente quatro
horas, facilitando ainda mais o fluxo de visitantes.
Os fatos ligados à origem da cidade permanecem na forma de
tradição: está nos livros de história local a evocação da constante presença do
imperador, anualmente, na “sua” cidade. Entre a fundação da colônia e a
Proclamação da República, quando teve a última temporada interrompida, se
passaram 46 anos e Dom Pedro II viveu 35 verões no seu palácio serrano. Já no
exílio, em 1890, iria escrever ao Brasil pedindo: “Mandem-me notícias da minha
querida Petrópolis”.
Uma
das personagens que figura desta vez é Teresa Cristina, esposa do Imperador.
Sua chegada ao Brasil ocorreu no dia 3 de setembro de 1843, já nomeada como a
Imperatriz, especialmente conhecida como a “Mãe dos brasileiros”. Nos seus
diários pessoais, relata sobre a sua vida na corte, salientando sobre as
viagens que fez e as óperas que assistia. Esses acontecimentos provam como ela
era capaz de entender assuntos que estivessem ligados à cultura de seu povo e à
geografia do país onde ela tanto amava.
Em
destaque está também o anjo negro, Rafael. O rapaz era um veterano da Guerra da
Cisplatina, nascido em Porto Alegre e levado para a Corte em 1821, antes da
Independência. Foi notado por Dom Pedro I pelos rumores de seu destemor
demonstrado no enfrentamento ao inimigo. Dom Pedro I, portanto, requisitou seus
serviços para função de criado particular. Quando abdicou da coroa brasileira
para regressar a Portugal em 1831, o monarca entregou o filho deixado como
regente no Brasil aos cuidados informais daquele que fora seu criado de
confiança, criando as condições para o início de uma relação de afeto e
dedicação que se prolongou por mais de cinquenta anos entre Dom Pedro II e
Rafael.
4ª esquete - Conjecturas da Abolição – 13h
A
quarta e última esquete vai contar com a presença da Princesa Isabel e suas
amigas Amandinha Paranaguá e Adelaine Taunay. Nos aproximadamente 15 minutos de
conteúdo estão em destaque as questões referente à abolição da escravatura,
ocorrido no Paço Imperial no Rio de Janeiro, em maio de 1888.
Isabel Cristina
Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon,
nasceu no dia 29 de julho de 1846, no Palácio de São Cristóvão, no Rio de
Janeiro; é a segunda filha de Dom Pedro II e de sua esposa Teresa Cristina.
Acabou sendo nomeada herdeira presuntiva do
Brasil, porque os dois filhos homens do imperador, Afonso Pedro e Pedro Afonso,
faleceram ainda na infância e isso forçou o imperador a nomeá-la herdeira do
trono do Brasil. O título “herdeira presuntiva” era dado no caso de não existir
melhor opção de herdeiro para o trono.
Antes
de assinar a Lei Áurea, a Princesa e seu grupo seleto de amigas passaram a se
engajar abertamente em atitudes abolicionistas. De acordo com Eduardo Silva no
livro “As Camélias do Leblon e a abolição da escravatura”, em 1888, “não
faltava ao esquema nem mesmo o apoio de importantes damas da Corte.
As
personagens serão interpretadas pelas atrizes Andréa Dutra que dá vida a
Isabel, Flávia Miranda no papel de Amandinha Paranaguá e Adelaine Taunay,
representada por Mônica Campos. Maria Amanda Paranaguá Dória, amiga íntima,
dama a serviço da princesa Isabel e baronesa de Loreto. Nascida em Salvador, em
1849, “Amandinha”, como era carinhosamente chamada, pertencia a uma família que
experimentou uma ascensão social considerável a partir do processo de
Independência do Brasil.
Adelaide
Carolina Amalia de Escragnolle Taunay é filha do antigo professor de francês e
desenho de D. Pedro II, Félix Émile Taunay, pintor nascido na França, que viria
a dar aulas às princesas. Foi amiga de Isabel a vida toda. Tinha como irmão, o
Visconde de Taunay, conhecido pela publicação de romances como “Mocidade de
Trajano” e “A retirada da Laguna”.
O
material vai destacar a participação das mulheres, que especialmente nos
núcleos urbanos, encontraram condições favoráveis para inscrevem-se no espaço
da política ainda que desempenhando atividades circunscritas às atribuições
entendidas à época como próprias das qualidades femininas e maternais.
A veiculação do
projeto será realizada pelas plataformas digitais da Xdaquestão Produções no Facebook e Instagram @xdaquestaoproducoes e ainda através do Youtube Xdaquestão Produções,
de acordo com o cronograma abaixo.
(Edição: 14/03/2021)
Postar um comentário
Gostou da matéria? Deixe seu comentário ou sugestão.