Bianca Wilbert
 


Gisele Oliveira - Especial Petrópolis em Cena


O mundo pode ser um lugar pequeno quando entramos na dinâmica de falar sobre sonhos, projetos e objetivos. Naturalmente, o ser humano carrega em si toda a vitalidade necessária para realizar o que almeja. É claro que o projeto de vida de cada pessoa é muito particular, mas essa chama que arde dentro do peito, com o desejo de realização, faz parte do dia a dia da maioria das pessoas. Para alcançar os objetivos traçados, é necessário que se tenha também coragem e uma grande dose de ousadia. Esses ingredientes não faltaram na vida da petropolitana Bianca Wilbert, que cresceu e se formou no Ensino Médio na Cidade Imperial, participou com muito orgulho do Coral das Meninas Cantoras de Petrópolis e com todo o conhecimento adquirido, decidiu desbravar o mundo. 


“Foi um período muito especial da minha vida. Praticamente passei toda a minha infância cantando no coral, pois fiquei dos 6 aos 18 anos. Hoje, vejo como foi importante ter sido apresentada ao mundo da música tão pequena e ter aprendido não só música clássica, mas disciplina, responsabilidades e comprometimento, coisas que foram essenciais na minha formação pessoal. Acho muito legal que as crianças tenham essa oportunidade de serem introduzidas no mundo das artes e do esporte para ajudar nesse processo de formação. Fico triste que o coral tenha acabado, pois era um patrimônio histórico da cidade de Petrópolis. Fica a minha gratidão ao maestro Marco Aurélio por todo o trabalho realizado conosco e pela experiência incrível de ter feito parte do coral”, comenta.


No evento Casa Brasil em Israel em comemoração ao Bicentenário da Independência do Brasil


Com o desejo de continuar os estudos na área de Ciências Sociais, Bianca precisou se mudar para a capital, onde ingressou na Universidade Estadual do Estado do Rio de Janeiro.


“A minha escolha profissional foi meio que acontecendo. Eu tinha muita vontade de aprender mais sobre história e cultura, por isso decidi estudar Ciências Socais na UERJ. Me formei na área e me especializei em antropologia. Depois disso, cursei Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pois a minha intenção inicial era juntar as duas áreas e fazer um mestrado em antropologia visual. No entanto, quando finalizei a faculdade de comunicação, acabei entrando nesse universo do jornalismo e segui a carreira toda na área de comunicação em vários seguimentos, atuando em diversas empresas. Durante a faculdade, eu dei aulas de inglês em cursos e fiz algumas especializações de técnicas de ensino da língua inglesa fora do país para estrangeiros. Eu não fazia ideia de que essa questão da educação faria parte da minha vida mais para frente. Atuei como professora de inglês dos meus 17 aos meus 25 anos. Fui um período super rico da minha vida, com experiências incríveis. Fiz algumas viagens muito especiais, melhorei o meu inglês. Foi um período realmente muito legal”, explica.


No início da vida profissional, Bianca não imaginava que toda a sua trajetória a levaria para o Oriente Médio, onde poderia desbravar novos horizontes, bem distantes das terras brasileiras. Em 2020, a jornalista e antropóloga decidiu se mudar com a família. O destino escolhido foi Israel, país que passou a ser o seu lar.



Na cidade de Haifa, Israel, quando recebemos o navio-escola do Brasil



“Por ser antropóloga, a gente aprende a olhar para outras culturas com uma visão mais curiosa. A lei israelense garante cidadania automática para todos os judeus que vêm morar em Israel. Como a nossa família é judia, a gente tinha esse direito. E quando pensamos em migrar do Brasil em busca de melhor qualidade de vida, a gente pensou obviamente em um lugar que a gente tivesse todas as garantias e por isso viemos para cá”, frisa.


No Brasil, Bianca conquistou sólida carreira tendo trabalhado na área de relações públicas de grandes grupos empresariais, como a Globo, a Record, o Multishow, canal Off de esportes radicais, canal Bis de música, entre outros. Especialista em conteúdo digital, a jornalista se mudou para Israel trabalhando na modalidade remota para o grupo Globo, mas decidiu ir além e buscar novas oportunidades no país em que escolheu viver. 


“Viemos para cá no meio da pandemia, em 2020. Eu ainda trabalhava para o grupo Globo na área digital. Tinha a questão do fuso horário que era meio complicada, porque a diferença é de seis horas para frente. Em determinado momento, decidi prestar o concurso para o Itamaraty que foi aberto para trabalhar na área de cultura na Embaixada do Brasil, aqui em Israel, e tem sido uma experiência maravilhosa, porque a gente cresce em um país e absorve toda a cultura que permanece dentro da gente. Consegui reunir duas coisas muito importantes para mim, que é divulgar a cultura brasileira no país em que estou vivendo e, ao mesmo tempo, aprender muito sobre a cultura daqui. A gente fez um grande evento em comemoração aos 200 anos de Independência do Brasil, onde tivemos a oportunidade de contar um pouco mais sobre a história do país na Casa Brasil”, destaca.


