O documentário "Ainda me Lembro do Meu Brejal", que está em fase de gravação, já conta com 180 horas de material registrado. Com duração aproximada de 40 minutos, a previsão é de que as gravações do média-metragem sejam finalizadas neste mês de julho. No documentário, histórias de famílias do Brejal, área rural de Petrópolis, ganham vida e garantem o registro da memória de uma região ameaçada pelo apagamento causado pelo desenvolvimento urbano.
O projeto visa documentar conversas vividas pelos descendentes diretos de famílias raízes, personagens marcantes da cartografia do lugar, com o potencial de reacender festas e crenças populares. As narrativas desta comunidade são destacadas como patrimônio da cidade de Petrópolis, conhecida apenas pela alta produtividade de hortaliças.
O projeto original do
documentário envolve dez famílias compostas por moradores que chegaram ao local
no início do século 19. Porém, segundo a diretora e roteirista, Paula Maracajá,
o número de entrevistados aumenta a cada semana, pois são muitos os que querem
resgatar suas versões e histórias que ainda não foram passadas adiante. Paula
conta que são famílias inteiras que plantaram, colheram, preservaram suas
lendas, guardaram crenças, cantaram rezas e mantiveram as festas religiosas até
o século passado.
Os núcleos familiares do Centro do Brejal assistiram de suas janelas o jornal Pisquim. A reapropriação da área esquecida pelo Estado é contada pela família Bastos, os tetranetos do primeiro agricultor português que chegou ao Brejal em meados de 1850. Nos Albertos, a família Yamamoto, primeira leva de imigrantes japoneses de Petrópolis, conta como recomeçaram suas vidas no Brejal. E a região do Jurity tem relatos que se aprofundam a cada dia de visita e filmagem.
Paula relata que as visitas técnicas a essas famílias têm trazido novas e outras versões da história. “São memórias de uma comunidade muito bonita, preocupada com as boas relações e afetos. Os moradores ainda acreditam muito nas grandes coisas do Brejal. São muito saudosos. Alguns falam 'acabou tudo' e têm um lamento, mas há uma esperança também. Há uma história de herdeiros de patrimônios culturais, de um cotidiano de vizinhanças, amorosidades e parentescos”, relata a diretora do documentário.
Após a fase de gravações, que
envolve o trabalho de até quatro profissionais, será iniciada a próxima etapa,
que será a edição do material coletado. O projeto "Ainda me Lembro do Meu
Brejal” foi contemplado no Edital de Produções Audiovisuais (Chamada Pública
02/2023) realizado pela Prefeitura de Petrópolis, por meio do Instituto Municipal
de Cultura, com recursos do Governo Federal através da Lei Complementar nº
195/2022 - Lei Paulo Gustavo.
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