Martha de Lima / Foto: Reprodução Redes Sociais |
A organizadora do livro “Oboré”, Martha Batista de Lima vai estar em Petrópolis nesta sexta-feira (16), às 18h, para o lançamento da obra no Café 22, no centro de Araras. O livro Oboré, nasceu no desenvolver do Terceiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade, em dois eventos que aconteceram na semana dos povos originários em dois momentos da primeira semana do mês de agosto de 2021, respectivamente. Com objetivo de fazer registro das falas de sete representantes indígenas, sete povos de diferentes etnias sendo cinco mulheres e dois homens.
Esses representantes foram sugeridos por uma comissão composta por Martha de Lima, Joziléia Kaingang, Kerexu Yxapyry, por Vicente Góis e outros. A organizadora optou por selecionar de uma lista robusta a maioria das palestrantes do sexo feminino, como alternativa de evento em que a cultura ancestral, é comumente representada por caciques e, geralmente homens. A ideia era que cada etnia estivesse representando um bioma diferente. Assim, foram sugeridos pelas próprias palestrantes, eixos temáticos mais abrangentes nos dois momentos e não uma linha temática.
O livro surge como forma de registro histórico, pois este momento vivido no congresso é também um momento em que os povos originários estão enfrentando todo tipo de cerceamento: de direitos, perda de territórios, invasões por mineradoras, pandemia da covid-19, incêndios porintolerâncias religiosas, ataques inclusive do Governo Federal em forma de projetos e de leis absurdas. Estas falas no evento virtual, foram concebidas por nós como um som, um chamado para reunir e resistir na força do som das palavras proferidas por essas mulheres e homens indígenas nesse momento de emergência que todos devem ouvir o chamado da terra.
Quando um Xamã Tapuia – conhecedor e estudioso da cosmovisão Guarani, educador e palestrante, autor da literatura indígena – fala sobre resistência e lutas. A terra esta falando... Da mesma forma, quando a mulher indígena doutora em antropólogia, educadora, e liderança feminina, pesquisadora e palestrante está falando pelo seu povo, falando da sua história e também da sua cultura. A terra fala por intermédio dela. A terra está falando quando um professor cineasta, mestre em linguística, palestrante ativista traz as imagens do seu povo, da sua sobrevivência e da sua língua. A terra também fala, através de seus filmes documentários sobre sua cultura. A terra também fala – por meio da professora que faz pesquisa e documentação de estudo etno-histórico, mestrado com premiação nacional, indo para seu doutorado em arqueologia – que pesquisa a história de um povo que, por muito pouco, não foi dizimado e narra também sobre o legado que sua juventude indígena recebeu dos anciões e a história do contato com o colonizador, uma experiência que foi drástica!
A Terra fala pela da voz da ativista indígena – professora, mestra em desenvolvimento sustentável e doutoranda em Antropologia que faz da oralidade sua via de “lutalitura”, como ela mesma afirma a leitura e literatura construída na luta – usa da linguagem como um convite ao pensar e refletir a história e os contextos dos acontecimentos atuais e passados. A Terra fala por meio da Arte como interação com o sagrado e o segredo, a arte como expressão dos saberes e de estar no mundo. A Terra fala pelas formas, símbolos, mantos e cores de uma indígena artista e ativista dos direitos humanos. Finalmente a terra fala por meio da presença e resistência da líder Guarani, indígena foi reconhecida Cacique em uma quebra de padrões de escolhas de lideres pelo masculino, foi a primeira Cacica a ser reconhecida liderança de um povo no Brasil, também gestora ambiental, mestranda em desenvolvimento sustentável.
Ela que defende a homologação das terras indígenas no Morro dos Cavalos – Palhoça - SC, lutando contra interesses alheios ao território indígena e contra as perdas de direitos. As mídias, os livros são ocupados por estas falas poderosas, porque a terra está falando e como que lembrando quando estas vozes surgiam com o uso do instrumento de sopro Oboré, usado pelos Tupinambás ancestrais, para reunir o povo para orientação, um chamado para falar da luta, um chamado do povo para luta ou para a próxima atividade de vida coletiva, assim que essa metáfora foi sugerida por Kaká Werá. Precisamos de todos e todas. Ouçam o Oboré. Este livro nasce pela força da palavra, pelo poder da escuta, pelo fazer ou, mais especificamente, pelo “chamamento” ou “chamar mentes” com elas dizem. Convidamos para abrir a escuta sensível e para ouvir as falas, para ler as palavras eternizadas do noso livro Oboré quando a terra fala. Venham todos ouvir a terra!
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