PETRÓPOLIS - Como parte de uma
política de reparação, o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro,
foi instituído oficialmente pela lei nº 12.519. A data, faz referência à morte
de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, situado entre os estados de Alagoas e
Pernambuco, na região Nordeste do Brasil.
Mesmo com a criação da data e
políticas voltadas para este reparo histórico, o Brasil está entre os países
mais racistas do mundo. Os registros de racismo cresceram mais de 50% no Brasil
em 2022, em comparação com o ano anterior, segundo dados do Anuário Brasileiro
de Segurança Pública, divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública
(FBSP).
Tamiris Melo, professora de
direito da Estácio, destaca que expressões racistas ainda permeiam diversas
esferas do cotidiano, desde discursos comuns até a presença na mídia e em
instituições. Identificar e compreender essas expressões tornam-se cruciais para
um enfrentamento eficaz. “A necessidade de utilizar o Dia da Consciência Negra
como um momento de reflexão coletiva, não apenas para relembrar as lutas do
passado, mas também para analisar criticamente o presente, construir um futuro
mais inclusivo”, enfatiza.
A docente comenta que alguns
termos e expressões da sociedade carregam falas racistas e precisam ser
abolidas ou substituídas do vocabulário. “Expressões como ‘mulata’, ‘não sou
tuas negras’, ‘nasceu com um pé na cozinha’, ‘amanhã é dia de branco’,
‘denegrir’, ‘inveja branca’, ‘a coisa tá preta’, ‘meia tigela’, ‘doméstica’,
‘nhaca’, ‘criado-mudo’ e tantas outras expressões precisam sair do nosso
vocabulário. A fala também pode ser uma ferramenta importante para o combate
contra o racismo”, explica.
Dentro desse contexto, a
professora destaca algumas soluções essenciais. “Primeiramente, a implementação
de uma educação antirracista desde cedo, promovendo a compreensão da
diversidade e a desconstrução de estereótipos. O empoderamento e a representatividade
negra em todos os setores da sociedade também são cruciais, desde a mídia até o
mercado de trabalho e a política”, orienta Tamiris.
Além disso, ela enfatiza a
importância de promover um diálogo aberto sobre o racismo, incentivando a
conscientização e o combate às expressões racistas, tanto individuais quanto
coletivamente. “É necessário ter políticas públicas efetivas que abordem as
desigualdades raciais, evoluindo para uma sociedade mais justa e igualitária”,
destaca.
O Dia da Consciência Negra, segundo
Tamiris, torna-se não apenas um dia de reflexão, mas uma oportunidade para
contribuir ativamente na desconstrução de expressões racistas e na construção
de uma sociedade verdadeiramente inclusiva e justa.
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