Mastologista Carlos Vinícius Leite


Outubro se veste de rosa com a proposta de ressaltar a importância de o público feminino estar atento aos cuidados com a mama. É preciso destacar que o câncer de mama é o principal responsável por milhares de mortes de mulheres no Brasil. No entanto, também é um tipo de câncer que, se diagnosticado precocemente, possibilita tratamentos menos invasivos e a chance real de cura. Diante do diagnóstico da doença, as pacientes devem ficar atentas, pois algumas leis específicas foram criadas para oferecer respaldo e o acesso aos tratamentos adequados na luta contra esta doença.

 

“Recentemente, a lei 14.450 foi publicada no Diário Oficial e criou o Programa Nacional de Navegação de Pacientes para Pessoas com Neoplasia Maligna de Mama, que prevê o acompanhamento dos casos suspeitos e a confirmação do câncer de mama para prestar orientação e assim agilizar o diagnóstico e o tratamento da doença. Essa lei interage diretamente com a lei 12.732, que é conhecida como a lei dos 60 dias, garantindo o início do tratamento após o diagnóstico do câncer de mama, nesse período de até 60 dias. Essas duas leis ajudam a melhorar a jornada que as pacientes percorrem para vencer o câncer de mama”, explica o médico mastologista Carlos Vinícius Leite, professor da Faculdade de Medicina de Petrópolis (UNIFASE/FMP).

 

No Brasil, o Ministério da Saúde adota uma diretriz que define que apenas mulheres com 50 a 69 anos devem realizar o exame de rastreio mamográfico, ou seja, realizar a mamografia antes que percebam um nódulo na mama, com no máximo de dois anos de intervalo entre os exames.

 

“Essa estratégia não é pactuada pela Sociedade Brasileira de Mastologia, que preconiza realizar o exame de rastreio mamográfico a partir dos 40 anos. As duas estratégias, tanto a de prevenção quanto a detecção precoce, possuem o mesmo objetivo que é reduzir o número de mortalidade provocado pelo câncer de mama, mas atuam em vias diferentes. A prevenção visa que as pessoas adotem hábitos saudáveis e evite a exposição aos fatores de risco, para evitar o desenvolvimento da doença. A Detecção precoce quer que as pessoas descubram essa doença em sua fase mais inicial, para que possam tratar, tendo em vista as chances de cura e a possibilidade de evitar os tratamentos mais complexos”, destaca o mastologista.

 

Durante a campanha Outubro Rosa é enfatizado que há a necessidade de as mulheres também avaliarem a importância de algumas mudanças de hábito no dia a dia, adotando medidas mais saudáveis tanto na parte alimentar quanto na prática de exercícios físicos.

 

“A alimentação saudável é rica em legumes, verduras e frutas. É preciso que as pessoas evitem a ingestão excessiva de gordura, além da condição de obesidade. Em conjunto, essas ações diminuem significativamente as chances de uma pessoa desenvolver o câncer de mama, além de um importante papel na prevenção às doenças cardiovasculares, as duas principais causas de mortalidade da mulher atualmente. Entretanto, mesmo que essas medidas sejam colocadas em prática, ainda existe a possibilidade de um câncer de mama se manifestar. Por isso, ressalto que a detecção precoce da doença, que consiste na realização de exames, é o meio mais rápido e eficaz de se detectar a presença da doença em sua fase inicial, para que possamos direcionar os esforços e possibilitar o tratamento o mais rápido possível, visando a cura, caso o câncer de mama seja identificado”, salienta o médico.

 

O especialista também destaca que a cada ano a Campanha Outubro Rosa é uma importante aliada na conscientização do público feminino. A prevenção do câncer de mama passa por estratégias para reduzir o risco da doença se desenvolver, como a adoção de mudanças de hábito, como já mencionado. O mastologista aproveita para enfatizar um dos direitos essenciais após a luta contra o câncer de mama, a possibilidade de a mulher fazer a cirurgia de reconstrução mamária.


“O cumprimento das leis é de extrema importância para o tratamento oportuno da doença. Para nós, a Campanha Outubro Rosa é uma grande oportunidade de discutir a prevenção e a detecção precoce, além do acesso ao tratamento. Em geral, as mulheres também precisam entender sobre os fatores de risco modificáveis, como evitar o consumo de álcool, tabagismo e o sedentarismo. No mais, eu gostaria de frisar a lei 12.802 de reconstrução mamária, que estabelece o direito de realizar a cirurgia, quando houver condições clínicas para esse procedimento. Essa é uma etapa fundamental nesse processo, pois restabelece a autoimagem dessas pacientes”, finaliza o médico.

 

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