Programa realizou três pesquisas na cidade
PETRÓPOLIS - Alimentar um
observatório de dados de diversas áreas de interesse da sociedade
petropolitana. Este é o objetivo do Programa Cefet Observa Petrópolis (COP),
coordenado pelo professor Rafael Ferrara, da unidade Petrópolis do Cefet/RJ.
Desde o início de 2023, o programa realizou três pesquisas na cidade: sobre a
tragédia de fevereiro de 2022; sobre o sistema de ônibus de Petrópolis; e sobre
o mercado farmacêutico do centro do município.
O professor Rafael explicou
que o programa COP era um embrião enquanto parte de uma disciplina do curso de
Administração do Cefet/RJ (unidade Maracanã), onde atuava. “Com a minha vinda para
o Cefet/RJ Petrópolis, notei que existia uma demanda de algo do tipo na cidade
e resolvi dar um passo a mais, criando oficialmente um observatório”, declarou.
O programa então reúne
projetos de pesquisa, nos quais alunos dos cursos de Licenciatura em Física e
Licenciatura em Matemática do Cefet/RJ Petrópolis foram responsáveis pela
coleta, tratamento e armazenamento de dados estatísticos relacionados à cidade.
Rafael ressaltou a importância dos estudos para Petrópolis e seus diversos
agentes: “a mídia se interessa para ampliar o debate e colocar luz sobre o
assunto. Os governantes passam a ter acesso à opinião de seus contribuintes
através de um processo isento e imparcial. Já para a população, a pesquisa dá
amplitude à voz dela”.
A aluna do 6º período de
Licenciatura em Física, Ana Carolina Barroso, atua como voluntária do programa
desde setembro de 2023. Ela trabalhou
sobretudo na pesquisa sobre o sistema de ônibus e destacou como foi importante
enfrentar a sua timidez e ir para campo entrevistar as pessoas. “Participar do
programa me fez entender mais a fundo como uma pesquisa funciona, a parte dos
bastidores, e também me ajudou com relação interpessoal mesmo”, ressaltou.
Também atuaram no programa os alunos Jônatas Coelho, Jonas de Abreu, Rayan Wilbert
e Raul Milagres.
Professor responsável pelo Programa - Rafael Ferrara |
Conheça melhor os projetos do
Programa COP:
Projeto “A tragédia de
fevereiro de 2022”
Em abril e maio, o COP
entrevistou 800 moradores de Petrópolis em diversos pontos da cidade. O projeto “A tragédia de fevereiro de 2022”
verificou que 48,8% dos entrevistados foram diretamente afetados pelo temporal
em 15 de fevereiro daquele ano e que 66,63% tiveram dificuldade de voltar para
casa.
A pesquisa também mostrou que dois terços dos
respondentes disseram que costumam ter o seu retorno à residência afetado
quando chove no município. De acordo com o relatório do estudo, esse resultado
é grave, uma vez que indica um problema crônico em Petrópolis. “Isto é, não é
necessário um temporal fora da média para afetar a vida das pessoas da cidade
no retorno ao lar, horário que normalmente tem-se as chuvas mais intensas”,
afirma.
Outro dado relevante apontado
pela pesquisa é que 39,80% dos entrevistados pensa em se mudar do local onde
mora. Entre os entrevistados que moram em áreas atingidas pelas chuvas de 2022,
esse número sobe para 66%.
Projeto “O sistema de ônibus de Petrópolis”
Em novembro de 2023, o
Programa COP entrevistou 600 pessoas com o objetivo de identificar a percepção
da população em relação ao serviço de ônibus da cidade e, assim, auxiliar
entidades municipais e privadas na melhoria do serviço.
Segundo o relatório do
projeto, a frota de ônibus do município nunca voltou à quantidade anterior à
pandemia, quando foi reduzida, e a reclamação mais recorrente da população era
justamente a falta de veículos nas ruas. Além disso, no início de 2023, um incêndio
na garagem compartilhada de duas companhias prestadoras do serviço destruiu 78
ônibus, o que também afetou o número de veículos disponíveis para uso.
Os resultados da pesquisa
comprovaram, então, que os petropolitanos têm uma percepção ruim do serviço
prestado. Para se ter uma ideia, aproximadamente 44% dos entrevistados
consideram que viajam em ônibus “sempre cheios” e cerca de 48% consideram
viajar em ônibus “esporadicamente cheios”. Além disso, 78% dos respondentes não
consideram o valor da tarifa justa. A pesquisa também avaliou a conservação dos
veículos, a pontualidade e as interrupções do serviço. Na pergunta final, a
pesquisa solicitou aos entrevistados que atribuíssem uma nota para todo o
serviço de ônibus prestado na cidade. O resultado apontou a insatisfação: a
média geral foi 4,6.
O mercado farmacêutico de Petrópolis
Em novembro, o Programa COP
também realizou uma pesquisa sobre o vasto mercado farmacêutico do centro de
Petrópolis, buscando identificar se a grande quantidade de farmácias fornece ou
não uma vantagem econômica aos moradores da região. O estudo reuniu dados de
trinta estabelecimentos e verificou preços de diversos medicamentos relacionados
a condições como hipertensão, diabetes, colesterol, entre outros.
Os resultados mostraram que,
entre os oito medicamentos pesquisados, a Valsartana (para hipertensão) foi a
que apresentou a maior variação financeira (R$ 46,91). Já em variação
percentual, o maior resultado ficou para o antibiótico Amoxilina (400,6%). A pesquisa concluiu que “a população precisa
desenvolver o hábito de pesquisar o preço de medicamentos, especialmente os de
uso contínuo. As diferenças que vão de o dobro do preço até quatro vezes o
preço mostram o quanto negligenciar a livre concorrência pode pesar no orçamento”.
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