O desempenho do comércio no
primeiro semestre de 2024 foi positivo, segundo dados do IBGE. As vendas do
varejo ampliado cresceram 4,3%, e o comércio varejista registrou um avanço de
5,2% em comparação com o mesmo período de 2023. Esses resultados foram impulsionados
pelo aumento da renda média dos brasileiros e pela queda do desemprego, que
retornou aos níveis de 2015. No entanto, essa recuperação econômica pode ser
comprometida pela crescente inadimplência que tem a tendência a aumentar diante
da perspectiva de alta nos juros. Em Petrópolis, a Câmara de Dirigentes
Lojistas aponta que o desempenho local ficou abaixo do resultado nacional. No
entanto, a preocupação com a alta de juros do comércio na cidade vai ao
encontro do que os lojistas em todo o país consideram como entrave ao
crescimento do varejo e com consequências na economia do país.
“Enquanto o comércio colhe
frutos de uma recuperação inicial, ainda que em Petrópolis nossa realidade
fique abaixo dos indicadores apurados no Brasil, a ameaça da alta de juros e do
aumento da inadimplência coloca em risco a sustentabilidade desse crescimento
no segundo semestre de 2024. Em nossa cidade esse quadro é ainda mais
preocupante considerando que não estamos conseguindo acompanhar o ritmo do
país. A inadimplência alta tende a aumentar ainda mais, travando o ciclo
econômico”, afirma o presidente da CDL Petrópolis, Cláudio Mohammad.
Dados da Confederação Nacional
de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil)
revelam que, em julho deste ano, 41,25% dos brasileiros adultos estavam
negativados, o que corresponde a 67,98 milhões de consumidores. Esse número
representa um aumento de 0,38% em relação a julho de 2023, com destaque para a
faixa etária de 30 a 39 anos, onde quase metade dos indivíduos (49,31%) está
inadimplente.
Cada consumidor inadimplente
devia, em média, R$ 4.358,95, com dívidas espalhadas por 2,10 empresas
credoras. A alta inadimplência reflete a deterioração do poder de compra, com
quase 31% dos devedores devendo até R$ 500, e 45% com dívidas de até R$ 1.000.
Em termos anuais, o número de dívidas em atraso cresceu 2,25% em julho de 2024
em comparação ao ano anterior.
Embora o crescimento do PIB e
a queda do desemprego tenham gerado um impulso inicial no comércio, a continuidade
desse ritmo pode ser ameaçada. A incerteza fiscal e a pressão dos indicadores
econômicos globais, especialmente nos EUA, têm levado o Banco Central a
sinalizar uma possível alta da taxa Selic, que já está em 10,5% ao ano. Um
aumento nos juros pode não só restringir o acesso ao crédito, como também
elevar ainda mais a inadimplência, comprometendo o desempenho do comércio e
retardando a recuperação econômica.
“A possível alta da taxa de
juros traz uma preocupação significativa para o comércio de Petrópolis, que já
lida com o desafio do aumento da inadimplência. Esse cenário pode restringir
ainda mais o acesso ao crédito e impactar negativamente o desempenho das
vendas, especialmente no segundo semestre, quando esperamos uma recuperação do
setor," analisa Cláudio Mohammad.
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