PETRÓPOLIS- A população de Petrópolis ainda se ressente das tragédias de fevereiro e março de 2022.  As mudanças climáticas são uma realidade cada vez mais evidente.  Se por uma lado é urgente realizar obras de reparo e de mitigação, por outro, também é preciso promover adaptações estruturantes que tornem a vida na cidade mais segura.


O contexto socioambiental de uso e ocupação do território no município de Petrópolis, principalmente no primeiro distrito, acentua drasticamente as consequências dos eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes. A nova realidade climática exige das autoridades a adoção de medidas que preparem a cidade para enfrentar momentos difíceis que, infelizmente e certamente, se repetirão.


Uma das medidas estruturais mais importantes é promover oportunidades de formação adequada à população sobre o tema, combatendo a desinformação que circula pelas redes sociais com políticas públicas de educação em espaços formais e não formais.  A resiliência necessária à cidade depende, primordialmente, da capacidade de as pessoas reagirem diante das situações de crise e de emergência.


A implementação de um Programa Permanente de Educação Ambiental para Adaptação Climática é fundamental para mitigar as consequências dos eventos climáticos extremos que enfrentamos e continuaremos a enfrentar.  Esse programa deve ser orientado pela interação com o território da cidade, priorizando, sobretudo, as comunidades mais vulneráveis. Ao mesmo tempo, deve valorizar o saber acadêmico, criando parcerias com universidades e institutos de pesquisa, buscando desenvolver e aprimorar técnicas e abordagens que sejam mais adequadas à realidade municipal.


Para sediar o Programa Permanente de Educação Ambiental para Adaptação Climática não há lugar melhor na cidade do que o Parque da Ipiranga. Criado pelo Decreto nº 471, de 15 de maio de 2007, o local possui 16,7 hectares de Mata Atlântica. A lei que estabelece sua criação já prevê sua utilização como espaço de educação ambiental. O novo código ambiental aprovado na 5ª Conferência Municipal de Meio Ambiente, realizada em setembro deste ano, também estabelece as atribuições do Centro de Educação Ambiental que será instalado no Parque Natural Municipal Padre Quinha.


Com resquício de um bioma altamente ameaçado, pertencente ao Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense, localizado em uma região central na maior cidade da Região Serrana, a poucos metros de um dos museus mais visitado do país e amparado por lei municipal vigente: o Parque Natural Municipal reúne características suficientes para se tornar o mais relevante espaço de Educação Ambiental do estado do Rio de Janeiro.


Defender e garantir investimentos neste espaço e na implementação do programa permanente de Educação Ambiental e Climática é ponto de partida para uma conquista social imensurável.  Com potencial para serviços ambientais, culturais e educacionais incalculáveis em níveis econômicos, este projeto ajudará a construir a Petrópolis do futuro, muito mais segura e sustentável.


Um Centro de Educação Ambiental localizado no Parque Natural Padre Quinha poderá colaborar para a formulação e implementação de políticas públicas que ampliem a consciência ambiental, o desenvolvimento sustentável e a resiliência das comunidades frente aos desastres socioambientais. A seguir uma breve lista de possíveis atividades que poderiam estar disponíveis neste equipamento público.


Michel Pinto, professor e educador ambiental



I-Promover permanentemente atividades de educação ambiental, com especial ênfase nas consequências das mudanças climáticas, por meio das diferentes estratégias e formas de linguagem.


II-Manter um programa permanente de visitação escolar, capaz de atender nas dependências de sua sede, as especificidades educacionais dos diversos níveis da educação básica.


III-Atuar junto às comunidades, sobretudo as mais vulneráveis aos eventos climáticos extremos, para promover educação ambiental de base comunitária e reduzir os efeitos do racismo ambiental.


IV-Elaborar e executar um amplo Programa de Formação Básica em Meio Ambiente direcionado a todos os servidores municipais da administração direta e indireta.


V-Propor, integrar e coordenar programas interdisciplinares e transversais para potencializar práticas e políticas públicas que contribuam para sustentabilidade em todas as instâncias do município.


VI-Estabelecer parcerias com universidades, centros de ensino superior e instituições de pesquisa para desenvolver programas de formação inicial e continuada de docentes.


VII- Criar oportunidades para desenvolvimento de trabalhos científicos que visem aprimorar a educação ambiental e as técnicas de proteção e adaptação socioambiental, tornando-as mais adequadas ao município de Petrópolis.


VIII - Organizar eventos para compartilhar, divulgar e valorizar práticas de educação ambiental.


VIII–Manter uma agenda de atividades culturais e educacionais para atendimento ao visitante doméstico e ao turismo pedagógico.


IX – Promover o turismo de aventura, o ecoturismo e a visitação a pontos de interesse ambiental e turístico localizados em outros distritos do município.


O passado da cidade de Petrópolis é uma herança extraordinária.  Enquanto o seu futuro aguarda para ser escrito, que tenhamos responsabilidade com o presente.

 

(*) Michel Pinto é professor, educador ambiental, membro do conselho municipal de meio ambiente e mestrando em ensino de biologia.

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