As apostas e jogos online podem ser uma forma de entretenimento para os consumidores, mas para muitos, eles representam uma potencial armadilha financeira se não forem utilizados com cuidado. Segundo levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, que acaba de ser divulgada, os brasileiros movimentam aproximadamente R$ 6 bilhões por mês com apostas e jogos online. O estudo revela que mais de 40 milhões de consumidores fizeram algum tipo de aposta ou jogo no último ano. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Petrópolis, associada à CNDL, soma ao dado outro índice alarmante: quatro em cada dez brasileiros adultos (41,79%) estavam negativados em maio de 2024, o que representa 68,76 milhões de consumidores.


Cláudio Mohammad, presidente da CDL Petrópolis, alerta para os riscos associados ao crescimento desse tipo de atividade e que podem se tornar um caso de saúde pública: "Muitas pessoas perdem o controle dos gastos, impactando diretamente o orçamento familiar. Em um cenário de alta inadimplência, a situação se agrava com o crescente número de apostadores. O hábito dos jogos tem suas consequências negativas, como o endividamento e o comprometimento da saúde mental, qualidade de vida e afeta o núcleo familiar”.


As apostas esportivas são as preferidas dos entrevistados (63%), seguidas pelos slots (27%), roletas (26%), caça-níqueis (20%) e poker (18%). Em média, os apostadores jogam de duas a três vezes por semana (22%), com outros 20% jogando uma vez por semana e 17% uma vez por mês. O gasto médio mensal com jogos e apostas foi de R$ 186, subindo para R$ 267 entre as classes A/B. As formas de pagamento mais utilizadas são o PIX (72%) e o cartão de crédito (18%).


A pesquisa destaca que 46% dos entrevistados abriram mão de algum consumo para realizar apostas, sendo os itens mais sacrificados roupas, sapatos, acessórios (18%), internet (17%), passeios com a família (16%) e alimentação fora de casa ou delivery (16%). Além disso, 15% dos apostadores já deixaram de pagar alguma conta para destinar o dinheiro a jogos ou apostas esportivas, e 18% chegaram a ter seus nomes negativados por essa razão. Atualmente, 10% ainda permanecem negativados.


Cláudio Mohammad, também expressa preocupação com o impacto dessas atividades na economia local: "Os jogos online podem ser um lazer para alguns, mas representam um risco financeiro significativo para outros. Em Petrópolis, temos visto um aumento de consumidores com dificuldades financeiras devido a apostas excessivas. É fundamental que haja conscientização sobre os riscos e que medidas sejam tomadas para proteger os consumidores."


O tempo médio gasto em sites e aplicativos de apostas esportivas ou jogos de azar é de duas horas por sessão. A pesquisa revela ainda que 25% dos apostadores admitem gastar mais do que podem com essas atividades, e 30% afirmam que os jogos e apostas esportivas tiveram algum impacto em suas vidas, como queda de produtividade no trabalho (11%) e endividamento (11%). Problemas como ausência nas responsabilidades familiares (10%) e sinais de vício, como irritação na ausência do jogo (9%), também foram apontados. Vale destacar que 68% dos consumidores não percebem ou não admitem os impactos negativos dos jogos em suas vidas.

 

 

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