Dr. Thiago Coronato |
A palavra de origem inglesa, que tem como tradução literal "esgotamento”, nunca foi tão evidenciada como nos últimos anos. Burnout é o nome utilizado oficialmente em medicina como um fenômeno do contexto ocupacional, diretamente relacionado à exaustão do trabalhador em relação às suas atividades profissionais, representando um estado físico e mental de adoecimento desencadeado por circunstâncias específicas do trabalho.
“Classicamente, essa doença provoca uma tríade representada por um estado de exaustão emocional (falta de energia para lidar com as demandas do trabalho), despersonalização (no sentido de distanciamento e frieza emocional) e a redução da realização pessoal, processos esses que desencadearão uma série de outros sintomas psiquiátricos, como: ansiedade, angústia, irritabilidade, sofrimento na véspera do momento de ir para o trabalho, insônia, entre outros. Está francamente relacionado a uma resposta de exposição prolongada aos estresses específicos do trabalho, havendo melhora dos sintomas quando o indivíduo está fora do contexto laboral”, explica o médico psiquiatra Thiago Coronato, professor da Faculdade de Medicina dePetrópolis (UNIFASE).
As demandas de trabalho no dia a dia geram um desgaste natural, que geralmente não afeta a saúde do trabalhador. No entanto, quando a pessoa perceber que as atividades profissionais estão sobrecarregando o seu estado emocional, é preciso ficar atento e adotar algumas medidas de prevenção.
“É necessário que os trabalhadores respeitem os seus limites, não excedam o horário de trabalho, não acumulem atividades para além de suas funções, respeitem o horário de almoço, lanche e repouso, não levem atividades do trabalho para casa, ou para além do horário oficial de trabalho, além de manterem uma vida saudável, alimentando-se bem, praticando exercícios físicos regulares e hobbies que possam servir como ‘válvulas de escape’ emocionais. Fazer terapia também é uma forma de lidar com as frustrações e trabalhar novas formas de conduta para aquisição de resiliência, que auxilia nas situações específicas e estressantes do trabalho. A pandemia trouxe aspectos complicados principalmente para quem esteve em regime de “home office”, criando uma fusão do ambiente domiciliar com o de trabalho. O novo momento, pós-pandemia, tende a criar novamente uma diferenciação necessária tanto ambiental quanto dos limites do tempo do trabalho na vida de cada um. Espera-se que esses limites tragam novamente mais qualidade a todos, pois não devemos trabalhar em tempo integral, pelo bem de nossa saúde mental”, destaca o psiquiatra.
A qualidade do período de descanso é fundamental para que os profissionais não se sintam esgotados diante das obrigações no trabalho. É preciso que cada pessoa esteja atenta para que as atividades laborais não levem a um processo de adoecimento relacionado ao esgotamento, que acontece no estado de sobrecarga física ou mental relacionada ao estresse específico de trabalho.
“O ideal é que cada um, dentro do seu perfil de atuação, consiga se organizar para ter uma rotina de trabalho em que não exija tanto de si a ponto de chegar ao seu limite, com um esgotamento pleno, esse é um dos segredos para conseguir lidar com a rotina estressante no dia a dia de trabalho. Na hora do almoço, a pessoa pode buscar uma forma de relaxar, ouvir uma música, ler um livro, conversar com os colegas, mas nada relacionado ao trabalho, e usufruir de pequenos momentos fracionados ao longo do dia para dar uma respirada e arcar com as suas responsabilidades no trabalho. O sono é um processo importantíssimo na prevenção de doenças, pois é o momento de reparação do nosso corpo. Dormir pelo menos sete horas por dia é o ideal para que o organismo tenha uma recuperação nos seus processos físicos, mentais, neurológicos e endocrinológicos. A qualidade do sono é justamente a chave para que o trabalhador não entre em um processo de exaustão completa que vai levar à doença”, finaliza o psiquiatra.
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