PETRÓPOLIS. O Instituto TJNS
(Todos Juntos Ninguém Sozinho) deu início neste mês de agosto ao curso híbrido
“Racismo Ambiental e Crise Climática: Compreendendo e Enfrentando as
Consequências das Chuvas de 2022”, realizado de forma gratuita para lideranças
comunitárias, estudantes e vítimas da tragédia que devastou o município de
Petrópolis, na Região Serrana do Rio, com mais de 234 mortes. A programação tem
levado informação e orientação ao público que mais lida com as famílias
impactadas diretamente e tem como meta a busca por melhorias por parte dos
agentes envolvidos.
“Essa iniciativa surgiu quando
eu comecei a observar a falta de letramento racial, ambiental e climáticos das
lideranças comunitárias. E são elas que movem o grande trabalho com famílias
vulnerabilizadas durante as tragédias e no pós, precisam estar cientes para
trabalharem juntos, buscar justiça climática, acompanhar, cobrar e trabalhar
junto do poder público com informações que adquirirem. Petrópolis está muito
atrasada quando falamos de discussões sobre clima e historicamente é um
município afetado por tragédias propriamente ditas ambientais, quando sabemos
que há muito que o poder público deve trabalhar para evitar”, explica a
Presidente do Instituto, Pamela Mércia.
O trabalho está sendo
realizado através da aprovação em um edital da Casa Fluminense, trazendo cinco
encontros online e um presencial, além de dois fóruns de discussão para
estimular diálogos e trazer propostas de soluções. Os encontros trazem
convidados com ampla atuação e trajetória na área, como representantes da
Defesa Civil, Ministério Público, Defensoria Pública, além de representantes do
poder executivo e legislativo. “A ideia é ter pessoas que atuam na área em
diálogo com alunos que são as pessoas afetadas, para que haja abertura para
escuta e proposta de soluções coletiva, partida de quem é afetado pelo Racismo
Ambiental e pelas catástrofes ambientais que há anos atingem a cidade de
Petrópolis”, pontua Pamela.
As primeiras aulas discutiram
o racismo ambiental e crise climática, contando com um tour online pelo museu
da memória negra de Petrópolis. O encontro explorou as interseções entre os
dois conceitos, reunindo Lucas Ventura e Pamela Mércia. No segundo, o
representante da Defesa Civil, Rodrigo D’Almeida, trouxe uma análise das
condições climáticas e meteorológicas que levaram às chuvas intensas em 2022,
avaliação dos impactos socioambientais nas comunidades afetadas e estudo de
casos de regiões específicas atingidas pelas chuvas e seus desdobramentos.
O terceiro encontro em
parceria com o Cine Pagu, explora a relação entre raça e distribuição desigual
de riscos ambientais, a discussão sobre a segregação espacial e suas
consequências para comunidades marginalizadas, além da análise de como a
desigualdade racial agrava os impactos da crise climática. Na aula 4, o
geógrafo Fernando Pessoa, traz como tema a resposta e resiliência comunitária,
com estratégias para fortalecer a resiliência de comunidades afetadas pelas
chuvas, estudo de casos de ações comunitárias bem-sucedidas, área de risco e processos.
A aula cinco traz a Drª Denise
Tarin do Ministério Público do Rio, apontando soluções para mitação e
adaptação. Já no último encontro, os representantes da Defensoria Pública,
Guilherme Pimentel e a advogada de Direitos Humanos, Karol Cerqueira, trazem os
temas “Construindo uma Sociedade Mais Justa e Sustentável” e “Visão de futuro:
a construção de uma sociedade a partir dos direitos humanos”.
Realizado pela primeira vez em
julho, com dois encontros para pessoas de todo o Brasil, o trabalho alcançou
300 alunos e certificou 150 pessoas, com grande adesão de representantes do
Norte e Nordeste. A programação vai até o dia 19 de setembro.
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