PETRÓPOLIS. O período de afastamento escolar é importante para oxigenar a mente, reforçar os aprendizados e estimular os pequenos para um novo ano. Mas para além da preocupação do que fazer para ocupar a rotina de crianças e adolescentes nessa época, é necessário se atentar para alguns sinais que podem interferir diretamente no desempenho das atividades na retomada, como as doenças oculares, que em muitos casos são silenciosas, mas impactam no dia a dia na sala de aula.
De acordo com a oftalmologista Ana Luísa Quintella Aleixo, responsável pela Oftalmo
Clínica de Petrópolis e Doutora em Infecções pela Fiocruz, a maior parte das
crianças não se queixa de baixa de visão e que até os 7 anos de idade, esta
função ainda está em desenvolvimento. Mas ressalta que o maior problema é
quando apenas um lado é atingido, fazendo com que impactos à saúde ocular sejam
mantidos por toda a vida.
“Existe um mito de que o primeiro exame deve ser feito somente antes da
alfabetização, mas isso é um grande erro. Começar o ano checando a visão e
trocando os óculos pode fazer toda a diferença para o rendimento escolar e para
a vida dessa criança. Um grande problema é a falha de desenvolvimento da visão
chamada de ambliopia ou olho preguiçoso. Se um dos olhos é menos usado por um
grau mais alto ou por estar desviado, o cérebro se esquece dele e as conexões
do olho com o cérebro não se estabelecem adequadamente, gerando uma sequela
para toda a vida. A baixa de visão também pode impactar o desenvolvimento da
criança e o rendimento escolar”, destaca a médica.
A especialista reforça que um dos exames indicados para os pequenos é o teste
do olhinho, feito na maternidade, depois repetido no consultório do
oftalmologista entre 6 e 12 meses. A partir dos 3 anos já é possível fazer um
exame ocular bem mais completo e ele deve ser realizado anualmente a partir
dessa idade. As consultas de oftalmo pediatria, merecem atenção especial, dada
a importância do desenvolvimento visual, já que diagnósticos atrasados, podem
impactar toda a vida do indivíduo.
“A consulta da criança não é igual à dos adultos. Por isso é preciso atenção
redobrada à motilidade ocular, além de testes de visão de cores e de
profundidade. Cada criança é única e o médico oftalmologista usa uma série de
estratégias e técnicas para conseguir examinar e testar a visão até de crianças
que ainda não falam. Algumas condições oculares podem até ameaçar a vida,
como por exemplo o retinoblastoma, que foi o caso da filha do Tiago Leifert.
Esse tumor pode ser curado em mais de 70% dos casos, mas para isso é preciso
fazer o diagnóstico precoce”, detalha Ana Luisa Quintella Aleixo.
Cuidados e atenção durante as férias podem evitar transtornos oculares
Um dos aspectos que deve ser observado em relação às crianças e adolescentes no
período em que estão mais em casa é a utilização de dispositivos digitais.
Desde a pandemia, os itens como celulares, televisão e computadores, têm
dominado ainda mais a rotina. Entretanto, além de causar problemas como o olho
seco, podem dar indícios de que não está tudo bem. A especialista reitera a importância
dos pais e tutores estarem atentos ao comportamento visual das crianças e
orienta procurar ajuda do médico não somente diante de sinais e sintomas, mas
também de forma preventiva nas consultas anuais.
“Crianças que se aproximam dos objetos e telas para enxergar, que inclinam a
cabeça para focar, que tem dor de cabeça, olho vermelho ou lacrimejamento estão
dando sinais que algo está errado com a visão. Já o desvio ocular e o reflexo
pupilar branco ou diferente entre os olhos sinalizam risco de doença grave e
essas crianças devem ser examinadas com urgência. É necessário que pais e mães
observem seus filhos e levem ao médico oftalmologista para consultas de rotina,
não esperando um sinal aparecer”, reforça Ana Luisa.
Uma das dicas para as férias é aproveitar atividades ao ar livre, inventar
brincadeiras e tomar cuidados para acidentes domésticos.
“Recomendo extrema atenção ao armazenar produtos químicos e material de limpeza, objetos cortantes, líquidos quentes no fogão e brinquedos perigosos. Armas de brinquedo, bodoques e canetas com laser pointer também oferecem risco para os olhos. E para quem for à praia ou usar piscinas, não se deve abrir os olhos debaixo d’água, devem usar boné, filtro adequado nas pálpebras e bons óculos de sol”, pontua a médica.
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