Gisele Oliveira - Especial Petrópolis em Cena
Emily e Letícia no dia do casamento |
Um protagonista que chama a atenção da
humanidade desde sempre. Seja através das relações pessoais, das ficções nas
telas de cinema ou mesmo nas histórias de conto de fadas, não há como negar que
o amor se faz presente no dia a dia e arranca muitos suspiros. Fato é que,
desde que o mundo é mundo, expressar o amor é um ato nobre, diretamente
relacionado às experiências mais marcantes na vida de um ser humano.
Ao longo da história, o amor é
encontrado nas suas mais variadas formas, estilos e gêneros. Neste Dia dos
Namorados, vamos celebrar esse sentimento que proporciona um colorido especial
ao mundo. Em pleno Século XXI, preconceito é uma palavra que merece ser riscada
do dicionário, concorda? Se a expressão do seu amor é hétero ou homo, isso não
importa. Por isso, separamos quatro histórias de casais que vivem momentos de
companheirismo, amizade colorida e muito amor.
Para começar, vamos conhecer a história da Letícia e da Emily. Entre uma tatuagem e outra, nasceu um sentimento que iria transformar a vida das duas. No início, a família de Emily se opôs à relação, mas através de diálogos sinceros, todos entenderam o quanto eram essenciais uma na vida da outra.
“Minha família sempre foi muito
conservadora. No momento oportuno, quando encontrei essa mulher incrível, eu já
sabia que seria algo diferente, senti a necessidade de juntar esses dois
mundos, minha vida amorosa e a convivência com a minha família. Como todo
início, foi um processo até conquistarmos o respeito e a admiração de todos.
Hoje, temos um relacionamento muito bom”, afirma Emily de Brito Corrêa Périco,
modelo, acadêmica de Educação Física e estagiária de futebol no Flamengo.
Ao contrário da família de Emily, os
familiares de Letícia apoiaram o relacionamento desde o início. No dia do sim,
a celebração foi realizada pelo pai da tatuadora.
“Como diz o Lulu Santos ‘quando um
certo alguém desperta um sentimento, é melhor não resistir e se entregar’.
Sempre tive uma base familiar muito forte e livre de preconceitos, graças a
Deus. Estamos juntas há 4 anos, 1 ano e meio de namoro e 2 anos e meio de
casamento. Neste dia dos namorados, eu desejo que todas as pessoas consigam
enxergar as qualidades e os motivos pelos quais estão com a pessoa que ama,
para que possam se deixar levar pelo amor. Convenhamos, não há nada melhor
nesse mundo do que estar apaixonada”, destaca Letícia Périco Peixoto de Brito,
empresária e tatuadora.
Carlos e Igor |
Bem recente, ainda com o gostinho dos
primeiros encontros e aquela sensação de que a vida está repleta de surpresas
agradáveis, bem do jeitinho que a gente fica ao começar a conhecer a pessoa
amada, sabe? Pois é, assim está sendo a vida de Igor e Carlos. Os dois se
conheceram através das redes sociais, mas foi subindo a Serra de Petrópolis que
se encontraram pessoalmente.
“Foi o primeiro encontro mais
improvável e mais maravilhoso que o universo poderia nos preparar! Sou grato
por cada segundo. Lembro que fiquei chateadíssimo ao perceber o quão curto é o
percurso Rio x Petrópolis. O amor que sinto pelo Caê é algo um pouco além da
linha temporal. Uma vez, ouvi que o tempo é a quarta dimensão e o amor é a
quinta. Me baseio nesta última para falar sobre o que sinto por ele. Estamos
juntos há 5 meses, mas é um amor tão maduro que parece irracional quando digo
que são poucos meses juntos. Eu não sou homossexual, sou bissexual. Minha
relação com Deus nasceu com a minha família, mas foi na Igreja Católica que eu
criei laços firmes com Deus e continuo participando das obras de caridade, pois
todos sempre foram respeitosos comigo e nunca sofri nenhum tipo de ataque. Aqui
na cidade nunca fomos desrespeitados, mas o número de olhares curiosos para nós
dois andando de mãos dadas é gigantesco. É sempre o mesmo olhar, primeiro olham
para as nossas mãos e depois para gente”, conta Igor Fortuna, engenheiro e pesquisador.
