O trabalho, que havia sido interrompido no fim do ano passado, volta adaptado aos protocolos de saúde no enfrentamento à Covid-19
A cinoterapia, que promove bem-estar físico, emocional, cognitivo e social, e que tem o “melhor amigo do homem” como principal agente terapêutico, voltou a fazer parte do atendimento do Centro de Tratamento Oncológico - CTO, em Petrópolis, que trata pacientes com câncer. O serviço, prestado através da parceria com o Grupamento de Operações com Cães, do canil Rufus Von Kru Gdorf, da Guarda Civil, estava interrompido desde o fim do ano passado. Agora, volta adaptado aos protocolos de proteção à saúde, no combate ao novo Coronavírus e à Covid-19.
Devidamente higienizado, com um álcool de proteção próprio para pets, o Chico, um Golden Retriever de três anos, estava no gramado no CTO, aguardando, na manhã de terça-feira (15), o reencontro com “seus pacientes”. No novo local de trabalho, agora ao ar livre, para evitar aglomerações, deu boas-vindas ao Lucas, de 11 anos. “Ele dá a patinha”, lembra Lucas, que tem testado os truques, que vem aprendendo nestes encontros, com o Bob, o cachorro que agora ele tem em casa.
Desde novembro, o Lucas tem acompanhamento psicológico no CTO. “Ele desenvolveu um quadro de depressão, acompanhando o tratamento oncológico do pai”, relata a mãe, Patrícia da Costa, que já enxerga melhora. “O contato com Chico e com a Jujuba (a outra Golden Retriever do grupamento da Guarda Civil) tem feito muito bem a ele, que gosta muito de animais. Está mais alegre, mais solto. Ficava muito calado, se comunicava pouco e agora está bem melhor”.
A psicóloga do CTO, Cristina Volker, explica que a cinoterapia ajuda especialmente no combate ao estresse pelo qual passa o paciente oncológico, que vive um tratamento muito difícil. “Infelizmente, a pandemia impediu a continuidade desse trabalho (cinoterapia). O que foi uma grande perda para o paciente oncológico e para a família, que adoece junto também”, pontua a psicóloga que vê uma diferença qualitativa no tratamento com a ajuda dos cães. “É sempre o ‘ah, o cachorro’, ‘qual o nome?’, ‘posso colocar a mão?’. As terças-feiras eram sempre dias de alegria”, conta.
Para viabilizar o retorno, foi necessária muita adaptação. “Foram vários protocolos e estudos. O álcool em gel que seria necessário para utilizarmos no paciente oncológico, o álcool ou produto a ser passado no cachorro para não prejudicá-lo. Foi um estudo grande, longo, para criar um protocolo adequado especialmente para o paciente oncológico, que tem uma imunidade baixa. Decidimos pela utilização do espaço externo, que também é bonito e acolhedor”, informa Antony Araújo, gestor operacional do CTO.
Os encontros com Chico e a Jujuba agora voltam a encher de alegria quem passa por um processo difícil no tratamento do câncer. “O trabalho acontece há cinco anos e só foi interrompido pela pandemia. Agora será realizado todas as terças-feiras, às 9h30”, informa Cláudia Panisola, relações públicas da Guarda Civil.
E o Chico e a Jujuba, filhos da Lola, uma cadela que deu início a esse trabalho, voltam a frequentar um espaço que eles conhecem desde muito novos. “Eles já vinham para cá desde filhote, com dois meses. Foram escolhidos pelo temperamento, pela raça, por serem de fácil socialização. Quando a gente se aproxima do CTO, eles ficam super animados. Eles já sabem que vão interagir com os pacientes. É um trabalho que envolve sensibilidade e naturalidade, que acontece desde o treinamento, que permite que o cachorro seja espontâneo”, Leandro Lopes, cinotécnico e treinador.
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