Coleção Geyer / Foto: Divulgação



Johann Moritz Rugendas, Emil Bauch, Thomas Ender, Friedrich Hagedorn, Eduard Hildebrandt e Augusto Müller são alguns dos artistas e cientistas germânicos que registraram a paisagem humana e natural do país.

 

Em 1999, o casal Maria Cecília [1922–2014] e Paulo Geyer [1921–2004] doou ao Museu Imperial, em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, sua coleção de arte e a casa que a abriga, no bairro carioca do Cosme Velho. Em 2014, a Coleção Geyer foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), tornando-se Patrimônio Cultural do Brasil. O conjunto era considerado a maior brasiliana em mãos particulares do país.

 

A partir desta coleção preciosa de 4.255 pinturas, gravuras, desenhos, mapas, livros de viagem e objetos, os curadores Maurício Vicente Ferreira Júnior, diretor do Museu Imperial, e o historiador de arte Rafael Cardoso selecionaram 200 obras, para reconstituir parte da contribuição germânica [alemães, austríacos e suíços] à formação cultural do Brasil do século XIX, completada por peças do acervo do Museu Imperial e itens emprestados da coleção particular de Flávia e  Frank Abubakir.

 

Nasceu, assim, a mostra O Olhar Germânico na Gênese do Brasil, em cartaz desde 21 de maio de 2022, no Museu Imperial, sob patrocínio da Unipar, através da Lei de Incentivo à Cultura. A exposição acaba de ser prorrogada até 15 de janeiro de 2023, e pode ser visitada de terça a domingo, das 10h às 18h, com o fechamento da bilheteria às 17h.

 

“Ao contrário do que preconiza o senso comum, que costuma enfatizar a relação com a França, a participação de artistas de língua alemã foi intensa e constante ao longo do período, desde as missões científicas dos anos 1810 e 1820 até a influência mítica do pintor Georg Grimm na década de 1880, passando por empreendimentos litográficos e fotográficos importantes como a Casa Leuzinger. A exposição recupera o legado desses artistas através das obras de Thomas Ender, J.M. Rugendas, barão de Löwenstern, Ferdinand Pettrich, Augusto Müller, Friedrich Hagedorn, Eduard Hildebrandt, Franz Keller, Ernst Papf, Emil Bauch, entre outros, oferecendo uma visão nova e vibrante do Brasil numa época formativa para a ideia da nacionalidade”,  declara a curadoria.


 

Cena política internacional

As relações com os países de língua alemã antecedem o Brasil independente e a existência de Alemanha, Áustria e Suíça como Estados-Nação modernos. Foi no século XIX que os dois universos culturais se aproximaram. Com a derrota definitiva de Napoleão Bonaparte, a ordem política internacional começou a se redesenhar no Congresso de Viena, em 1814-15. Foi ali que o Império Austríaco e o Império Português, então sediado no Rio de Janeiro, começaram a firmar uma aliança estratégica – expressada pelo casamento do príncipe D. Pedro de Alcântara com a arquiduquesa Leopoldina, filha do imperador austríaco Francisco I, em 1817.


A comitiva que acompanhou a futura imperatriz em sua vinda ao Brasil incluiu os naturalistas Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius, incumbidos pela Academia de Ciências da Baviera de realizarem longa viagem de pesquisa pelo país. Trocas efetivas se ampliaram a partir de então.

 


A exposição

O Olhar Germânico na Gênese do Brasil está dividida em núcleos que contemplam os temas: Rio de Janeiro à vista – pinturas de paisagem com temática do RJ; Retratos da vida da corte – retratos de notáveis do Império; Olhar a gente brasileira – obras com figuras anônimas, a maioria aquarelas e desenhos; Imaginar o Brasil – livros e estampas litográficas relacionadas a vistas e viagens pelo país, e O olhar do colecionador, instalação com imagens e objetos da Casa Geyer.

 

 

 

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