O trabalho realizado pela Embaixada do Brasil promove a disseminação da Cultura Brasileira através das artes, especialmente das músicas e da capoeira, mas abrange também a área de negócios, mostrando como o mercado nacional é rico.


Bianca com a filha Sarah nas ruínas da cidade de Cesareia em Israel


“Essas ações acabam abrindo portas para que as pessoas queiram aprender a língua portuguesa. As músicas e a capoeira trazem um grande apelo pelo conhecimento da nossa língua. Atualmente, dou aulas de português para israelenses, o que é um grande desafio, e para crianças que são filhas e netas de brasileiros que também querem ter contato com a língua portuguesa para manter suas raízes fortes. Fico muito feliz de estar juntando esses dois mundos. É um desafio gostoso de viver diariamente”, frisa. 


Como toda mudança, a ida da família para Israel também estabeleceu alguns desafios. Quando o assunto é o idioma do país, é necessário um grau extra de vontade de aprender e muita dedicação. Para a filha do casal, Sarah, de apenas 11 anos, o desafio foi em dobro. As aulas na escola são todas em hebraico.


“O idioma nacional é o hebraico, mas também falam o inglês e o árabe. As mudanças sempre têm um impacto, ainda mais quando a gente chega para morar em um outro país, sem entender muito bem o funcionamento das coisas. Eu tinha uma noção mínima do idioma, mas não falava com fluência, porque o hebraico é um idioma muito difícil de aprender. Só depois que você consegue entender a lógica do idioma, que começa a fluir. A princípio, a minha preocupação foi muito grande em relação à adaptação da minha filha, que foi para escola onde o idioma em que todos os professores estavam dando aula era o hebraico. A Sarah já tinha alguma noção, mas com o passar do tempo ela nos surpreendeu, se adaptou rápido e já fala o hebraico fluentemente. Até consegue fazer as aulas de matemática em hebraico, o que eu considero uma grande conquista”, salienta.


Para concluir o nosso bate-papo, perguntei quais eram as avaliações da Bianca no novo país em relação ao Brasil. Sem dúvidas, há mais coisas em comum com a nossa cultura do que seria possível imaginar em um país do Oriente Médio.


“O povo aqui também é muito informal, as pessoas são leves, um país animado. Todos abrem um sorriso quando eu digo que sou do Brasil, não só aqui, mas em vários países em que estive. Acho muito legal que as pessoas tenham essa percepção do povo brasileiro. O clima aqui é ensolarado durante boa parte do ano. Tem uma cidade chamada Tel Aviv, que é muito parecida com o Rio de janeiro. As pessoas aqui gostam muito do Brasil e sempre são receptivas a tudo que vem do Brasil. Em relação às diferenças, existem muitas em relação à cultura no Oriente Médio. Aqui tem pessoas de várias nacionalidades, em um espaço territorial curto. Israel é do tamanho do estado de Sergipe. Então, você está o tempo todo escutando diferentes idiomas, de pessoas de todos os lugares do mundo. É um desafio, mas a gente acaba aprendendo muito sobre culinária, comportamento, idiomas e as próprias culturas de vários países e acaba tendo uma vivência de tudo que acontece no mundo através de pequenas comunidades que vivem aqui. O que eu mais gosto de Israel é o estilo de vida bem simples. O país todo é voltado para o contato com a natureza, nos finais de semana as pessoas estão na praia, nos parques, acampando. Não existe violência urbana, então a sensação de segurança é maravilhosa. Você tem uma segurança que, infelizmente, nos meus últimos anos no Rio de Janeiro não tive experiências boas, coisa que me afligia muito, especialmente ao ver o crescimento da minha filha naquele ambiente. Então, a qualidade de vida aqui é um ponto fundamental para nossa família”, salienta.


Bianca e  Sarah na cidade de Cesareia


O Brasil permanece no coração da família em lugar de destaque e, em breve, a família deve retornar ao território brasileiro, mas apenas a passeio.


“Temos uma longa caminhada por aqui, para aprender e experimentar. Hoje, meus planos são focados em acompanhar o crescimento da minha filha, ajudando-a a enfrentar os desafios que surgirem ao longo do caminho e sempre me especializar na minha área profissional. Claro, pretendo voltar ao Brasil para visitar meus amigos e familiares. O amor pelo Brasil está com a gente, independente de onde a gente esteja vivendo”, finaliza.

 

 

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