O uso da Inteligência
artificial já é uma realidade na nossa sociedade, e na área médica essa nova
tecnologia traz benefícios no processamento e interpretação de dados, além de
auxiliar o acesso do paciente a informações sobre o diagnóstico, o tratamento e
a prevenção de doenças. Unindo inovação e estudo, um grupo de pesquisadores
composto pelos professores Afonso Fonseca e Fabrício Soares, do Instituto de
Informática da Universidade Federal de Goiás, pela doutora Poliana Parreira e o
professor Marcelo Rabahi, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
Goiás, pelo doutor Marcus B. Conte, professor e pesquisador da Faculdade de
Medicina de Petrópolis (FMP), desenvolveu uma ferramenta de inteligência
artificial, chamada de XmarTB, que analisa radiografias de tórax para detecção
precoce da tuberculose pulmonar.
"Esse trabalho fez parte
de uma dissertação de Mestrado, e teve dois artigos publicados, um na revista
Intelligent Systems with Applications e outro no The International Journal of
Tuberculosis and Lung Disease (IJTLD). Os objetivos destes trabalhos foram
validar o algoritmo e sua utilização para o diagnóstico radiológico de
tuberculose pulmonar em uma amostra controlada, composta de 8.976 imagens de
radiografias de tórax com alterações compatíveis com diferentes doenças
respiratórias, incluindo 630 casos de tuberculose pulmonar ativa em diferentes
estágios de gravidade, extraídas de um banco de imagens público. O rendimento
do XmarTB foi excelente, com acurácia de 99%", destaca o professor da FMP,
Marcus Conte.
A tuberculose pulmonar é uma
doença grave e contagiosa que mata mais de um milhão de pessoas anualmente no
mundo todo, representando um verdadeiro problema de saúde pública. A despeito
dos testes de diagnóstico disponíveis e do tratamento eficaz e distribuído
gratuitamente na rede pública de saúde, é a segunda doença infecciosa que mais
mata no mundo, atingindo, sobretudo, populações mais vulneráveis. O princípio
básico para sua erradicação é o diagnóstico precoce, com o tratamento sendo
iniciado rapidamente a fim de prevenir o contágio dos contatos próximos do
doente e interromper a cadeia de transmissão. Assim, essa nova tecnologia vai
trazer uma alternativa acessível e de baixo custo para atender às necessidades
das populações que dependem de ações e serviços públicos.
"São necessárias algumas
validações de um teste diagnóstico até que seja implementada a sua utilização
de forma generalizada. Já passamos por duas etapas. Nosso objetivo é avaliar o
XmarTB em condições pragmáticas, em uma população de elevado risco de doença,
comparando seus resultados com a cultura de escarro para Mycobacterium tuberculosis,
que é padrão ouro para diagnóstico da tuberculose. Caso, os resultados se
confirmem, o XmarTB poderá ser incorporado ao arsenal diagnóstico já existente
para avaliação de grandes populações, poupando tempo e recursos", explica
o doutor.
O professor Marcus Conte
destacou ainda que um estudo recentemente publicado no Jornal Brasileiro de
Pneumologia analisando a tendência temporal dos indicadores de cura da
tuberculose no Brasil entre 2001 e 2022, mostrou uma diminuição das taxas de
cura da tuberculose. Estes resultados que, segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS). divergem da tendência mundial de aumento das taxas de cura,
ressaltam ainda mais a importância de novos testes que possam diagnosticar
precocemente a tuberculose em nosso país.
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