A Câmara de Dirigentes
Lojistas de Petrópolis (CDL), na reta final para encerramento do ano, aponta
para obstáculos enfrentados pelo comércio local, impactado pela combinação de
crédito caro, alta inflação e endividamento dos consumidores. No município, o
panorama é ainda mais peculiar por conta da pandemia e enchentes de 2022, duas
situações que desaceleraram o crescimento previsto para o setor. O cenário vem
sendo agravado pela crescente epidemia de jogos de apostas online, que tem
dificultado a recuperação do setor varejista, que já vinha sofrendo com a
retração do consumo.
O presidente da CDL
Petrópolis, Cláudio Mohammad, destaca que, embora existam sinais de melhora
econômica, como aumento na renda e expectativas de inflação controlada para
2024, o setor ainda lida com problemas históricos, como o crédito restrito.
"O crédito continua sendo um dos maiores desafios para o empresário. A
Selic, que chegou a 4,25% ao ano em 2020, hoje está em 11,75%. Isso impacta
diretamente o custo de captação e o investimento no comércio", afirma.
Além do encarecimento do
crédito, a inflação e o endividamento dos consumidores vêm corroendo o poder de
compra da população. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a dívida
pública bruta do Brasil deve saltar de 84,7% do PIB em 2023 para 86,7% em 2024,
com projeções de 89,3% e 90,9% em 2025 e 2026, respectivamente. Esse aumento da
dívida pública reflete no mercado de crédito, encarecendo ainda mais os
empréstimos.
Outro fator que tem
pressionado o comércio é a popularização dos jogos de apostas online, que tem
levado muitos consumidores ao endividamento excessivo. "A epidemia de
jogos online tem contribuído para o aumento da inadimplência. Muitos
consumidores estão comprometendo sua renda com apostas, o que agrava a situação
do comércio, que já enfrenta dificuldades em vender para um público cada vez
mais endividado", aponta Mohammad.
Mesmo diante de um cenário
adverso, há sinais positivos para o comércio varejista brasileiro. O
e-commerce, que movimentou R$ 69,88 bilhões em 2018, fechou 2023 com um
faturamento de R$ 185,7 bilhões, e a expectativa é de que esse número chegue a
R$ 277,81 bilhões até 2028.
Para Mohammad, a adaptação ao
novo comportamento do consumidor é essencial para a sobrevivência do setor,
incluindo uma maior presença no ambiente digital. Uma boa estratégia é alinhar
as operações das lojas físicas e virtuais, proporcionando uma experiência de
compra sem barreiras para o consumidor.
No entanto, a digitalização do
comércio por si só não é suficiente. Segundo Mohammad, as empresas também
precisam ajustar suas operações internas para se tornarem mais competitivas.
"Não basta se reconectar com antigos clientes e conquistar novos. O futuro
do varejo em Petrópolis passa pela capacidade de adaptação das empresas às
novas exigências do mercado, que vão desde a digitalização dos processos até a
gestão financeira e operacional eficiente. O otimismo, embora moderado, se
mantém com base na expectativa de um cenário econômico mais favorável nos
próximos anos. Também é crucial o envolvimento dos agentes públicos na criação
de estrutura e estratégias para aquecimento de todos os setores da economia,
inclusive o comércio varejista”, prega Cláudio Mohammad.
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