Mais um mês de junho começa e o período simbolizado pela cor violeta está repleto de campanhas que alertam tutores sobre doenças oftálmicas nos animais e algumas destas patologias podem provocar a cegueira nestes bichinhos. Por isso, é fundamental estar cada vez mais atento ou atenta a esta região no focinho do peludo. O diagnóstico precoce também na oftalmologia pode evitar menor sofrimento e ajudar no controle do tratamento clínico do animalzinho.
De acordo com a médica veterinária Natacha Pereira, com atendimento exclusivo em oftalmologia veterinária, na Clínica Amigo Bicho, em Petrópolis, um dos problemas mais comuns é a catarata, que não dói e tem cura, sendo que a cura é cirúrgica, devolvendo a visão destes animais. “O bichinho tendo uma retina saudável, é possível retirar a catarata cirurgicamente e implantar uma lente intraocular, com a mesma técnica feita em seres humanos e o paciente volta a enxergar”, explica.
Outra patologia bastante comum é o glaucoma, que provoca dor e ainda não possui cura. “A gente começa o tratamento clínico, com colírios e a resposta vai depender muito do organismo do paciente. Enquanto o organismo responde a este tratamento, seguimos tratando. Quando o colírio não surte mais efeito, segue-se para as cirurgias oftálmicas, que podem ser das menos sofisticadas até os lasers. Vai depender do estado de visão do paciente. Quando não há mais visão, resposta e há muita dor, acaba-se optando pela enucleação, que é a retirada do globo ocular”, destaca a veterinária.
É importante definir que o glaucoma é uma deficiência na função de drenagem do humor aquoso, que é um líquido que circula dentro do olho, constantemente produzido e drenado. Quando ocorre uma deficiência neste sistema de drenagem, a pressão intraocular aumenta, causando o glaucoma, cujas causas podem ser primárias ou secundárias, sendo que existem glaucomas congênitos, secundários a tumorações, além dos de ângulo aberto e ângulo fechado.
Todos os cães ou gatos podem apresentar problemas, mas as principais raças com predisposição ao glaucoma são fox paulistinha, chow-chow e shih-tzu. “Quando o tutor decide por uma raça, o ideal é que a pessoa procure por informação quanto às predisposições, temperamento e criador que está realizando a venda do animal. Uma vez que o animal já esteja com a família, a orientação é estar sempre olhando a esclera, parte branca dos olhos, que deve estar sempre branquinha. Se os vasos começarem a ficar muito dilatados, se o olho ficar muito esbugalhado, pode ser sinal de pressão intraocular”, alerta.
Diferentemente do que as pessoas pensam, as doenças oftálmicas nos animais, normalmente, ocorrem de forma juvenil e não em idade avançada por conta dos cruzamentos consanguíneos, entre irmãos ou pais com filhos. Assim, os genes recessivos onde estão as patologias vão se encontrando e as doenças vão acontecendo neste quadro de predisposições e doenças congênitas. Como cuidados, a indicação é o uso de colírios lubrificantes, o que estimula o tutor a prestar atenção à superfície ocular
É muito comum que os casos já cheguem aos veterinários em um estado muito avançado. Isso acontece porque os animais não vocalizam dor crônica e sim, dor aguda. Por exemplo, quando eles levam um tombo ou um pisão. Na dor crônica, eles costumam ficar mais quietinhos, amuados e prostrados e os tutores acham que essa mudança de comportamento tem relação com o aumento de idade e não levam o animal ao médico veterinário. É importante salientar que o normal de um animal é que ele esteja brincando independentemente da idade.
“Por isso que quando a doença aparece, eles chegam em um estado muito avançado diferente do que ocorre nos humanos, já que uma pressão intraocular entre 20 ou 22 milímetros de mercúrio, provoca intensas dores de cabeça no ser humano. Quando um animal chega à clínica com glaucoma agudo, às vezes, ele já está com 80 milímetros de mercúrio de pressão, o que é bastante grave”, finaliza Natacha.
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