Dra. Eliane Freire Figueirinho - Odontopediatra



Gisele Oliveira - especial para o Petrópolis em Cena


Formada há 25 anos e com vasta experiência na área da saúde bucal, a renomada odontopediatra Eliane Freire Figueirinho chama a atenção, especialmente das mães, para um tema que ainda é pouco conhecido: a anquiloglossia. Quando o tema é amamentação, essa condição está totalmente associada às dificuldades que muitos bebês têm em fazer a correta sucção do seio, o que acaba prejudicando esse processo de intimidade, acolhimento e amor que é tão importante para as mães e para a saúde dos bebês. 

 

“Existem várias pregas consideradas freios orais na nossa boca. O freio que está mais relacionado com a amamentação é o freio lingual, o único que não se alonga e não muda durante a vida. Ele é uma membrana que conecta a língua ao assoalho da boca. Quando existe uma anomalia congênita caracterizada por um freio lingual curto, essa condição é capaz de restringir os movimentos da língua, o que chamamos de anquiloglossia e precisa de uma intervenção cirúrgica”, explica a odontopediatra, Eliane Freire Figueirinho.

 

A especialista destaca que o movimento da língua é importante para todas as funções orofaciais de sucção, deglutição, mastigação e para o desenvolvimento correto da fala. Quando um bebê tem o freio lingual curto, a primeira dificuldade será na amamentação, mas pode desencadear outras ao longo da vida. Por isso, é fundamental que todo recém-nascido faça o teste da linguinha ainda na maternidade.

 

“O bebê que possui esse freio lingual curto não consegue fazer corretamente o movimento de ordenha do leite, podendo causar alguns fatores, como: dores na amamentação, feridas nos mamilos, a não extração correta do fluxo de leite, irritação do bebê, desequilíbrio muscular, refluxo, porque pode entrar ar durante a amamentação etc. O teste da linguinha virou lei em 2014, sendo obrigatório ser feito nas maternidades em todo o território nacional. Esse teste deve ser feito por fonoaudiólogos ou por odontopediatras. Durante esse procedimento é que se descobre o diagnóstico da anquiloglossia (língua presa). Gosto de enfatizar que esse diagnóstico é interdisciplinar. Muitas vezes existe uma série de profissionais envolvidos para se chegar ao diagnóstico correto: odontopediatra, fonoaudiólogo, pediatra, osteopata e consultores de amamentação”, frisa.

 

Uma vez diagnosticada a anquiloglossia, o indicado é que a criança passe por um procedimento cirúrgico, chamado de frenotomia lingual ou frenectomia lingual. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, crianças maiores e adultos que apresentem dificuldades na fala por conta da língua presa também podem ser submetidos a essa cirurgia para reparação do freio lingual. 

 

Dra. Eliane durante cirurgia de frenotomia lingual ou frenectomia lingual


“Essa cirurgia pode ser feita por um odontopediatra ou por um médico otorrinolaringologista. Existem dois tipos de cirurgia: a tradicional, onde se usa o bisturi ou a tesoura, e a com laser cirúrgico, onde é usado o laser de iodo e há pouco ou nenhum sangramento. Apesar de ser uma cirurgia invasiva, é relativamente rápida e com boa recuperação. No pós-cirúrgico, é de extrema importância um acompanhamento imediato com um fonoaudiólogo para o sucesso da cirurgia. Quando a criança já é maior, com 4 ou 5 anos, também pode se fazer essa cirurgia desde que diagnosticada a anquiloglossia e prejuízos na fala. Geralmente nessa idade, nós recebemos os pacientes que são encaminhados por um fonoaudiólogo. Há casos também em que as crianças maiores e adultos que possuem anquiloglossia não apresentam problemas na fala, pois essas pessoas tiveram uma compensação muscular. O corpo utilizou de outros músculos para que a fala não fosse prejudicada. Nestes casos, não há necessidade do procedimento cirúrgico, pois houve um desequilíbrio da harmonia dos músculos para que a fala dessa pessoa ficasse preservada”, salienta a odontopediatra.

 

O tema sobre freios orais ainda é uma grande novidade em todas as partes do mundo. Recentemente, a odontopediatra Eliane Freire Figueirinho participou do I Congresso Brasileirode Freios Orais e Amamentação, realizado em São Paulo. Na ocasião, profissionais de diversas partes do país participaram do evento com o objetivo de aprimorar os conhecimentos na área.



A cirurgia pode ser feita por um odontopediatra ou por um médico otorrinolaringologista


“Estão sendo apresentados muitos estudos relacionados a essa área e ainda precisamos que sejam desenvolvidas muitas pesquisas neste segmento, mas o Brasil está se destacando. Nesse primeiro congresso Nacional, falamos muito sobre os estudos que estão sendo realizados.

 

Graças ao teste da linguinha, estamos evitando muitos desmames, pois antes havia muitos casos de sub tratamentos, não havia diagnósticos corretos. Por outro lado, hoje existe um sobre tratamento, tendo bebês que não possuem anquiloglossia sendo operados sem necessidade. Por isso, repito que é um tema interdisciplinar que precisa da atenção especializada da odontopediatria, fonoaudiologia, osteopatia, pediatria e consultoria de amamentação.

 

A cultura do desmame está sendo cada vez mais atacada e com razão. Os profissionais da área da saúde estão mais unidos para ajudar as mães a terem uma amamentação com mais qualidade, pois este deve ser um período priorizado, uma vez que tem extrema importância para a saúde e para o bom desenvolvimento do bebê”, finaliza a odontopediatra petropolitana.


  

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