Dra. Ana Luísa Aleixo |
Estudos recentes apontam que os olhos podem ser afetados pelo novo
coronavírus. Para além dos sintomas que são observados tradicionalmente, como a
dificuldade para respirar, dor de cabeça, tosse e febre, outros podem ocorrer
nos olhos. De acordo com a oftalmologista Ana Luísa Aleixo, um dos quadros
observados é a conjuntivite, que é eventual e autolimitada.
"O Sars Cov-2 pode causar conjuntivite em cerca de 1 a
3% dos pacientes. As manifestações são leves e os casos bilaterais, rápidos e
autolimitados. O paciente pode perceber os olhos discretamente vermelhos,
lacrimejamento e desconforto discreto", explica.
Apesar de não ser comum o acometimento ocular na Covid-19, há
diversos relatos clínicos de problemas visuais que vão além da conjuntivite.
"Os relatos indicam que alguns indivíduos apresentam fotofobia, que é a
sensibilidade à luz e ceratite. Mas, raramente pode haver baixa de visão por
acometimento do nervo óptico, além de paralisias de nervos cranianos e até
oclusões arteriais e venosas da retina. Algumas alterações são decorrentes da
ação direta do vírus e outras do estado inflamatório e de hipercoagulabilidade
próprios da doença", detalha a Drª Ana Luísa.
Segundo a especialista, por se tratar de uma doença considerada nova é possível
que outras manifestações venham a ser associadas no futuro. Também é difícil
determinar uma relação causal direta e mais estudos são necessários para
determinar se todas são realmente causadas pela Covid.
Caso o paciente perceba qualquer alteração visual é importante procurar o
oftalmologista. Durante a pandemia, alguns especialistas estão atendendo na
modalidade de teleconsulta e orientação remota, que podem ajudar na triagem de
casos que precisam de atendimento presencial e podem tranquilizar o paciente em
casos leves.
A Drª dá ainda dicas para manter os cuidados em relação à saúde dos olhos, não
interrompendo tratamento e acompanhamento de doenças crônicas como o glaucoma.
Um outro problema frequente que vem sendo relatado é a questão do olho seco,
que pode estar associado ao uso inapropriado das máscaras. Quando o item está
mal adaptado, com o fluxo de ar direcionado para os olhos, pode aumentar a
evaporação da lágrima e levar a sintomas de olho seco.
Também devemos lembrar que
a mucosa conjuntival pode ser porta de entrada do vírus e por isso deve ser
protegida com face shield e óculos de proteção, em determinadas situações em
que há alto risco de exposição ao vírus. Nesse momento crítico da epidemia é
importante manter o distanciamento social, usar máscaras de boa qualidade
e bem adaptadas ao rosto. Além disso, não se pode esquecer de manter o
afastamento de 2 metros em filas e ambientes fechados, caprichar na higiene das
mãos e tomar a vacina quando chegar a sua vez", pontua a oftalmologista.
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