PETRÓPOLIS - O Fórum Itaboraí/
Fiocruz Petrópolis sediou entre os dias 3 e 7 deste mês de junho a primeira
etapa do Projeto Multicêntrico, uma iniciativa que objetiva a aplicação da
Tecnologia Social para reduzir desigualdades sociais como determinante das
iniquidades em saúde em territórios vulneráveis da América Latina.
Representantes de cinco países participaram do treinamento, sendo Argentina, El
Salvador, México e Paraguai, de forma presencial, e Colômbia, on-line.
Esta primeira etapa do projeto
Multicêntrico incluiu a fase de apresentação teórica sobre conceitos como
Determinação Social da Saúde, desigualdades sociais e iniquidades em Saúde,
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2030 e Atenção
primária em Saúde e intersetorialidade. Também foram apresentados os conceitos
e ferramentas de Tecnologia social, como Diagnóstico Rápido Participativo e
Cartografia Participativa.
A segunda fase do treinamento
englobou a visita prática, com aplicação das ferramentas no Alto Independência,
um dos territórios vulneráveis de Petrópolis. Participaram das ações,
integrantes da equipe do Fórum Itaboraí, dos Institutos de Saúde Pública e pesquisa
da América Latina, da Estratégia de Saúde da Família e do Centro de Referência
da Assistência Social do município.
A última fase desta primeira
etapa contou com a avaliação e debate das visitas realizadas, além da
apresentação dos territórios nos países onde devem ser implementadas as
metodologias de Tecnologia Social: Argentina, El Salvador, México e Paraguai. O
próximo passo do Projeto Multicêntrico será a visita de integrantes da equipe
do Fórum Itaboraí a estes territórios com a finalidade de avaliar o
desenvolvimento dos projetos, analisar eventuais dificuldades e desafios e
propor, se necessário, ajustes aos procedimentos implementados.
Na visão do diretor do Fórum
Itaborai, Felix Rosenberg, a implementação do projeto constitui uma marca
histórica para o caminho iniciado com a parceria da Prefeitura de Petrópolis na
procura de soluções práticas e concretas para diminuir as grandes desigualdades
sociais que caracterizam as adversas condições de saúde de populações social e
economicamente fragilizadas. A iniciativa, que contou com decisivo apoio
internacional, superou, na sua primeira etapa, todas as nossas expectativas
considerando o extraordinário apoio das instituições e comunidades locais,
incluindo a Equipe de Saúde da Familia, CRAS e escolas locais e o entusiasmo e
dedicação demonstrados pelos participantes do projeto.
Representante da Faculdade
Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) do Paraguai, Patrícia Lima disse
que pôde perceber que a partir do contato com a comunidade e o uso das ferramentas
de Tecnologia Social, os moradores reconhecem quais são seus direitos e que
devem reivindicá-los e tê-los porque merecem. Ao realizar e ter a experiência,
percebi que não é apenas um diagnóstico que fazemos, mas sim que validamos o
conhecimento da comunidade, suas necessidades, participamos do processo em que
ela reconhece suas potencialidades e ajudamos a validar esses processos
negativos que talvez estejam ocorrendo, destaca.
Para ela, o DRP e a
Cartografia Participativa se mostraram como instrumentos importantes. Nos
destacamos comparando-nos com o Paraguai, [implantar essas metodologias] seria
acender uma faísca na comunidade com a qual vamos trabalhar sobre o que está
acontecendo, o que podemos fazer a respeito, o que podemos fazer para melhorar
a partir do nosso lugar. Espero que possamos replicar pelo menos 10% do que
aprendemos aqui no Paraguai, ressaltou Patrícia.
Sobre o projeto
O projeto multicêntrico surgiu
a partir de um consenso estabelecido em seminários e reuniões internacionais de
Institutos Nacionais de Saúde Pública sobre a necessidade de ação efetiva para
reduzir desigualdades sociais e iniquidades em saúde. A ideia foi consolidada
durante o Seminário Internacional da Associação Internacional de Institutos
Nacionais de Saúde Pública (IANPHI), realizado em agosto de 2023, em
Petrópolis. Na ocasião, estiveram presentes diretores e representantes dos
Institutos Nacionais de Saúde de vários países latino-americanos, além de
outras organizações internacionais.
Acompanhando as políticas de
promoção de saúde da Fiocruz e inspirado na Conferência Mundial sobre
Determinantes de Saúde de 2011 e nas declarações da IANPHI, o projeto tomou
forma com base na experiência do Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na
Saúde, da Fiocruz, que desenvolveu ferramentas de Tecnologia Social para
diagnosticar e intervir em territórios com alta fragilidade social em
Petrópolis.
Postar um comentário
Gostou da matéria? Deixe seu comentário ou sugestão.