Setembro Verde no Hospital Santa Teresa /Foto: Divulgação |
“Alcançamos pela primeira vez a marca histórica de mais de 50 mil pessoas na fila aguardando por um transplante. Precisamos entender que o transplante dá mais chances ao paciente continuar vivendo, com qualidade de vida e com menor custo para o sistema de Saúde”, esclareceu o presidente da Associação Brasileira de Transplantes (ABTO), o médico Gustavo Fernandes Ferreira, que também é coordenador do Serviço de Transplante Renal de Juiz de Fora, durante o ciclo de palestras promovido pelo Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, na última quarta-feira, para marcar o Setembro Verde.
Ferreira defendeu o amplo debate com a sociedade sobre a doação de órgãos para reverter o quadro atual de transplantes no país, que tem apresentado queda nos últimos três anos consecutivos. “O programa de transplantes do Brasil, que é o maior programa público do mundo, sofreu com os dois anos de pandemia, sendo duramente impactado pela redução de doações, mas também pela perda de pacientes transplantados e pacientes que aguardavam por um transplante”, contou o presidente da ABTO, ressaltando que também é importante ampliar a discussão sobre as doações de órgãos em vida, como é o caso do fígado e do rim. “Infelizmente, não é uma realidade dizer que os doadores mortos suprem a necessidade. A doação de pessoas vivas precisa ser lembrada como uma fonte importante de órgãos, já que propicia chances maiores de bons resultados para o paciente”, explicou, acrescentando que 186 mil pessoas realizam tratamento de hemodiálise no país, mas apenas 20% conseguem entrar na fila para espera de um órgão.
O médico Sandro Montezano, representante do Programa Estadual de Transplantes (PET), também participou do evento e ressaltou a lisura e transparência de todo o processo desde a identificação dos possíveis doadores até a realização da doação e a cirurgia do transplante: “São muitos itens de segurança aplicados durante todo o processo. O sistema é seguro e blindado para que não haja nenhum escape ético e legal que possam colocar em dúvida a credibilidade e seriedade do programa”, disse conclamando a sociedade e os profissionais de saúde a lutar pela causa. “Precisamos fazer muito mais porque existem muitas pessoas precisando de um órgão. No Rio de Janeiro, realizamos em média de 280 a 310 doações por ano, enquanto a fila só aumenta. Este ano, 1530 novos pacientes entraram na fila no Rio de Janeiro”, informou.
O evento também contou com a participação de duas pacientes transplantadas, Consuelo de Carvalho Leite e a triatleta Natanne de Oliveira, que contaram as suas experiências; da coordenadora de psicologia do HST, Jociane Gatto e da assistente social, Tamires Ferreira, que falaram sobre o acolhimento familiar; e dos enfermeiros Thauan Pereira e Julio Barros, que realizaram uma simulação de caso de morte encefálica.
O Hospital Santa Teresa é referência na região na captação de órgãos e o único hospital a contar com uma Comissão Intra-hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT). O trabalho na instituição é realizado desde 2006 e foi responsável por 55 captações na última década. “Este é um trabalho muito bonito que nos coloca entre os principais captadores do estado. Apesar de ser um momento de muita dor para a família, pode ser um alívio para quem precisa de um órgão. Atuamos dando conforto às famílias e ressignificando esse momento”, declarou Leonardo Menezes, que se despede da direção executiva do hospital.
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