O “Nascimento” faz parte de seu sobrenome. Mas, é desta forma, que o motorista de ônibus Carlos Alberto descreve o momento atual, ao conseguir completar 52 anos de idade, nesta quinta-feira, horas após ver a morte de perto. O rodoviário conduzia o ônibus da linha 401 – Independência, que foi arrastado pela correnteza até o rio. Junto com outros colegas rodoviários e pessoas de um condomínio, o motorista ainda lutou contra a força da natureza, conseguindo resgatar vários passageiros.

 

Na tarde da última terça-feira, a correnteza que se formou na Rua Washington Luiz, arrancou a estrutura da pista e arrastou dois ônibus da empresa Petro Ita para o rio. Além da linha 401, o ônibus que fazia a linha 465 – Amazonas também não resistiu à força das águas.

 

O motorista Carlos Antônio de Faria, de 45 anos, estava dirigindo o segundo coletivo. De acordo com ele, mesmo diante do cenário catastrófico, os rodoviários se uniram para tentar salvar as pessoas que estavam nos ônibus.

 

“O rio ainda estava sob controle, sem jogar água na pista. Estávamos seguindo itinerário para o bairro, porém, alguns metros à frente, após a UPA, veio uma onda em direção aos coletivos. Como recomendado, paramos os ônibus na pista, para deixar a água baixar e seguir viagem, posteriormente”, contaram os rodoviários.

 

Imediatamente, os profissionais acionaram a alavanca de emergência dos coletivos, fazendo com que as janelas fossem retiradas, proporcionando a saída de alguns passageiros com a ajuda de rodoviários que estavam no ônibus, através de uma corda lançada por pessoas em um condomínio na região. “Lançaram cordas em nossa direção, que foram amarradas nos ônibus e em portões, colunas e poste da via, sendo possível começar a fazer o resgate dos passageiros, com a ajuda das pessoas do condomínio, a quem somos extremamente gratos”, contaram os motoristas.

 

Segundo relatos dos motoristas e cobradores, a queda de uma barreira na região foi o que provocou o maior desastre. “Com o impacto da queda, a força da água balançou o ônibus, fazendo com que os veículos começassem a ser arrastados, não sendo possível salvar mais ninguém”.


 

Dor e sofrimento

 

A impossibilidade de dar suporte às demais vítimas geraram memórias difíceis de esquecer aos heróis rodoviários.

 

“Eu não sei quem é o pai daquele menino que eu não consegui pegar. Mas, ele pode estar certo que a dor que está sentindo é a mesma que eu estou. Eu só quero que Deus conforte muito a família. Aquela criança era tudo o que eu queria ter segurado”, contou em lágrimas o motorista da linha 401, Carlos Alberto. A dor e o sofrimento também toma conta do profissional Carlos Antônio, da linha 465. “Eu só queria salvar todo mundo. Só isso”, concluiu.

 

Nesta quinta-feira, os profissionais já retornaram ao trabalho. Mesmo abalados, como todos os petropolitanos, os colaboradores sabem da importância que possuem para a continuidade do funcionamento da cidade. “Muitas pessoas dependem dos ônibus. Vários motoristas não conseguiram voltar ao trabalho. A população depende de nós”.



Assista ao vídeo:




Post a Comment

Gostou da matéria? Deixe seu comentário ou sugestão.

Postagem Anterior Próxima Postagem

PUBLICIDADE

 


PUBLICIDADE