A equipe de arqueologia começou a atuar no local nesta semana buscando relíquias
A movimentação iniciada nesta semana no jardim do Palácio de
Cristal, um dos principais cartões postais de Petrópolis, vem chamando a
atenção de quem passa pela região, no Centro da cidade. No local, uma equipe
trabalha em pesquisa arqueológica para investigar a existência de material
histórico e cultural no terreno. O trabalho faz parte do projeto de reforma do
palácio, construído no século XIX para cultivo e exposições de hortícolas.
As ações em campo foram iniciadas após liberação do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Uma equipe de arqueólogos
está trabalhando na terra retirada das valetas escavadas no início da reforma
do espaço. Máquinas peneiram a terra e ajudam na busca por materiais com
relevância histórica e cultural. Além dos arqueólogos, a empresa contratada
para o serviço possui em seu staff uma historiadora, que fará a ligação das
possíveis descobertas ao contexto histórico do Palácio de Cristal.
“O Palácio de Cristal é um monumento de extrema importância para
Petrópolis. O local já foi usado como espaço de exposição hortícola e, no
século XX passou a ser sede de diversos eventos. Assim permanece até hoje”, diz
Roselene Martins, historiadora da Grifo Arqueologia, contratada pela Engeprat,
empresa responsável pelas obras do palácio, após licitação realizada pela
Prefeitura. “O trabalho arqueológico serve para resgatar a cultura material do
Palácio, para recuperar os vestígios de todas as pessoas que passaram por aqui
durante esse tempo”, explica.
Neste primeiro momento, o trabalho dos arqueólogos será analisar
toda a terra retirada na abertura das valetas para aterramento dos fios da rede
elétrica do Palácio. A expectativa é que no processo sejam encontrados
vestígios de material cultural de até 150 anos.
“Aqui já foram encontrados no primeiro dia, alguns fragmentos de
louças do século XIX e vidros provavelmente de procedência italiana. Após esse
trabalho de peneiramento dessas valas abertas que envolvem o palácio, serão
feitas algumas sondagens e o monitoramento contínuo das obras que serão feitas
aqui”, detalha Giovani Scaramella, arqueólogo que é diretor da empresa que
executa o serviço especializado no Palácio de Cristal.
O Palácio de Cristal é responsável por contar parte da história do
Brasil. Localizado na cidade planejada pelo imperador D. Pedro II, foi erguido
em um local onde ficava a Praça da Confluência ou de Passeio Público, onde
aconteciam exposições hortícolas e cultos religiosos públicos. A construção
ocorreu no ano de 1884. Uma estrutura pré-montada foi encomendada da Sociedade
Anônima Saint-Souver Lês Arras, na França pelo Conde d’EU e inspirada no
Palácio de Cristal de Londres e no Palácio de Cristal do Porto. Trata-se de um
presente entregue à sua esposa Princesa Isabel para que ela pudesse cultivar
suas flores e hortícolas.
Para o prefeito interino Hingo Hammes, que vinha trabalhando junto
da equipe da secretaria de Obras e da empresa licitada para autorizar o
reinício dos trabalhos nos jardins, os cuidados com o Palácio de Cristal são
importantes para a manutenção de um local tão representativo não apenas para os
petropolitanos, mas para os brasileiros. “Este trabalho de arqueologia é
importante para auxiliar no resgate da história de um local por onde tantas
pessoas já passaram. É um patrimônio da nossa cidade, por onde passa a história
do desenvolvimento do município e onde acontecem nossos principais eventos,
como a Bauernfest, consolidada como a segunda maior do gênero no país. A
retomada dos trabalhos nos jardins palácio e a expectativa de termos todo o
espaço reaberto ainda este ano traz uma enorme alegria”, frisa.
Para o Secretário de Obras Maurício Veiga ver o trabalho acontecer
é um presente ao esforço conjunto para entregar o espaço revitalizado. “Desde
que assumi a Secretaria de Obras em janeiro a convite do prefeito interino
Hingo Hammes, uma das minhas prioridades é devolver ao povo esse monumento tão
importante para Petrópolis, e estamos avançando cada vez mais para cumprir essa
missão”, disse.
Trabalhos paralisados
O trabalho de arqueologia faz parte do trabalho de obras no
Palácio de Cristal. Os trabalhos tiveram início em 4 de outubro de 2019 e os
serviços nos jardins foram paralisados no início de fevereiro de 2020 por uma
determinação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN),
que solicitou acompanhamento arqueológico. Ao longo de 2020, a empresa
vencedora da licitação acabou desistindo dos trabalhos e a segunda colocada –
Engeprat – assumiu o serviço em setembro.
Neste ano, ao assumir o governo municipal, a gestão interina se
empenhou e passou a atuar junto à empresa para garantir a retomada dos
trabalhos. Em março, as equipes chegaram a iniciar serviços no terreno (sem, no
entanto, mexer nos jardins), enquanto preparava a contratação do arqueólogo e,
em seguida, a elaboração do projeto arqueológico. Tudo com o apoio da
Secretaria de Obras. O projeto foi enviado para aprovação do IPHAN e, com o
retorno positivo do órgão de preservação, o trabalho arqueológico começou nesta
segunda-feira 24 de maio.
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