Especial Petrópolis em Cena
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Tão importante quanto se alimentar de forma equilibrada, com refeições ricas em nutrientes e vitaminas, e a prática regular de exercício físico, é ter uma boa qualidade de sono. Você dá a devida importância ao descanso do seu corpo?
Com o slogan “Sono regular, Futuro Saudável”, o Brasil e diversos países
comemoram, nesta sexta-feira, o Dia Mundial do Sono. Conversamos com um
especialista sobre o tema para esclarecermos como deve ser o processo saudável
do sono.
Distúrbios do sono
Temíveis, mas uma realidade presente na vida de milhares de pessoas no mundo, os distúrbios do sono interferem diretamente na rotina e no bem-estar. Os mais comuns são relacionados à capacidade de pegar no sono, manter o sono e, por fim, a qualidade do sono.
“De longe, a insônia, seja terminal ou inicial, e a perda da qualidade do sono,
conhecida como apeia do sono, são os distúrbios mais comuns. Depois temos as situações
especiais relacionadas ao aumento da quantidade do sono ou da qualidade, que
seriam questões de parasoníase, como terror noturno, em que o paciente tem
sonhos vívidos e desperta em um estado agudo de ansiedade, e o sonambulismo, alteração
do sono relacionada ao indivíduo que tem movimentos, posturas e que faz
vocalizações, aparentando estar desperto, mas se encontra em uma fase que a
gente chama de no reino do sono. Essas são as principais queixas dos pacientes
nos consultórios”, explica Dr. Leonardo Martins, neurocirurgião, médico
cooperado da Unimed Petrópolis, que também atua no serviço de neurocirurgia do Hospital
Clementino Fraga Filho, da UFRJ.
Qual é a quantidade ideal de horas para dormir?
O médico explica que não existe um número mágico de horas para se dizer que a pessoa tenha que dormir. O que importa é se a quantidade de tempo dormido é de um sono restaurador.
“Em média, a maioria da população dorme entre 6 e 8 horas. Ao dormir são liberadas várias substâncias importantes para o restabelecimento do organismo. É importante frisar que cada pessoa tem uma dinâmica de sono. Por exemplo: se um indivíduo dorme 8 horas, o outro dorme 10 horas ou dorme 4 horas, o tempo que cada um precisa para restabelecer o funcionamento adequado do organismo, é o que vai definir a qualidade desse sono. Se essas pessoas não têm perda na produtividade, na concentração e se julgam que esse número de horas dormidas é adequado para restaurar o bem-estar delas, não consideramos que esse volume de horas maior ou menor seja anormal. Obviamente, se a pessoa dorme bem e se a qualidade do sono for boa, a pressão arterial vai cair, o hormônio cortisol vai baixar, tendo impacto direto no sistema cardiovascular e no sistema respiratório, gerando bem-estar”, destaca o médico.
Doenças que afetam a qualidade do sono
Algumas doenças pré-existentes colaboram para o surgimento de quadros de insônia, gerando fadiga, falta de atenção e irritabilidade.
“Há de se levar em conta que a insônia é um distúrbio primário do sono, quando se encerra em algo neurológico, mas pode ser secundário quando um paciente diabético, com refluxo, hipertenso ou deprimido, apresenta alterações no sono. O ideal é que seja levado em consideração na hipótese diagnóstica insônia inicial por ansiedade, e insônia terminal, geralmente, por depressão. Quando estamos ansiosos, pode ocorrer uma insônia inicial, com dificuldade de pegar no sono. Em compensação, quando o indivíduo pega no sono adequadamente, mas no meio da madrugada acorda, isso pode estar associado à depressão. Na insônia terminal, acordar muito cedo, antes do esperado, mediante análise do histórico do paciente, pode ser que esteja relacionado à depressão dita maior. Por isso, é fundamental levar em consideração as doenças associadas quando há queixa na qualidade do sono”, afirma o especialista.
A troca do dia pela noite: impactos na qualidade do sono
“Automaticamente, quando o indivíduo altera o padrão de sono acaba tendo consequências diretas na qualidade do sono, pois muda o ciclo metabólico. Em geral, a pessoa que dorme durante o dia terá o ciclo de hormônios e substâncias que são liberados durante o sono reduzidos. O nível de cortisol circulante vai continuar alto durante o dia e também à noite,quando ela estiver acordada. Geralmente, pessoas que trabalham em regime noturno apresentam distúrbios de sono, pois acabam não tendo um sono reparador. Nem todos conseguem se adaptar à essa inversão”, pontua o médico.
