PETRÓPOLIS. O novo
levantamento conduzido pelo Observatório de Saúde na Infância, Observa Infância
do Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis
(UNIFASE/FMP), em parceria com a Fiocruz, revelou uma importante retomada na
cobertura vacinal para crianças com menos de dois anos no Brasil.
"O estudo teve como foco
a análise de quatro vacinas essenciais: BCG, Pólio, DTP e MMRV. Após anos de
declínio, os resultados indicaram que houve um crescimento na cobertura vacinal
infantil entre 2021 e 2022", destaca a pesquisadora e coordenadora do
Observa Infância da UNIFASE, Patrícia Boccolini.
Publicado em artigo na
National Library of Medicine, o conjunto geral de dados abrangeu 1.344.480.329
de doses de 28 vacinas para proteção contra 15 doenças. Além disso, incluiu as
contagens de estimativas das populações-alvo e os indicadores de cobertura
vacinal, homogeneidade e taxa de abandono. As informações sobre as regiões do
Brasil também tiveram como base dados oficiais e públicos do Programa Nacional
de Imunizações (PNI), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Ministério da
Saúde (MS). A pesquisa contempla ainda informações utilizadas no VAX*SIM,
estudo que cruza grandes bases de dados para investigar o papel das mídias
sociais, do Programa Bolsa Família e do acesso à Atenção Primária em Saúde na
cobertura vacinal em crianças menores de cinco anos.
No que se refere a BCG (vacina
que previne contra a tuberculose), a cobertura no Brasil teve um aumento de
19,7 pontos percentuais, atingindo 99,5% em 2022, sendo o único imunizante que
alcançou a cobertura vacinal mínima necessária. A região Norte do país mostrou
o maior crescimento, enquanto a Sudeste teve a menor cobertura com 92,7%.
Em relação à vacina DTP
(tríplice bacteriana contra difteria, tétano e coqueluche) para crianças com
menos de 1 ano, a cobertura cresceu 9,1 pontos percentuais, chegando a 85,5% em
2022. As regiões Norte e Nordeste lideraram o crescimento, porém nenhuma região
alcançou a meta de 95% de cobertura vacinal. A cobertura da dose de reforço da
DTP aumentou 2,9 pontos percentuais, chegando a 68,9% em 2022. A região Sul
liderou em cobertura, enquanto a Norte apresentou o menor índice.
Já a cobertura para três doses
da vacina contra a poliomielite cresceu 19,7 pontos percentuais, atingindo
85,3% em 2022. Norte e Nordeste mostraram os maiores incrementos. A cobertura
do reforço da vacina contra a doença cresceu 6,3 pontos percentuais, alcançando
69,7% em 2022. O Nordeste mostrou o maior aumento, alcançando 67,9% de
cobertura.
Por fim, a cobertura para a
vacina combinada MMRV (contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela) cresceu 3,5
pontos percentuais, chegando a 59,6% em 2022. A região Sul liderou em
cobertura, mas a Nordeste se destacou com um crescimento expressivo, atingindo
55,7%. Embora ainda entre as regiões com menores coberturas, a região Nordeste
mostrou a melhor retomada vacinal.
As evidências científicas
trabalhadas são resultado de investigações desenvolvidas pelos pesquisadores
Patrícia e Cristiano Boccolini no âmbito do Instituto de Comunicação e
Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e do Centro Universitário
Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis (UNIFASE/FMP), com
recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e da Fundação Bill e Melinda Gates.
"A cobertura vacinal é
essencial para a prevenção de doenças infecciosas, refletindo a eficiência dos
sistemas de saúde e das políticas públicas. Por isso, os responsáveis precisam
estar atentos à caderneta de vacinação das crianças", finaliza a
pesquisadora Patrícia Boccolini.
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