PETRÓPOLIS - Um conceito que
vai além do simples papel de provedor financeiro, a Paternidade Ativa destaca
uma abordagem mais envolvente e participativa por parte dos homens na criação e
na educação dos filhos. A prática, que provoca reflexão sobre as questões de
gênero e busca promover uma dinâmica familiar mais equitativa e enriquecedora,
é tema de projeto de Iniciação Científica desenvolvido dentro do Grupo de
Estudo e Pesquisa em Enfermagem do Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto
(UNIFASE), que foi selecionado pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à
Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).
Professora da UNIFASE e orientadora do projeto, a enfermeira Natália Duarte
explica que a pesquisa, que é desenvolvida por alunos do 8º período do curso de
Enfermagem, visa contribuir com a sociedade buscando estratégias para a
promoção de uma paternidade ativa, através do reconhecimento dos saberes
sociais e valorização das práticas sociais. “As bolsas de pesquisa são fundamentais
para o desenvolvimento de ações voltadas às demandas sociais, pois a pesquisa
só existe para atender às necessidades de uma sociedade, potencializando o que
já existe e criando formas de lidar com diversos dilemas”, destaca, lembrando
que o projeto Paternidade Ativa busca desconstruir os estereótipos
relacionados aos gêneros, apontando as responsabilidades e habilidades que os
pais têm a oferecer no desenvolvimento emocional, educacional e social dos
filhos.
Aluno do curso de Enfermagem
da UNIFASE, Fábio Pamplona Marcolino, que foi contemplado pela bolsa da
FAPERJ em função da pesquisa, diz que o tema surgiu em sala de aula. “Me
senti incomodado com falas de colegas que apontavam que, na criação dos filhos,
as mulheres eram prejudicadas porque ficavam com o trabalho mais pesado,
enquanto aos homens restava a parte boa do processo. Discordei porque sou pai e
sempre participei ativamente da vida da minha filha desde o início”, detalhou,
lembrando que o grupo de trabalho é formado, ainda, pelas estudantes Anna
Villela de Paula e Laura Schmitt Oliveira.
“A pesquisa tem sido uma
ferramenta de reconstrução da minha visão sobre os cuidados nesse período da
vida, me auxiliando a perceber melhor as necessidades e dificuldades que as
pessoas têm no momento da gestação, parto e puerpério. O projeto mudou minha
visão de que o pai era apenas um figurante, já que encontramos muitos homens
extremamente ativos e participativos, que abraçam o momento e realmente estão
ao lado da parceira durante todas as etapas. Venho quebrando muitos
preconceitos que tinha sobre o que é ser pai e criar essa perspectiva tem sido
muito gratificante”, comenta Anna Villela.
A aluna Laura Schmitt Oliveira explica que, nos campos de estágio, uma coisa
que a intrigou foi perceber a ausência da presença paterna na sala de parto.
“Nossa pesquisa é uma ferramenta crucial para alertar tanto os profissionais de
saúde quanto os pais em busca de informações, para que sejam auxiliados neste
período tão especial da vida”, salienta.
Os desafios enfrentados pelos
pais, como pressões sociais e profissionais, também ficam em evidência na
pesquisa. Por outro lado, há ênfase no apoio crescente de empresas modernas com
políticas de licença parental e flexibilidade no trabalho que precisam ser
adotadas por todos os empresários. “É certo que a Paternidade Ativa não é
apenas uma mudança comportamental, mas uma transformação de mentalidade que
beneficia toda a sociedade, contribuindo para famílias saudáveis e uma geração
equilibrada”, destaca o estudante Fábio Pamplona.
Coordenadora de Pesquisa da
UNIFASE, a professora Ana Maria Rodrigues dos Santos lembra que a UNIFASE/FMP
oportuniza aos estudantes o contato com a pesquisa e possibilita a interação
dos alunos com docentes nos diferentes cenários e áreas de pesquisa da
instituição.
“Também contribui para o
desenvolvimento do pensamento reflexivo e científico, estimula a formação de
massa crítica capaz de elaborar questões relevantes para avaliação de práticas
nas diferentes áreas do conhecimento e salienta a discussão de temas relevantes
como a ética e a integridade em pesquisa, despertando vocações acadêmicas”,
finaliza.
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