PETRÓPOLIS. A obesidade
infantil é um problema de saúde pública no mundo e no Brasil não é diferente.
Dados do relatório público do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e
Nutricional revelaram que mais de 340 mil crianças com idades de cinco a 10
anos foram diagnosticadas com obesidade no Brasil. O relatório foi divulgado no
ano passado pelo Ministério da Saúde e refere-se a pacientes acompanhados na
atenção primária à saúde.
“Os números são preocupantes, principalmente quando analisamos o quadro global.
Segundo o Atlas Mundial de Obesidade, os índices de crianças obesas em todo o
mundo podem chegar a aproximadamente 400 milhões de crianças até 2035”, analisa
a nutricionista Marcella Tamiozzo.
A profissional aponta as causas e as consequências da questão, e salienta
que essas causas são multifatoriais.
“Existem fatores genéticos, alterações hormonais, sono insuficiente - já que o
sono ajuda no desenvolvimento -, problemas psicológicos como ansiedade e
depressão, tempo excessivo dedicado às telas. Tudo isso pode influenciar o
estado nutricional, favorecendo o ganho de peso excessivo, porém o
desequilíbrio alimentar e o sedentarismo são as principais causas da obesidade
infantil”, avalia a professora do curso de Nutrição da Estácio.
A nutricionista explica que a obesidade infantil é caracterizada por um excesso
de gordura corporal e o diagnóstico pode ser realizado através do IMC (Índice
de Massa Corporal), uma equação que utiliza o peso e a estatura do paciente e o
resultado obtido é classificado em baixo peso, sobrepeso, obesidade ou
normalidade. Através dessa avaliação antropométrica é possível identificar a
obesidade infantil.
Mas o que preocupa as autoridades não são os fatores estéticos da obesidade e
sim os problemas de saúde que podem ser desencadeados com ela: hipertensão e
distúrbios metabólicos, como a alteração da glicose e do colesterol. Marcela
Tamiozzo destaca que os problemas de saúde podem ser de longo prazo,
influenciando no desenvolvimento de outras doenças.
Até mesmo alguns problemas de saúde mental podem aumentar ainda mais o risco de
desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis na idade adulta como
câncer, doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão.
A nutricionista observa que é importante investir em uma alimentação saudável e
incentivar a prática regular de exercícios.
“Priorizar o consumo de alimentos mais naturais como frutas, verduras, legumes,
carnes mais magras, cereais integrais e reduzir o consumo de alimentos
gordurosos, alimentos açucarados, alimentos processados podem contribuir para a
redução do número de casos de obesidade”, pontua.
A professora do curso de Nutrição da Estácio chama a atenção para o fato de que
a criança só come o que é oferecido a ela e é responsabilidade dos pais e
cuidadores orientar corretamente essa alimentação. Os responsáveis também podem
aproveitar o período de férias para incentivar uma alimentação
correta e a prática de exercícios físicos, além de cuidar para que os
pequenos durmam bem.
“São medidas que, juntas, podem promover um maior sucesso no tratamento. Ao
incentivar a alimentação saudável desde a infância, os responsáveis contribuem
com o desenvolvimento adequado da criança e conseguem também prevenir a
obesidade e as doenças desencadeadas por ela. Nos primeiros anos de vida é que se
formam os hábitos alimentares. Se temos uma alimentação saudável, estamos
fornecendo ao nosso organismo os nutrientes para que ele possa funcionar bem,
nos deixando mais saudáveis e prevenindo vários problemas de saúde”, conclui a
nutricionista.
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