Presidente do BNDES, Gustavo Montezano e professor Jonas Masetti |
Evento movimentou mais de R$ 2 milhões
Foram quatro dias de muita música, dança, trocas, autoconhecimento, estudos, rituais, orações, ensinamentos e celebração do conhecimento e da cultura dos povos originários indiano, indígena e de matrizes africanas em Petrópolis. Assim foi o I Festival Indiano de Vedanta eAutoconhecimento, que aconteceu no Parque de Exposições de Itaipava, de 19 a 22 de maio de 2022. Sucesso de público, o evento, um dos maiores encontros de autoconhecimento e espiritualidade do Brasil, entra agora para o calendário oficial de festividades do município e a próxima edição já está sendo pensada.Para o próximo ano, o professor tradicional de Vedanta Jonas Masetti, idealizador do evento, pretende propagar ainda mais o festival reunindo mais lideranças e em especial se dedicar à construção do seu projeto chamado de Gurukulam ou "casa do professor" como é conhecido no brasil, local onde professores vivem juntos e estudam tradicionalmente como é feito na Índia.
OI Festival promoveu diversas práticas da tradição védica: como Vedanta, Yoga, Meditação e Homma e reuniu várias lideranças da cultura védica e dos povos originários nacionais e internacionais, com o intuito de mostrar que todos os caminhos ancestrais da Terra levam ao autoconhecimento e todas as tradições têm um ponto em comum: a busca pela harmonia, pela paz e pela felicidade. A maioria dos participantes veio de fora de Petrópolis e estima-se que cerca de R$ 2 milhões tenham sido movimentados para a economia da cidade, incluindo hospedagem, alimentação, transporte e lazer.
O evento foi promovido pela família de alunos do professor Jonas e contou com o apoio do Consulado Geral da Índia, da Prefeitura de Petrópolis e do Centro Cultural Swami Vivekananda. Durante os quatro dias, cerca de 5 mil pessoas participaram de uma programação diversa e gratuita, com aulas de vedanta, práticas de meditação, palestras, rodas de conversa, yoga, Kung Fu, além de danças e música.
Em especial, foi a primeira vez que a cerimônia do fogo (homma) em grandes proporções foi realizada em solo brasileiro, com mais de 1000 pessoas que meditaram aos sons de seus mantras ao nascer do sol. Essa homma foi liderada pelo sr. Dravichandram (Chatur-vedi), que veio com um grupo de brahmanes da Índia onde foram entoados os cantos sagrados do Rudram com diversos outros mantras com intuito de abençoar a cidade que passou recentemente por uma enchente, invocar no Brasil a qualidade de ser uma casa para união das culturas dos povos originários e pedir pelo autoconhecimento e qualificação mental para o estudo de Vedanta.
Estiveram presentes diversos professores e personalidades da tradição védica em especial o indiano Jyothi Ananda, astrólogo védico e cineasta que apresentou, pela primeira vez, o trailer de seu novo filme, Rudram e a profa. Glória Arieira, que foi agraciada, em 2020, com uma das maiores honras civis da Índia, o Padma ShriAward; e é a claro o prof. Jonas Masetti, também conhecido por Vishvanata e reconhecido pelo governo indiano como embaixador da cultura védica nas Américas.
Dentre as lideranças dos povos originários estiveram presentes o pajé Maná Shanenawá, da aldeia brasileira Kene Merá da Amazônia, o chefe norte americano Vernon Foster, ancião da nação Klamath/Modoc, o cacique Flydjwa, da tribo Fulni-ô do nordeste do Brasil, o Humbono Rogério representando os povos de matriz africana, o mestre Ricardo Viana representando as práticas ancestrais do Kung Fu e Abuela Adriana Ocelot, representando a ancestralidade Mexicana e Norte Americana.
“Esse festival ressignificou muita coisa, ele reacendeu uma chama que estava um pouco fraca, de que é possível nos juntarmos enquanto povos originários e falarmos a nossa mensagem, que passa pela alegria, pela tradição e pela gratidão... Esse festival foi maravilhoso, estar com os brahmanes indianos lado a lado comigo me brotaram lágrimas nos olhos, são pessoas que lutam pelo bem da humanidade e para preservar sua cultura e é exatamente o que fazemos aqui no Brasil. Esse evento foi mágico”, comentou Humbono Rogerio, representante da matriz africana dos povos originários.
Um dos destaques do primeiro dia do festival foi a presença do cônsul da Índia e do prefeito da cidade de Petrópolis. Ambos expressaram a intenção de que essa parceria entre Índia e Brasil se fortaleça no futuro. “Que este evento seja o início de uma caminhada de conexão entre Petrópolis e a cultura indiana”, disse o prefeito Rubens Bomtempo na cerimônia de abertura. O prefeito ainda expressou sua gratidão pelo festival estar acontecendo em Petrópolis. “A cidade estava precisando muito de orações e da retomada da economia”.
Vale citar que o festival foi pensado inicialmente para acontecer na cidade do Rio de Janeiro, na praia de Copacabana. “Mudamos para Petrópolis justamente porque sentimos que a cidade necessitava do nosso acolhimento após as duas tragédias que ela enfrentou”, segundo os organizadores do evento.
Foi destaque na abertura do evento a conversa entre o prof. Jonas Masetti e o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, com o tema “O papel da espiritualidade para os novos rumos da sociedade”, onde se viu tangível o papel da espiritualidade no desenvolvimento social e econômico, e o Brasil, liderado pela tradição védica, permitindo essa fusão cultural de transformação.
Dentre os apresentadores o evento contou com a rainha da bateria da Portela Bianca Monteiro, que trouxe a energia do samba, da força e liberdade do povo brasileiro para conduzir o público.Também participou do evento o renomado arquiteto brasileiro Indio Da Costa, que está responsável por materializar na cidade de Petrópolis, a construção do primeiro Gurukulam de Vedanta e Sânscrito no Brasil sob a direção do Professor Jonas.
A estrutura do festival estava impecável, funcional e aconchegante. Além da tenda principal, as barracas de comidas vegetarianas e indianas permitiram que os participantes ficassem o dia todo no evento para usufruir de toda a programação.
A cerimônia de encerramento contou com a presença de todas as lideranças dos povos originários e encerrou com o sentimento de missão cumprida e com a mensagem “Nosso coração não está em despedida, pois estamos sempre conectados”. Homenagens também foram feitas ao prof. Jonas Masetti e sua esposa Denise Kesari. “Me sinto muito bem” foram as palavras emocionadas do professor após a homenagem. “Esse foi o primeiro de uma jornada de muitos festivais”, confirma Masetti.
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