Will Lourenço |
Gisele Oliveira - Especial Petrópolis em Cena
Dizem que ninguém escolhe por quem vai se apaixonar e tampouco ser artista, pois a paixão pelo universo das artes já nasce com aqueles que se aventuram neste mundo de criações tão expressivas. A versatilidade e a paixão por formas únicas de expressão também vêm recheadas de encantos e muita criatividade. Essas certamente são duas características que fazem do petropolitano Will Lourenço um ilustrador digital que revela peculiaridades ao apresentar a sua forma de ver e pensar os diversos temas da sociedade.
“Na minha visão, o mais importante nesse trabalho de artes visuais é não só trazer uma visualidade agradável, mas algo que faça sentido para quem tem contato com o que é apresentado. Por isso, gosto de trabalhar com temas que trazem à tona assuntos e imagens que sejam pertinentes. Criei um personagem que mostra exatamente isso. Trata-se de um robô que trocou as suas peças masculinas, por femininas, trazendo a questão trans. Além disso, trabalho com personagens de todos os tipos, de todas as cores, de todos os gêneros. O interessante é que para trabalhar com essa forma de arte, preciso estudar os pares que represento. Eu penso que ninguém tem 100% de propriedade sobre aquilo que está fazendo e abordando. Então, é preciso pesquisar com as pessoas, conversar e trocar ideias para entender se de alguma forma a arte que está sendo produzida agride ou ofende quem na verdade está sendo representado. Tenho essa preocupação, além de ter a ideia de desconstruir a percepção de que a arte é algo intocável”, explica o Ilustrador digital.
Após vivenciar praticamente o dia a dia de todos os seguimentos artísticos, Will encontrou uma forma de expressar a sua veia artística através de ilustrações que chamam a atenção não só pela beleza, mas pela leveza e sutilidade utilizada ao revelar temas tão fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
“Como membro do grupo LGBTQIA+, sempre me sirvo de temáticas sobre a realidade trans e gay, geralmente não muito abordadas nas artes, de forma sutil e mais natural. Para compor o meu trabalho, também gosto de temáticas que trabalhem a decolonialidade, pensando a arte de outras maneiras, exaltando negros e pessoas que, até pouco tempo, foram vistas de uma forma que precisa ser desconstruída. Através da arte das visualidades, tento trabalhar com essa ideia de resistência, trazendo referências que não sejam brancas, europeias, mas explorando técnicas e estampas de outros lugares”, destaca Will.
A forma como se serve de cores na tonalidade neon, com traços próprios de quem olha o mundo através de um prisma de desconstrução, em prol da liberdade e das oportunidades de expressão, revela a alma desse artista e chama a atenção de quem tem contato com as produções.
“Gosto de trazer a ideia de que a arte é palpável, é para todos. Todo mundo tem arte e criatividade em si. Por isso, também busco fazer trabalhos em parceria com pessoas da minha faculdade. Às vezes, a pessoa faz o desenho e eu passo para o digital, dando o meu toque. É uma forma muito colaborativa de composição. Eu tento trazer as imagens de pessoas para o meu estilo de expressar a arte, com mais tons em neon, arte Pop, em vetor.Sempre tive aptidão para área artística. Comecei fazendo aula de teatro aos 15 anos. Me encantei pela dança, em 2010, e me encontrei na área, chegando a passar para a faculdade de dança na UFRJ, em 2011. Fiz um período do curso, e cheguei a participar da companhia de dança Universo Paralelo, da UFRJ, e comecei a realmente me aprofundar na área das artes”, revela.
A experiência de quem ingressou nas artes muito jovem, agora toma forma de um artista que deseja mostrar ao mundo os toques e a leveza que a arte tem para ser um agente de mudança transformador na sociedade.
“Por conta de greves, eu desanimei do curso de dança, mas sabia que a paixão pelas artes não sairia de mim. Depois eu trabalhei um período com moda e produção cultural, trazendo várias peças de teatro para Petrópolis, enquanto também dirigia algumas peças de teatro, com a Companhia Corpo em Cena. No ano passado, pensei em encontrar um curso que pudesse englobar tudo que eu já havia feito artisticamente: dança, teatro e moda, então optei por cursar Artes Visuais na UFJF. Desde então, estou fazendo licenciatura na área. Me encontrei na ilustração, uma forma de expressar a arte que vive em mim e que me transforma a cada dia”, conclui o ilustrador digital.
Com a chegada da pandemia, Will Lourenço encontrou uma forma de rentabilizar as suas produções artísticas, apresentando soluções visuais e reflexão, com uma pitada peculiar de encantamento diante da vida, ainda que estejamos enfrentando tantos desafios na luta contra a COVID-19.
“Estou montando uma loja virtual para vender algumas criações de visualidades não só com elementos pops como WandaVision, que teve a série e eu fiz uma ilustração, ou do Pantera Negra, mas também visualidades que façam sentido para quem observa, que realmente toque as pessoas. São ilustrações que têm o meu estilo, mas trabalham visualidades que não são muitos exploradas”, finaliza Will.
Para ficar por dentro das produções desse artista e obter as obras compostas para emoldurar em quadros, produção de capas de livro ou e-book, basta acessar o perfil do Will Lourenço no Instagram: @will_lourenco.
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