No caso da jornalista Daniele Moreira, dormir sempre foi complicado. No entanto, com a chegada dos filhos, a dificuldade em se adaptar à rotina das crianças prejudicou ainda mais a qualidade do sono.
“Eu tenho percebido que mesmo estando cansada, não consigo dormir. O sono não vem ou, quando vem, fica muito leve, acordo com qualquer barulho. Sempre tive um relógio biológico diferente. Funciono mais à noite e não tão bem pela manhã. O fato de não dormir bemme atrapalha muito no dia a dia, porque estou sempre cansada, às vezes irritada, com episódios de dor de cabeça. Geralmente, na hora de dormir fico ansiosa, pois quero dormir, mas sei que vai ser mais uma noite insone. Depois da chegada do Joaquim, principalmente, tudo mudou. Ele acorda cedo, então preciso levantar. À tarde, que é o momento do cochilo dele, eu não posso descansar, pois tenho a Laura que está em casa, com aulas remotas, e sempre precisa de ajuda. Então, tenho dormido cada vez menos”, conta Daniele Moreira, jornalista e apresentadora do Histórias de Mãe.
Saiba como prevenir alteraçõesno ritmo do Sono
Você já ouviu falar em Higiene do Sono? Sim, existe. São algumas medidas simples que devem ser adotadas por quem está em busca de uma qualidade ideal de sono.
“É preciso conhecer o seu organismo. Se você vai fazer exercício físico à noite e isso te deixa excitado, você certamente vai perder o sono. Então, é melhor se exercitar durante o dia, pois o exercício físico é bom para gerar bem-estar e favorecer o descanso durante o sono. Também é preciso estar atento ao consumo de substâncias estimulantes, como bebidas alcoólicas, com cafeína (café, chás, energéticos, refrigerante, etc) e certos medicamentos cardiovasculares, pois terão influência na qualidade do Sono. A pessoa que sofre com insônia deve evitar colocar televisão no quarto, usar celular, jogar videogame ou ler antes de dormir, pois se essas atividades geram excitação, com certeza, vão atrapalhar o processo tranquilo do sono. Adotar as medidas de higiene do sono e só utilizar o quarto para ter sua vida íntima e se preparar para dormir, é o que recomendo”, finaliza o médico.
Intervenção medicamentosa
A busca por auxílio médico deve ser considerada como a alternativa ideal para buscar qualidade de vida, entendendo que as doenças pré-existentes precisam ser tratadas com medicação específica.
“Eu não percebia a importância do descanso. Há 6 anos, o sono realmente não era uma prioridade e dormir passou a ser uma grande dificuldade. Fui ao neurologista, por questões de enxaqueca e falta de atenção. Ele me solicitou alguns exames e prescreveu alguns medicamentos, o que foi um susto para mim. A questão da insônia era apenas consequência de algo que ia muito além, fui diagnosticado com transtornos de ansiedade. Foi difícil aceitar o processo de tomar as medicações, principalmente, devido à minha vida espiritual. Tive que entender que realmente não estava bem e que se fazia necessária a intervenção medicamentosa, pois era uma questão química. Ao perceber que a medicação era um paliativo naquele momento, mas que não seria para sempre, mudou a minha percepção. Um ano depois, comecei o processo de deixar a medicação. Atualmente, já não tomo mais remédios e o meu organismo se adaptou a realmente descansar”, conta padre Guilherme Moroni.
Ao passar por um processo de tratamento medicamentoso, é importante que a pessoa reconheça a importância do descanso, do saber se desligar de tudo na hora de dormir. Seja qual for a sua realidade, se estiver com dificuldades e perceber que está prejudicando o seu desenvolvimento no dia a dia, procure ajuda médica. Sua saúde deve ser prioridade!
“Hoje percebo que é uma visão um pouco mais humana e tranquila da vida. Todo mundo tem trabalhos e muitas responsabilidades, mas a maturidade de separar e colocar cada coisa no seu devido lugar, irá garantir qualidade de vida. Atualmente, ajudo outras pessoas que estão passando pelo que passei, sempre mostrando essa relação que devem ter com os seus processos, especialmente, relacionados à necessidade da medicação”, explica o padre.
Padre Guilherme Moroni |
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