Dr. Daniel Przybvsz |
PETRÓPOLIS - Março chegou e
com ele são intensificadas as ações de prevenção ao Câncer do Colo do Útero,
causado pelo papilomavírus humano (HPV). As ações de conscientização se
intensificam ao longo desse mês com as campanhas do Março Lilás, no entanto, as
medidas de prevenção contra a doença, que em 2023 teve a incidência de 17.010
novos casos, devem ser permanentes. De acordo com o Ministério da Saúde, esse
total de registros estimado no ano passado representa um risco considerado de
13,25 casos a cada 100 mil mulheres. O diagnóstico precoce e a agilidade ao
iniciar o tratamento são medidas fundamentais para a recuperação dos pacientes
e o combate à mortalidade.
O médico rádio-oncologista,
Daniel Przybysz, da RadioSerra Radioterapia em Petrópolis, que é referência no
tratamento do câncer na região, chama a atenção para medidas acessíveis a todos
na rede pública de saúde, que são essenciais para a prevenção. “A vacina do HPV
foi recentemente incluída no calendário do SUS. Ela é oferecida e produzida
pelo Instituto Butantan, em São Paulo, e protege contra os quatro tipos mais
comuns das cepas do vírus: os tipos 6 e 11, considerados de baixo risco, que
são as verrugas e os tipos 16 e 18, que são os de alto risco, causando o câncer
de colo uterino em sua maior parte, assim como câncer de pênis, de canal anal e
o oral”, enfatizou o médico, explicando que a vacinação disponibilizada pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) compreende duas doses, com o intervalo de seis
meses, sendo indicada para crianças e adolescentes, do sexo feminino e
masculino, com idade entre 9 e 14 anos, que é o período de maior eficácia para
a imunização.
De acordo com o Instituto
Nacional de Câncer (INCA) a vacinação também é indicada para mulheres e homens
de 15 a 45 anos que tenham diagnóstico de HIV ou Aids, transplantados de órgãos
sólidos ou medula óssea, pacientes oncológicos, imunossuprimidos por doenças
e/ou tratamento com drogas imunossupressoras e vítimas de violência sexual. O
Instituto reforça que esses grupos são mais suscetíveis a infecções
persistentes pelo HPV e têm um risco elevado de desenvolver câncer e outras
complicações associadas ao vírus.
O recente boletim do
Ministério da Saúde, edição de 2023, aponta que no Brasil o câncer do colo do
útero é o terceiro tipo de câncer que mais afeta as mulheres, após o de mama e
do colorretal, sendo um dos que possui alta taxa de mortalidade. A vacina
contra o HPV foi introduzida no calendário do SUS, em 2014 e é uma das
principais medidas de prevenção. “É importante falar que hoje, o grande negócio
da busca ativa pelo câncer de colo de útero é o exame preventivo feito em
consultórios ginecológicos, oferecido tanto no sistema particular, quanto no
SUS, como Atenção à Saúde Básica. É um exame simples e muito eficiente. Vale
lembrar que existe um programa de saúde pública, justamente pela importância do
diagnóstico precoce em relação à incidência, que é maior em países
subdesenvolvidos, sendo mais comum na Ásia, África e América do Sul”, destaca Daniel
Przybysz.
O HPV é um vírus que causa
infecções sexualmente transmissíveis, não só em mulheres, mas também em homens.
Associados ao HPV, há diferentes tipos de vírus. O instituto Lado a Lado pela
Vida, que atua com campanhas de conscientização, alerta que “ao longo das
últimas décadas, o HPV se tornou um grande problema de saúde pública”. Os tipos
de HPV provocam cânceres de vulva e vagina nas mulheres, de pênis nos homens e,
em ambos os sexos, tumores no ânus, orofaringe e boca.
O exame citopatológio
(Papanicolau) é um dos meios mais eficazes de rastreamento das lesões
provocadas pelo vírus, acessível pelos serviços de saúde da rede pública, no
entanto, a menor parte dos diagnósticos é identificada em estágio inicial, o
que facilitaria a recuperação. “Mais de 70% dos casos são diagnosticados em
estágios já com indicação de quimioterapia e radioterapia, a serem realizados
juntos, seguidos da braquiterapia vaginal”, alerta Daniel Przybysz, ressaltando
que atualmente o sistema ainda é falho na oferta desses tratamentos, tendo o
paciente que enfrentar filas de espera e falta vagas para a realização da braquiterapia.
“Existem dados que mostram que para cada semana de atraso existe uma queda de
1% na taxa de cura, o que impacta na sobrevida dos pacientes”, complementa.
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