Para viver a essência de quem é,
Carlos passou por muitos momentos de sofrimento. A reação de amigos e
familiares ao assumir a sua sexualidade foi ótima, mas a realidade ao lidar com
a homofobia nas ruas foi muito dura.
“Desde o princípio da minha identidade
sexual, minha homossexualidade esteve presente. Penso que, ao assumirmos quem
somos, assumimos também uma responsabilidade moral, ética e política e,
infelizmente, nós acabamos nos expondo às violências reacionárias. No entanto,
o meu maior medo na exposição à violência veio em outubro de 2019, quando
caminhando pela cidade de Niterói, às 20h, fui espancado por dois homens em uma
movimentada rua da zona sul da cidade. As agressões duraram pouco mais de 5
minutos, mas deixou muitas marcas em mim. Talvez não haja momento melhor para
se falar de amor, se não daquele que se manifesta no cuidado, palavra que caiu
em desuso na sua potência, mas o amor em nada suporta sem todo cuidado que
podemos ter. Nestes dias de tanto amor dito, é preciso que as pessoas cuidem não
apenas de quem amam, mas também do desconhecido, dos outros seres. Sem cuidado,
amor algum floresce ou transborda”, destaca Carlos Côrtes, pedagogo e pesquisador.
Daiane e Callum em Edimburgo (capital da Escócia), no dia em que foi pedida em casamento |
Daquelas histórias dignas de cinema e
também muito parecida com o que a gente lê nas obras de um livro de romance do Nicholas
Sparks, o encontro de Daiane e Callum arranca suspiros e nos faz acreditar que
o grande amor da nossa vida pode nos encontrar no lugar mais inusitado. Em 2017,
durante uma excursão pelo Leste Europeu, a jornalista conheceu o escocês. O
primeiro beijo foi em Praga, na República Tcheca.
“Eu sempre tive a consciência de que o
amor da minha vida não estaria necessariamente na minha cidade natal ou até
mesmo no Brasil. Seria muito cômodo. Sem procurar, acabei encontrando minha
alma gêmea em um país que não era nem o meu, nem o dele. Foi o destino que nos
uniu. Foi muito difícil aguentar quatro anos de namoro a distância. Não era uma
ponte aérea Rio - São Paulo. Era uma ponte aérea Brasil - Escócia e com escala,
porque não tem voo direto. Além disso, a diferença entre real e libra é enorme,
então além de longas distâncias percorridas, muito do meu suado dinheirinho
também foi investido”, revela Daiane Machado.
Apaixonada e muito feliz, a jornalista
petropolitana foi morar na Escócia para viver seu grande amor. Agora casada,
ela registra as experiências vivenciadas no dia a dia em seublog (fuigosteifiquei.blogspot.com).
“Eu me casei com o meu melhor amigo. Amo
viajar e explorar novas culturas, portanto para mim foi muito natural a mudança
de país. Contanto que estejamos juntos, qualquer lugar no mundo será o nosso
lar”, afirma.
Thaís e Sarah |
Sarah e Thaís se conheceram um pouco
antes do início da pandemia, em uma resenha de amigos. Recém-chegada à cidade
de Paraíba do Sul, Sarah conta que ao conhecer a amada, já sabia que ali seria
o início de um grande amor.
“Mexeu comigo, sabe? Ela é muito linda
e brincalhona. No dia 16 de abril, começamos a namorar e atualmente estamos
morando juntas. Sou bissexual. Então, durante muito tempo eu preferi deixar de
lado a minha atração por mulheres e passei a só me relacionar com homens, pois
a aceitação da sociedade é muito melhor, mas quando conheci a Thaís, eu me
apaixonei de verdade. Já sofri muito preconceito. Amigas da escola já pararam
de falar comigo e os próprios pais achavam que eu seria uma má influência,
então acabavam afastando as filhas de mim. Em Paraíba do Sul, as pessoas são
muito conservadoras. No trabalho mesmo, um chefe já me chamou para me perguntar
sobre a minha orientação sexual e eu fiquei muito chocada, pois não era algo
que teria a ver com a minha profissão. Dói, sabe? Se eu fosse hétero, ele
jamais me chamaria para ter esse tipo de conversa. Colegas de trabalho faziam
apostas entre si sobre a minha sexualidade. Quando descobri, foi terrível.
Então, como diz a canção de Beto Guedes, Amor de índio, ‘Todo amor é sagrado’.
Somos felizes”, finaliza Sarah Rocha Corrêa, modelo.
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